Estágios curriculares no Curso de Conservação e Restauro
O estágio curricular no Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis do ICH/UFPEL tem sua fundamentação na concepção pedagógica do curso, articulado aos princípios da lei 11.788/2008, que pontua o estágio obrigatório como “aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma” e o estágio não obrigatório como aquele que é “desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória”. A realização de estágios obrigatórios e não obrigatórios também está baseada nas Resoluções n° 03 e nº 4 de 08 de junho de 2009 da Universidade Federal de Pelotas.
Os alunos do curso podem realizar os dois tipos de estágio, desde que voltados para o exercício da Conservação e do Restauro de Bens Culturais Móveis ou Integrados ou com atividades diretamente relacionadas. A jornada de atividade em estágio deve ser definida de comum acordo entre o Curso, a parte concedente e o aluno estagiário, devendo constar em termo de compromisso específico todo o planejamento das atividades, de acordo com a regulação vigente.
Nestes estágios o aluno irá utilizar o conhecimento adquirido em seus estudos, de forma que possa exercer a atividade de conservador-restaurador de bens culturais e vivenciar a realidade do mundo do trabalho, ainda durante o seu processo de formação. O aluno poderá escolher o lugar onde pretende realizar seu estágio, podendo o mesmo acontecer em organizações públicas, privadas, comunitárias, governamentais ou não governamentais, com ou sem fins lucrativos.
Diversos alunos do Curso têm realizado estágios em empresas e instituições culturais. A estudante Juliana Corrêa Vergara, por exemplo, é estagiária junto a Marsou Engenharia, na restauração do popularmente conhecido “Casarão oito”, um dos exemplares mais significativos do eclétismo arquitetônico da cidade de Pelotas. Juliana relata vários aspectos positivos junto a experiência que está tendo no seu estágio curricular não-obrigatório. Para ela é importante “poder exercer na prática o que aprendemos ao longo do curso, ter acesso ao patrimônio e aos materiais de trabalho, e principalmente, trocar informações com profissionais que já atuam na área de conservação e restauração de estuques e escaiolas há alguns anos no estado do Rio Grande do Sul”. Apesar de reconhecer que a profissão de conservador-restaurador ainda enfrenta resistências e precisa de mais reconhecimento, ela fala que já ocorrem negociações visando a permanência e a efetivação dos estagiários. Juliana também comenta que o ingresso do primeiro estagiário no primeiro semestre de 2011 junto a restauração do “Casarão nº 8” abriu portas para mais cinco estagiários, todos estudantes no curso de Conservação e Restauro, o que “evidencia que estamos cada vez mais conquistando nosso espaço”.
Fabiane Rodrigues Moraes também desenvolveu atividades importantes em seu estágio, neste caso, junto ao Museu Municipal Parque da Baronesa, da cidade de Pelotas. Fabiane relata que trabalhou com a higienização do acervo que está na reserva técnica do museu, efetuando também pequenos restauros, o diagnóstico de peças que devem ser restauradas em projetos maiores, assim como ações voltadas para o controle de agentes biológicos de deterioração. Fabiane vê como positiva a sua experiência: “o aprendizado dentro do museu como um todo foi um exercício muito bom, pois tenho como colegas os estagiários do curso de museologia, e tivemos que aprender a trabalhar juntos ”. Fabiane também observa a importância do estágio, pois melhor prepara o estudante para o competitivo mercado de trabalho.
Eduardo Nobre Medeiros faz parte do grupo de estudantes da primeira turma formada pelo curso de Conservação e Restauro da UFPEL e realizou estágio durante a sua graduação, também junto ao Museu Municipal Parque da Baronesa. Eduardo explica que “todos os cômodos do museu, assim como os objetos, reagem de maneira diferenciada, por influência do clima da temperatura, da umidade, da poluição ou das agressões causadas pelo homem. Pensando nestas variações, é que estiveram centradas nossas atividades durante o estágio, como tentativa de prolongar a vida dos objetos e de minimizar ou estancar o processo de deterioração do acervo e da edificação”. As atividades desenvolvidas por Eduardo estiveram focadas no campo da conservação, entretanto, também foram realizadas algumas intervenções no campo da restauração em alguns objetos.
Consuelo Vaz Robe é outra estudante que relata as suas experiências. Ela realizou estágio curricular não obrigatório junto ao Museu Histórico Farroupilha, na cidade de Piratini. As principais atividades desenvolvidas ao longo do período foram a higienização e a limpeza do acervo, documentação, diagnósticos, pequenos reparos e aplicação de técnicas de conservação do acervo. Consuelo relata que encontrou algumas dificuldades no estágio realizado, decorrentes das escassas verbas necessárias para a compra de materiais adequados para a realização dos procedimentos de conservação que estavam previstos. Porém, ressalta a importância do conhecimento da real situação enfrentada por instituições públicas, e que, através das dificuldades, buscou encontrar soluções e adequar técnicas e materiais para uma correta conservação das obras. Além disso, destaca também a forma gentil como foi acolhida pela instituição.
Os estágios são atividades que ocorrem de forma contínua junto ao curso. É de interesse de professores, estudantes, e das instituições que recebem os estudantes, a realização de estágios bem sucedidos. Nesta perspectiva, o Curso de Conservação e Restauro vê com bons olhos a práticas qualificadas desempenhadas por seus estudantes.
Eduardo Nobre Medeiros
Consuelo Vaz Robe
Fabiane Rodrigues Moraes
Juliana Corrêa Vergara
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