Ensino da Arte na UFPel: as origens do Centro de Artes
No ano de 1969, a Universidade Federal de Pelotas originou-se (instituída em 08/08/1969 por Decreto Lei do Presidente Arthur da Costa e Silva) da fusão da antiga Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul com entidades isoladas de ensino superior, em atividade no Município, como a Faculdade de Agronomia, a Faculdade de Odontologia, a Faculdade de Direito, as faculdades de Ciências Domésticas e de Medicina Veterinária, o Instituto de Sociologia e Política e a Faculdade de Medicina de Pelotas. Além destas, o Conservatório de Música de Pelotas e a Escola de Belas Artes Cármen Trápaga Simões (E.B.A., criada em 1949) passam a ser unidades agregadas à UFPEL, e foram justamente estas duas unidades que deram origem aos cursos do Centro de Artes da UFPEL/RS: a Escola de Belas Artes (EBA) e o Conservatório de Música.
Os cursos de Bacharelado em Música e os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais tiveram sua origem em instituições que antecedem a própria criação da Universidade em 1969. Enquanto os Cursos de Música nasceram no Conservatório de Música, que completa seus 100 anos neste ano de 2018, os Cursos de Artes Visuais tiveram origem na Escola de Belas Artes, que completará 70 anos em 2019.
No caso da Escola de Belas Artes, esta obteve autorização do Governo Federal para funcionamento dos Cursos de Graduação em Pintura, Escultura e Gravura em dezembro de 1955 (Decreto n° 37690). Tais cursos foram reconhecidos pelo decreto nº 48903, de agosto de 1960. Em 1967, com o recebimento de um prédio próprio, a Escola passou a chamar-se Escola de Belas Artes D. Carmen Trápaga Simões (EBA) e, com a criação da Universidade Federal de Pelotas em 1969, tornou-se unidade agregada. O estatuto da UFPel, de 1969, criou cinco Institutos básicos: Instituto de Artes; Instituto de Biologia; Instituto de Ciências Humanas; Instituto de Física e Matemática e Instituto de Química e Geociências.
O conjunto de atividades desenvolvidas pela Escola de Belas Artes (EBA) compreendia o ensino da pintura, modelagem e desenho geométrico através de um Curso Preparatório para Belas Artes, conforme projeto de sua idealizadora Dona Marina de Moraes Pires. Nessa época, os professores atuantes eram aqueles formados pela própria escola, ou pelo curso de Desenho da Universidade Católica de Pelotas, ou ainda, por profissionais de outras áreas com comprovada experiência em Artes. A nomeação desses professores foi decidida pelo Conselho Nacional de Educação, através do Parecer n°. 841, de 5 de novembro de 1969.
Com seu primeiro ingresso por vestibular, o Instituto de Artes da UFPel (IA) passou a funcionar em 12 de abril de 1971, contando com onze docentes nos cursos de Licenciatura em Artes Plásticas e Licenciatura em Música. O primeiro Diretor foi Paulo Assumpção Osório (1971-1977). O Instituto de Artes ocupou com a área de Artes Plásticas uma única sala na Escola de Agronomia, no Campus Universitário Capão do Leão, enquanto a área de Música ficou nas dependências do Conservatório Municipal. Foi realizado convênio entre SEC e UFPEL para que professores do Estado pudessem lecionar na UFPEL como cedidos.
Logo em seguida, no ano de 1972, foi criado, no Instituto de Artes, o Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Os Cursos de Artes Plásticas e de Arquitetura eram organizados por um mesmo departamento, não havendo ainda o Conselho Departamental da unidade. Nos anos 1970, houve um movimento para inclusão da Escola de Belas Artes ao quadro efetivo das Unidades acadêmicas desta instituição. Em meados de 1973 houve a fusão desta Escola com Instituto de Artes da UFPel.
Em ata de 08 de fevereiro de 1973, o Conselho Técnico-administrativo da EBA – cujo presidente era Sr. Jaime Gonçalves Wetzel, vice-presidente Adail Bento Costa, Diretora da EBA, Dona Marina Moraes Pires, vice-diretora da EBA, Profa. Antonina Zulema d’Ávila Paixão – analisa o ofício encaminhado pelo Diretor do Instituto de Artes (IA) da UFPEL, Prof. Paulo Assumpção Osório, e dá andamento ao processo de transferência do patrimônio da unidade agregada (EBA), aprovando a incorporação da Escola à Universidade, com a condição de que os professores e os funcionários fossem transferidos para o quadro da UFPEL e que fosse resguardado o nome de “Dona Carmen Trápaga Simões” na nomenclatura do Instituto de Artes. Em 14 de maio de 1973 ocorre a posse de Paulo Assumpção Osório como diretor do Instituto de Artes, e de Antonina Zulema D’Ávila Paixão, como vice-diretora.
A cerimônia da “passagem da Escola de Belas Artes para o Instituto de Artes da UFPEL” foi em 13 de julho de 1973, conforme os diários de Dona Marina de Moraes Pires. A assinatura da escritura pública doando o prédio e toda a estrutura administrativa e pedagógica da EBA para a UFPEL também foi neste mesmo dia.
O Instituto de Artes incorpora o patrimônio, os professores e funcionários da EBA e passa a denominar-se Instituto de Letras e Artes D. Carmen Trápaga de Moraes (ILA) realizando assim uma união da Escola de Belas Artes (EBA) com o Instituto de Artes (IA).
O Conselho Departamental do ILA passa a funcionar com a definição de seu regimento em 16 de agosto de 1973. O Conservatório de Música de Pelotas permanece como entidade agregada à UFPEL e um representante de sua direção participa das reuniões de Conselho Departamental do ILA até 1983, quando passa a fazer parte da universidade dando origem a mais uma unidade acadêmica.
Em 1979, com a criação do Curso de Letras, vinculado ao Instituto de Artes, este passa a ser designado Instituto de Letras e Artes - ILA. Em 2005, com o desmembramento da Área de Letras, cria-se a Faculdade de Letras, através da portaria no933/2005 do Gabinete do Reitor, em 31 de agosto de 2005. O Instituto de Letras e Artes passa então a denominar-se Instituto de Artes e Design – IAD.
No momento de sua criação, o Instituto de Artes e Design (IAD) oferecia cinco cursos: Curso de Bacharelado em Artes Visuais com as habilitações em Pintura, Escultura e Gravura; Curso de Bacharelado em Artes Visuais com habilitação em Design Gráfico; Curso de Artes Visuais – modalidade Licenciatura; Curso de Música – modalidade Licenciatura e, a partir de 2007, o Curso de Cinema e Animação. No âmbito da pós-graduação o IAD oferecia o Curso de Especialização em Patrimônio Cultural: Conservação de Artefatos e participava do Mestrado Interdisciplinar Memória Social e Patrimônio Cultural. Também foi incorporado ao Instituto o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, fundado em 1986 que guarda a obra de seu patrono, o artista pelotense Leopoldo Gottuzo, além de outras coleções e exposições temporárias, destacando-se como um dos mais importantes locais para a difusão das artes visuais na cidade e região.
O hoje denominado Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas foi criado pela portaria 1.718, de 04 de novembro de 2010, a partir da junção entre o Instituto de Artes e Design (IAD) e o Conservatório de Música. O Centro de Artes agrega os cursos das áreas de Artes Visuais, Design, Cinema, Dança, Música e Teatro, considerando uma estrutura organizada em 17 cursos de graduação nestas áreas, um curso de pós-graduação stricto sensu, em nível de mestrado (Mestrado em Artes Visuais) e um curso lato sensu em nível de especialização (com duas terminalidades: Ensino e Percursos Poéticos e outra em Patrimônio Cultural). E encontra-se em fase de implementação um Curso de Especialização em Artes à Distância que será oferecido a partir de 2019 para 7 Polos do RS.
O Ensino da Música e suas origens: o Conservatório de Música
O Conservatório de Música foi fundado em 4 de junho de 1918, como instituição particular, por Alcides Costa e Francisco Simões, e inaugurado em 18 de setembro do mesmo ano. O Conservatório foi criado na esteira do projeto civilizador e progressista republicano cujos ideais visavam uma equiparação cultural do Brasil aos países mais avançados da Europa. O Conservatório de Musica de Pelotas foi municipalizado em 1937 e, em 1961, teve seus cursos reconhecidos pelo MEC como cursos superiores. O Conservatório de Musica esteve vinculado ao Município de Pelotas, como uma autarquia, mas passou a fazer parte da UFPel como unidade acadêmica em 1983, com o nome de Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas, oferecendo as habilitações em Canto, Piano, Violino, Violão e Flauta. Em 1996 foi criada a Sociedade dos Amigos do Conservatório de Música, em 1997 a Musicoteca e Centro de Documentação Musical, com significativo acervo documental e iconográfico e a partir de 2001 sediando o Grupo de pesquisa em Musicologia. Em 2008 foi instituído o Curso de Bacharelado em Composição e, em 2009, foi criado o curso de Graduação em Ciências Musicais e o Curso de Música Popular, além dos já existentes Bacharelados em Canto, Violão, Violino, Flauta e Piano.
E em 2010, com a reestruturação de algumas unidades da UFPEL, os cursos de Bacharelado em Música do Conservatório passaram a fazer parte do Instituto de Artes e Design da UFPel. Assim, o Conservatório juntou-se ao Instituto de Artes e Design, dando origem ao Centro de Artes, mas manteve-se como órgão suplementar deste Centro. O Conservatório de Música foi a quinta escola de música a ser fundada no país, e a única instituição musical de atividade ininterrupta na cidade desde sua criação até hoje, sendo responsável pela formação de várias gerações de músicos profissionais e a realização de inúmeros concertos com artistas de renome internacional. Seu Salão de concertos, Salão Milton de Lemos, é o um dos mais antigos do Brasil, com uma acústica maravilhosa.
Atualmente o Conservatório de Música, como órgão suplementar do Centro de Artes, permanece com o atendimento à comunidade de várias formas: cultural e artisticamente, promovendo recitais, concertos, mostras musicais, masterclasses, e na base de uma educação musical inicial, cumprindo um papel que ainda é pouco atendido nas escolas, que é a sensibilização para a percepção, apreciação e vivência musical.
A partir desta nova estruturação, o Conservatório de Música, assim como o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), passou a ser órgão suplementar do Centro de Artes, desenvolvendo atividades de extensão e formação continuidade, prioritariamente de atendimento à comunidade. O espaço do Conservatório de Música é dedicado à oferta de diversos cursos para a comunidade, como iniciação musical e instrumental, além de concertos mensais gratuitos.
Em 2010 o Centro de Artes passa a ser uma das maiores unidades acadêmicas da UFPel, com cerca de 1400 alunos de Graduação e de Pós-Graduação.
Um Museu como espaço acadêmico: Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG)
Inaugurado em 1986, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) é um órgão suplementar do Centro de Artes e está situado no centro de Pelotas, realiza exposições temporárias de artistas convidados ou instituições parceiras e exposições de seu acervo. É um museu aberto à comunidade e sem fins lucrativos de natureza cultural, que tem como missão zelar pela preservação e conservação de seu acervo artístico e documental, assim como divulgá-lo amplamente, através de projetos curatoriais, expográficos e virtuais. Neste ano de 2018, o MALG, após 31 anos, recebeu uma sede própria, o prédio da Antiga Escola Eliseu Maciel, o Museu pode agora realizar projetos para angariar recursos para melhorias de seu acervo e para exposições nacionais e internacionais.
Cabe ao MALG garantir a integridade física do acervo de obras de Leopoldo Gotuzzo, patrono do museu, e promover a pesquisa e a produção crítica e intelectual a respeito de sua contribuição para a história da arte da brasileira. O MALG também tem a responsabilidade de desenvolver projetos educativos que ampliem o acesso da população brasileira aos bens artísticos e culturais produzidos no passado e na atualidade. Exposições temporárias de obras pertencentes a outras coleções, incluindo a produção artística contemporânea, deverão ser realizadas no MALG em conjunto com os profissionais em atuação no Centro de Artes, ou através de projetos de cooperação interinstitucionais.
O MALG possui um Núcleo pedagógico, cuja ação pedagógica promove a fruição e a reflexão a partir das exposições e do acero artístico documental. Desenvolve atividades de integração Museu/instituições de ensino/Comunidade e estimula a participação do corpo docente e discente da UFPel nos projetos no Museu.
Sua Missão está associada à conservação e divulgação da produção do pintor gaúcho e pelotense Leopoldo Gotuzzo e à produção e comunicação de conhecimento em artes visuais. O acervo possui mais de 3000 obras divididas em sete coleções: Coleção Leopoldo Gotuzzo; Coleção Ex-alunos da EBA; Coleção Dr. João Gomes de Mello; Coleção Faustino Trápaga; Coleção L.C. Vinholes; Coleção século XX e Coleção século XXI. Encontra-se em exposição permanente objetos e obras do artista, além de exposições temporárias de artistas convidados, obras pertencentes às coleções do Museu e exposições em parceria com outras instituições.
O Ensino do Design no Centro de Artes
Em meados dos anos 1980 têm-se os primeiros movimentos no sentido de se criar no Instituto um curso de Programação Visual, o que seria uma das primeiras intenções que apontam para a direção do curso de design, que surge em 1999. Em 1987 é procedida uma reformulação curricular no curso de Graduação em Pintura, Escultura ou Gravura que tinha por objetivo atualizar o perfil do curso às novas formas de pensar a arte, mais voltadas aos modelos de pesquisa recorrentes nas outras áreas do conhecimento – resultado da formação dos primeiros professores que regressavam de sua formação na pós-graduação stricto senso – e também preparar o currículo para a criação do curso de Design Gráfico. No ano de 1999 o Centro de Artes passou a ofertar uma habilitação do curso de Artes Visuais Bacharelado com a terminalidade design gráfico e, desde este momento, a unidade vem ofertando regularmente a formação em design para a região. A oferta é a pioneira em nível superior na Zona Sul do Estado e Pelotas é a única cidade desta região que tem oferta de graduação em design. Na origem do primeiro currículo, havia um vínculo indissociável com a base formativa dos cursos de artes, com dois anos de formação idênticos aos estudantes do bacharelado em artes. Esse vínculo não apenas se manteve como tornou-se uma marca distintiva da formação em relação a grande maioria dos cursos de design do país que tem origem nos cursos de arquitetura ou comunicação. A base de formação artística para designers significou diretamente uma grande inserção dos estudantes no setor produtivo desde as primeiras gerações de egressos.
Em 2009, no ensejo do programa de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), duas questões foram marcantes para o desenvolvimento da formação. A primeira delas foi a alteração curricular do curso de design gráfico que deixou de ser uma terminalidade do bacharelado em artes e passou a ser denominado Bacharelado em Design Gráfico. Tal alteração constituiu uma recomendação da comissão que realizou o reconhecimento do curso no ano de 2003 e significou a inclusão de competências específicas do design em maior número no percurso, no entanto, sem deixar de contemplar a presença da base formativa das artes presentes no desenho, na linguagem visual e nas introduções aos fazeres das artes que são cursados pelos estudantes em sua formação livre.
Também neste ano, o Centro obteve a abertura de mais uma formação em design denominada Bacharelado em Design Digital que tem como identidade a oferta de formação para demandas específicas do design de interface para internet, como websites, mas também outras necessidades crescentes a partir do mercado de dispositivos móveis. Tal formação compartilha uma estrutura essencial que é presente em ambos os bacharelados, gráfico e digital, e permite a racionalização de espaços, corpo docente e recursos entre os dois cursos, considerando a oferta dos cursos em turnos inversos e o mesmo número de vagas ofertadas. Atualmente, ambos os cursos seguem ofertando a formação anualmente e as formação estão estabelecidas com professores atuando nas diversas áreas da formação.
Passada uma década do ingresso da primeira turma na habilitação de design gráfico no Instituto, a unidade orgulha-se em continuar fornecendo a formação para a prática do design, tendo como um das principais referências a formação dada a partir de repertórios semelhantes aos desenvolvidos com os artistas visuais. O acompanhamento de egressos destes últimos dez anos, com boa colocação no mercado e especialização profissional em diferentes áreas, permite-nos ter relativa segurança em apontar caminhos e ampliar trajetos já desenvolvidos. Baseada nas demandas de formação do cotidiano e em sintonia com as atualizações feitas pelo Ministério da Educação nas diretrizes curriculares da área, o curso está, no presente momento, apresentando este projeto como nova arquitetura curricular e também dos eixos que norteiam a concepção do curso.
Já no contexto do REUNI, no ano de 2008 tem início a reestruturação da grade curricular do curso e dos eixos que norteiam sua concepção, e a seguir, a criação do Curso de Design Digital. Em 2009, a primeira turma do Curso de Design Gráfico com novo currículo é recebida e, neste mesmo ano, o curso obtém nota 5 como resultado do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) - relativo aos ingressantes do Design Digital de 2008/2 e os concluintes que ingressaram em 2007/1 no Design Gráfico – o que classifica nossos cursos entre os melhores de design do país.
O ensino do cinema e audiovisual no Centro de Artes
Na história recente da Unidade, cabe o destaque da existência da formação de artistas e realizadores específicos do campo do cinema e audiovisual dentro de uma configuração complexa entre arte do cinema e indústria do audiovisual. Esta formação teve início no ano de 2007, com a oferta no vestibular do primeiro ingresso para o curso de Bacharelado em Cinema de Animação, com 33 vagas. Este primeiro desenho foi integrado às possibilidades de crescimento da IFE a partir do Projeto Reuni e contemplou uma única formação que fosse pertinente ao perfil de profissional realizador, de imagem-câmera, e ao perfil de profissional animador, relacionado com a arte e a indústria da animação e suas práticas correlatas, como motion design e efeitos visuais. Foram ofertados três ingressos para esta formação e, ao final de 2009, o Núcleo Docente Estruturante do curso, ao observar o desempenho da formação até então, viu que era necessária uma mudança na oferta partindo (1) das condições objetivas de oferta presentes no Centro de Artes e (2) da necessidade do mercado audiovisual em obter profissionais específicos para ambas as áreas que possuem proximidades absolutas, mas também fazeres distintos em suas especificidades. Esta mudança consistiu em desmembrar o curso inicial em duas propostas de formação.
Desta maneira, em 2010, foi ofertado pela primeira vez o curso de Bacharelado em Cinema de Animação, com a oferta regular de 28 vagas. No ano seguinte, passou a ser ofertado o curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual com o mesmo número de vagas e as mesmas modalidades de ingresso. Tal simetria permite que os cursos tenham uma formação que compartilhe uma mesma base formativa identificada com a arte do cinema e as práticas do mercado audiovisual a que todos pertencem, mas também contemplar especificidades decisivas entre os cursos como, por exemplo, a formação técnica do trabalho com câmera, atores, arte de objetos, cenários e figurino de um lado e as competências de animação tradicional, digital, modelagem e animação 3D e stop motion de outro. Além disso os cursos, por terem um mesmo número de ingressos e vários conhecimentos afins, conseguem compartilhar (1) laboratórios e espaços, (2) docentes e (3) práticas de gestão pedagógica diretamente com os dois cursos de design, de forma que os quatro bacharelados ocupam, hoje, o mesmo lugar no Centro, com laboratórios sediados no Bloco 2 do Centro de Artes. Este espaço, construído em 2014, foi um marco na existência das quatro formações ao permitir um ensino, finalmente, exercido em plenas condições de estrutura, no que pesem o grande investimento que precisa ser feito em tecnologia e que considera uma obsolescência de equipamentos digitais no período de 3 a 5 anos.
Os cursos de cinema têm uma trajetória de 11 anos de oferta contínua de formação em audiovisual no Centro de Artes e têm grande importância regional e nacional. O curso de cinema e audiovisual, desde a primeira oferta no ano de 2007, continua a ser a única oferta pública de formação na área em todo o estado do Rio Grande do Sul em um cenário onde a oferta privada representaria um alto custo para os estudantes. O curso de cinema de animação é um dos nove cursos específicos da área em todo o Brasil, considerando ensino superior privado e público, constitui um dos três públicos neste campo e foi o segundo do país a ofertar formação em animação. A formação está consolidada na UFPEL com um corpo docente que abrange todas as necessidades básicas da formação em ambos os cursos e com uma estrutura de laboratórios e equipamentos de realização audiovisual.
O ensino da Dança no Centro de Artes
A proposta de criação de mais um Curso na área das Artes – um Curso de Licenciatura em Dança nasceu da discussão sobre a sociedade e suas novas configurações. O Curso de Dança – Licenciatura da UFPEL busca colocar em prática propostas e reflexões que evidenciam a importância da arte mediante seu saber estético e, em especial, através do conhecimento construído por meio do movimento artístico, num diálogo permanente com a complexidade e os desafios constantes dos espaços de aprendizagem (escolar e não formal).
A iniciativa de implantar um curso de Dança-Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas apoiou-se em: 1) o processo de reestruturação pelo qual passou a UFPel e que é resultado do REUNI; 2) o diálogo e construção de projetos conjuntos com os cursos de Licenciatura em Teatro, de Composição Musical – Bacharelado e do Cinema e Animação – Bacharelado, também criados através do REUNI, os quais apresentam políticas pedagógicas afins; 3) a especificidade dos cursos de Artes Visuais e do Centro de Artes que, em consonância com o panorama das artes no mundo, garantem os processos relacionais e, principalmente, de entrecruzamentos dos campos de saberes e artísticos.
Essa iniciativa não é baseada apenas no protagonismo, mas também na possibilidade de democratização do acesso ao conhecimento e à Universidade. Neste curso, o que se espera de um trabalho de Dança na relação com a Educação, é um ensino de dança que contemple a construção e a vivência de diferentes códigos e linguagens e que estimule a construção de sentidos criados pelos próprios sujeitos envolvidos.
Outro fator importante para salientarmos é que a cidade de Pelotas, assim como a região sul do Estado do Rio Grande do Sul, possui forte tradição de dança, sobretudo da dança clássica, do folclore, de danças afro e danças urbanas. Um curso que considere e dialogue com os saberes clássicos e tradicionais da área da dança e, ao mesmo tempo, invista nas possibilidades expressivas contemporâneas pretende aprimorar e buscar parcerias com os trabalhos desenvolvidos no espaço escolar bem como de grupos e companhias de dança já atuantes na região, de modo a contribuir e incrementar a produção artística local.
Considerando a condição dinâmica que permeia a educação nos seus mais distintos e plurais processos e contextos, o Colegiado do Curso de Dança - Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas assume o currículo como um instrumento dialógico em permanente fluxo e em constante processo de fazer-se, entendendo que a prática nutre e modifica as estruturas pedagógicas revitalizando-as e ressignificando-as constantemente.
O Curso de Dança-Licenciatura da UFPel recebeu sua primeira turma de ingressos e iniciou suas atividades no segundo semestre de 2008 – Portaria/COCEPE nº 1552. Da sua criação até o ano de 2012 foi curso noturno, com PP aprovado no segundo semestre de 2010, estando ainda em processo de reconhecimento. Dentro desta trajetória, em maio de 2013, após preenchimento do formulário on-line do E-MEC, recebeu visita in loco da Comissão de Avaliadores do INEP/MEC, quando obteve nota 3.
De lá para cá, o curso tem passado por um processo de consolidação articulado mediante uma série de aspectos, dos quais vale destacar: a redução do número de ingressantes (antes 44, agora 25), autorizada pelo COCEPE anualmente, a qual repercutiu numa relação mais precisa entre a infraestrutura física e humana existente com a quantidade de alunos ingressantes, bem como no aumento dos índices de retenção e consequente redução da evasão; a qualificação docente por meio de afastamentos para doutoramento do grupo de professores efetivos, representada pelo quadro atual em que todos os docentes possuem título de doutor ou estão com doutorado em andamento; a consolidação dos três eixos formativos principais do curso (científico, pedagógico e artístico) de modo singular e também interdisciplinar; o fortalecimento da inserção social e comunitária do curso por meio de projetos, eventos e outras iniciativas; a ampliação e qualificação das produções acadêmicas por meio de projetos e grupos de pesquisa, publicações e participações em eventos científicos e mesmo através dos trabalhos de conclusão de curso; o estreitamento da relação da graduação com a pós-graduação mediante a participação de quatro professores efetivos como docentes de Programas de Pós-Graduação da Universidade; o aumento do número de docentes efetivos para 11 professores; a ampliação da atuação internacional do Curso por meio de convênios institucionais e realização eventos em parceria, especialmente; a ampliação da participação discente nas instâncias administrativas do curso (Colegiado) e também o avanço na organização estudantil por meio da criação do Centro Acadêmico da Dança ‘Carmen Hoffmann’; o aumento da inserção profissional de egressos do curso, seja como docentes concursados, seja como professores da iniciativa privada ou mesmo mediante a continuidade de estudos através de cursos de pós-graduação lato e stricto sensu; qualificação do atendimento a alunos com diferentes especificidades e deficiências por meio de atuação conjunta entre o NDE e o NAI – Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da UFPel; entre outros fatores.
O Curso de Dança-Licenciatura da UFPel, em 2018, completa 10 anos de funcionamento, sendo que, como já mencionado, a reforma curricular implementada em 2013 completou, em 2017, um ciclo de existência. Isso permite que tenhamos a percepção de alguns pontos a serem ajustados no currículo o que, dada a demanda do MEC, oportuniza alinhar as questões curriculares já identificadas com certa fragilidade, na direção de mais qualificação. Tais aspectos dão legitimidade ao processo de reformulação e de reestruturação curricular do Curso de Dança – Licenciatura da UFPel que deram origem ao desenho curricular deste Projeto Pedagógico de Curso.
O ensino do Teatro no Centro de Artes
Em 1995 foi criado o Projeto Teatro Universitário na UFPel, a fim de fomentar as atividades de extensão com alunos e professores do então Instituto de Letras e Artes. Também surgiu nesse mesmo período o Núcleo de Teatro Universitário, intensificando a interlocução com a comunidade e com instâncias culturais e educacionais do município e região, atendendo inúmeras solicitaçções de oficinas, tanto para professores quanto para estudantes da rede de ensino municipal. A UFPel tem contribuído efetivamente com o ensino e aprendizagem de arte nas escolas, principalmente por meio do Centro de Artes. Entretanto, atualmente a formação teatral sucumbe em espaços adaptados, isolados e de pouca visibilidade. A UFPel, como pólo gerador de cultura e de formação humana integral, apresenta condições privilegiadas para congregar, incentivar e apoiar a produção do teatro e de saberes desta arte, a partir da criação de um Curso de Teatro – Licenciatura, que atenda a enorme demanda do município e da região Sul do RS, uma vez que a área de abrangência desta Universidade é o 36º. Distrito Geo-educacional, que soma 14 municípios na metade sul do estado.
A partir da análise crítica do atual momento histórico, social e educacional, o Curso de Teatro pretende adequar-se a essa conjuntura que privilegia os avanços tecnológicos, criando condições que permitam ao aluno uma inserção profissional inventiva no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, o Curso de Teatro – Licneciatura é um dos cursos da UFPel criado com total adesão ao REUNI, estando em funcionamento desde o primeiro semestre de 2008. Este projeto prevê, além das atividades a serem desenvolvidas nos âmbitos do ensino, da pesquisa e da extensão, as relações entre o trabalho pedagógico do curso, da unidade ao qual está vinculado (Centro de Artes) e da universidade com os diversos âmbitos que conformam a sociedade.
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