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O estudo dos agentes biológicos de deterioração no Curso de Conservação e Restauro.

 

Em agosto de 2010, o professor do curso de Conservação e Restauro Jaime Mujica e seus alunos, realizaram visitas a Biblioteca de Ciências e Tecnologia da UFPel, localizada no Campus de Capão de Leão, objetivando a consulta de sua documentação. Lá se depararam com uma grande coleção de livros e, também, encontraram exemplares de meados do século XVIII, que apresentavam indícios de ataque recente de Coleópteros (“brocas”).

Preocupados com a possibilidade de perda dos objetos, o grupo somou-se ao pessoal responsável pelo acervo (os bibliotecários Maria Beatriz Vaghetti Vieira e Ubirajara Cruz), o que permitiu a elaboração de algumas frentes de ação, dentre elas, tarefas executáveis dentro da disciplina de “Agentes Biológicos de Deterioração”, ministrada pelo Prof. Jaime Mujica.

Esta disciplina integra o currículo do Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis do ICH/UFPEL e, objetiva, o estudo dos fatores biológicos de degradação dos Bens Culturais.

Iniciado o semestre com a oferta desta disciplina, realizaram-se novas visitas. Os discentes foram enfrentados com os problemas do acervo e, neste momento, o grupo priorizou a análise da coleção de obras de referência, em decorrência da necessidade de conjugar o pouco tempo de trabalho disponível com a importância histórica dos objetos, que eram aqueles que apresentavam os maiores problemas de conservação. Constataram-se a partir de registros e fotografias, diversas patologias decorrentes da atividade de agentes biológicos e ambientais, como, por exemplo, a existência de ootecas de Blattarias (“baratas”), colônias de fungos, adultos de Lepisma saccharina (“traça-de-livro”), adultos e larvas de anobiideos (“brocas”), dentre outros.

O prof. Jaime explica que, por meio das discussões realizadas, verificou-se que o local apresentava boas condições de luminosidade e umidade, porém, a falta de prateleiras suficientes, determinou uma disposição inapropriada dos livros, o que facilitou o ataque das brocas e os demais danos físicos, também observados. A turma voltou ao local e revisou todo o material restante da biblioteca. Foi feita uma limpeza localizada nas prateleiras (onde se encontrou material infestado) e a limpeza das próprias obras comprometidas. O material que apresentou somente evidências de ataques biológicos passados foi higienizado e posteriormente retornou as prateleiras de guarda. Já o material com evidencias de agentes biológicos recentes, foi higienizado e segregado para tratamento posterior, onde cada livro foi embalado em saco plástico, removido para outra sala, e congelado durante duas semanas. Esse foi o método adotado para a sua desinfestação biológica.

Passada estas etapas de identificação e tratamento dos agentes biológicos dos objetos da Biblioteca, as obras mais comprometidas deverão passar por um processo de restauro, objetivo este, que ainda deverá ser acordado entre ambas as partes.

Tendo como exemplo esta disciplina, o prof. Jaime Mujica explica que tem empregado uma metodologia inversa à tradicional: em vez de dar soluções a situações hipotéticas durante as aulas, confronta os alunos com situações problemáticas reais, para que, posteriormente, eles possam buscar soluções para estes problemas observados e naturalmente se direcionem a procurar nas aulas subseqüentes e na bibliografia específica, informações que subsidiem possíveis soluções para os problemas encontrados. Mujica também destaca o engajamento e comprometimento dos alunos envolvidos nos trabalhos e todo o apoio fornecido pelos bibliotecários e demais funcionários da referida Biblioteca.

Alunos junto a biblioteca

Professor Jaime Mujica

Alunos realizaram higienização dos documentos pertencentes ao acervo

Algumas das patologias encontradas nos documentos

Danos encontrados nos documentos.

Publicado em 03/10/2010, na categoria Notícias.