Por Thiago Lehn/Superávit Caseiro

A economia sempre estampa as capas dos jornais. É ela quem determina a organização financeira da casa e as escolhas que precisam ser tomadas, o que influi diretamente na realidade social em que vivemos. No entanto, apesar da enorme importância do tema, a economia não é a editoria favorita dos estudantes de Comunicação, por conta da sua complexidade.

E para entender como o comunicador pode trabalhar a temática em diversos formatos levando em conta o perfil do público, o Superavit Caseiro entrevista Natalia Dalle Cort, repórter de finanças, negócios e economia no InvestNews. Graduada em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e formada em Administração pela Escola Técnica Takashi Morita, antes de ser repórter no InvestNews ela também atuou como social media e relações públicas, tanto na Globo Livros quanto na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

SUPERÁVIT – Como foi sua formação como jornalista e quais foram suas primeiras áreas de interesse dentro da comunicação?

Natalia Dalle Cort Sou jornalista de profissão, não de formação. Meu curso foi numa área “prima”, sou de Letras. Durante a graduação, sempre soube que queria trabalhar com produção de conteúdo, mas não tinha certeza sobre qual gênero.

SUPERÁVIT – De que maneira o jornalismo econômico surgiu para você?

Natalia Dalle Cort   O jornalismo econômico bateu na minha porta como uma oportunidade de estágio. Eu tinha acabado de sair de um emprego de assistente de comunicação, focada em relações públicas e redes sociais, cobrindo o tema da primeira infância. Antes de receber a proposta, a única certeza que tinha é que só aceitaria uma vaga para trabalhar com produção de conteúdo, pois era o que queria e sentia que tinha que fazer. Inclusive, ao ser chamada para trabalhar no InvestNews, também recebi outra proposta – com um salário muito maior, mas para uma vaga de outra área. O que eu fiz? Nem pensei nessa segunda opção, só recusei.

SUPERÁVIT –  Quais os principais desafios quando se faz jornalismo econômico no Brasil?

Natalia Dalle Cort   Fazer reportagens sobre economia é uma delícia, mas não dá para negar: o começo sempre é difícil. E isso fica ainda mais complexo se você não tiver nenhuma formação sobre educação financeira (e falo de educação básica mesmo, escola). Eu sabia conceitos simples porque tinha feito um curso técnico de administração, mas não era nada muito aprofundado. “Apanhei” por um tempo! Imagino que essa seja uma dificuldade de todos os repórteres iniciantes da área. Conforme você vai aprendendo sobre o assunto, fica mais tranquilo falar dele. Uma dica: pautas frias no começo, tentando aproveitar um gancho de algo que esteja acontecendo, são ótimas para aprender. Acho que hoje o maior desafio é criar conteúdos de um jeito compreensível para todos, pois nem todo mundo nesse país tem acesso à educação financeira.  Além de que é muito desafiador falar de um assunto difícil de um jeito fácil. Economia não é uma coisa fácil.

SUPERÁVIT – Como você enxerga o InvestNews, seu público e objetivos?

Natalia Dalle Cort Vejo o público do InvestNews muito interessado em investimentos, pensando em como ganhar dinheiro, seja em renda fixa ou variável. Temos uma galera fiel que nos acompanha no site e no YouTube. Eles engajam bastante, é muito bacana ter essa troca. Como a economia determina o que deve acontecer com os investimentos, a galera acompanha bastante esse assunto também.

SUPERÁVIT – De que maneiras mais a comunicação pode ajudar as pessoas a terem um maior conhecimento sobre economia?

Natalia Dalle Cort A comunicação está em tudo. Influencia em tudo. Hoje temos diversas formas de passar uma mensagem, mas não existe uma certa e outra errada. Até porque cada um tem um jeito de aprender. Eu, por exemplo, curto muito mais ler uma reportagem do que assistir um vídeo. Só que também depende. Às vezes, o assunto é tão difícil que quero ouvir alguém falando. Por isso, acredito que precisamos variar nos modelos de comunicação. E, principalmente, ouvir o que as pessoas pedem. Nesse contexto, dá para ganhar o público. E isso tudo sobre qualquer assunto, economia, finanças, negócios etc.

SUPERÁVIT –  Quais as principais diferenças que você nota no seu trabalho com texto em relação ao trabalho no audiovisual? Qual você sente mais confortável?

Natalia Dalle Cort Eu amo escrever. Meu negócio é escrever. É muito mais fácil bater as teclas do computador do que gravar um vídeo. E por quê? Porque dá para controlar tudo no texto. A gravação e o ao vivo acabam colocando mais pressão. É preciso: estar completamente confortável com o assunto na hora de gravar; verificar a sua aparência; procurar o melhor jeito de falar; e lidar com a ansiedade. Muitas vezes, um errinho… e não dá para voltar atrás. Mas, com o tempo, vai melhorando (a bendita experiência ajuda muito, juro). E quando o resultado sai exatamente conforme o esperado, é uma maravilha!

SUPERÁVIT – Quais são suas referências? E o que gosta mais de trabalhar em suas reportagens?

 Natalia Dalle Cort Minhas referências são boas fontes do mercado. Não tem nada melhor do que sentar e conversar com quem entende do assunto. O mais legal, para mim, sempre é papo com professores. As entrevistas acabam virando aulas. Fora isso, sempre é muito bacana acompanhar as pesquisas e as notícias divulgadas por aí para poder repercutir.