E a real necessidade de educação financeira em um país com 29,5% das famílias em situação de inadimplência

Por Isabella Barcellos/Superávit Caseiro

“De acordo com a Resolução nº 3.919/2010, estabelecida pelo Banco Central no ano de 2008, todos os bancos nacionais são obrigados a disponibilizar gratuitamente uma conta corrente para pessoas físicas”. Se você está habituado a conversar sobre educação financeira ou trabalha em setores relacionados, essa informação pode parecer senso comum. Mas foi uma série de tweets publicados pela empresária e influenciadora Nathália Rodrigues que fez o tema se tornar um dos assuntos mais comentados na rede social durante o mês de junho. 

Essa questão já tinha sido abordada por ela algumas vezes, que trabalha com educação financeira para pessoas de baixa renda, mas dessa vez foi diferente: Com mais de 17,5 milhões de visualizações, os tweets influenciaram milhares de pessoas pelo Brasil a solicitar cancelamento e até reembolso pelas cobranças indevidas.

A polêmica gerou movimentações nos principais bancos do país, como Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Em entrevista ao UOL, a educadora financeira afirmou que até R$400 por ano podem ser poupados graças às contas gratuitas, além de reforçar a necessidade da educação financeira para a população brasileira. 

Depois de acompanhar os desdobramentos do caso, não pude deixar de ficar curiosa sobre o tema. Atualmente, dezenas de influenciadores e corretores de investimentos faturam com palestras, cursos e livros sobre o assunto. O que por consequência, foi expandindo cada vez mais o mercado financeiro para o público leigo. Falar sobre dinheiro pode até não ser mais um tabu, mas essas informações ainda não circulam por todas as classes sociais. De acordo com a Agência Brasil, 78,3% dos brasileiros estavam endividados em maio de 2023, sendo 29,5% das famílias em situação de inadimplência. Por mais vantajoso que seja aprender sobre investimentos lucrativos, é notável o quanto o básico ainda é desconhecido por grande parte da população economicamente ativa. Em um país cujos banqueiros escondem os direitos do consumidor e oferecem crédito “a torto e a direito”, promover conhecimento de forma acessível é uma medida democrática e empoderadora.