A química verde (ou green chemistry, ou química sustentável) foi introduzida há cerca de dez anos nos EUA pela EPA (Environmental Protection Agency), a agência de proteção ambiental daquele país,1 em colaboração com a American Chemical Society (ACS) e o Green Chemistry Institute. Esta iniciativa norte-americana vem despertando o interesse de organizações governamentais e não-governamentais de vários países. Na Europa, Japão e Estados Unidos foram inclusive criados Prêmios para incentivar pesquisadores de Indústrias e Universidades a desenvolverem tecnologias empregando os princípios da química verde.2 Desde 1996, quando o Presidential Green Chemistry Awards foi criado nos EUA, mais de uma dezena de Corporações e Investigadores foram premiados.2
Na Europa, a Royal Society of Chemistry (RSC), com o apoio de setores industriais e governamentais, instituiu em 2001 o U.K. Green Chemistry Awards, para premiar empresas e jovens pesquisadores que “desenvolverem processos químicos, produtos e serviços que levem a um ambiente mais sustentável, limpo e saudável”.3 Além disso, a RSC criou a Green Chemistry Network (GCN),3 com o objetivo de “promover a conscientização e facilitar a educação, treinamento e prática da green chemistry na indústria, academia e escolas”. Outra importante iniciativa da RSC foi a criação, em 1999, da revista Green Chemistry, de periodicidade bimestral, dedicada à publicação de artigos inéditos que, de alguma forma contribuem para o desenvolvimento da área-título do periódico.
A química verde pode ser definida como a utilização de técnicas químicas e metodologias que reduzem ou eliminam o uso de solventes e reagentes ou geração de produtos e sub-produtos tóxicos, que são nocivos à saúde humana ou ao ambiente. Este conceito, não é novidade em aplicações industriais, principalmente em países com controle rigoroso na emissão de poluentes. Ao longo dos anos os princípios da química verde têm sido inseridos no meio acadêmico, em atividades de ensino e pesquisa.4,5,6,7
O que hoje está sendo chamado de química verde na verdade não apresenta nada de novo, uma vez que a busca um desenvolvimento auto-sustentável há anos está incorporada nos ideais do homem moderno. A ECO-92, o Protocolo de Kyoto e a Rio+10 são exemplos de iniciativas que mostram a crescente preocupação mundial com as questões ambientais.8 A química verde pode ser encarada como a associação do desenvolvimento da química à busca da auto-sustentabilidade.
Referências:
1. U.S. Environmental Protection Agency. Um grande número de informações pode ser conseguido no site http://www.epa.gov/epahome/topics.html.
2. Presidencial Green Chemistry Challenge (PGCC) Awards Program. A home page da EPA apresenta uma relação completa dos projetos premiados desde 1996: http://www.epa.gov/greenchemistry/pubs/pgcc/presgcc.html.
3. Detalhes sobre a premiação e informações sobre o programa de incentivo à Green Chemistry da RSC estão disponíveis em: http://www.chemsoc.org/networks/gcn/awards.htm
4. Collins, T. Science 2001, 291, 48.
5. Collins, T.J. J. Chem. Educ. 1995, 72, 965.
6. Cann, M.C.; Connelly, M.E. Real World Cases in Green Chemistry, American Chemical Society: Washington, DC, 2000.
7. a) Singh, M.M.; Szafran, Z.; Pike, R.M. J. Chem. Educ. 1999, 76, 1684; b) Cann, M.C. J. Chem. Educ. 1999, 76, 1639.
8. Eissen, M.; Metzger, J.O.; Schmidt, E.; Schneidewind, U. Angew. Chem. Int. Ed.2002, 41, 414.