João Victor Rodrigues/Superávit Caseiro

Para milhares de brasileiros a casa própria é a confirmação da tão almejada independência financeira. Para que este sonho se torne realidade, muitos recorrem ao financiamento imobiliário, mas você sabe como ele funciona?  

Separamos alguns tópicos e dicas para te ajudar a saber mais sobre tudo que envolve um financiamento imobiliário.

No Brasil existem dois tipos de financiamento imobiliário: o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

Criado em 1964, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) teve como objetivo de amenizar a carência de crédito habitacional da época. A atividade é regulada pelo Concelho Monetário Nacional e pelo Banco Central. O SFH é limitado pelo governo federal através do valor máximo do imóvel, das taxas de juros e comprometimentos da renda do comprador. Em 1997, através da Lei 5 514, foi instituído o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), criado para suprir as carências do SFH e flexibilizar suas regras.

Mas afinal, o que é financiamento imobiliário?

Financiamento imobiliário nada mais é que um modelo de empréstimo exclusivamente para a compra de uma casa ou apartamento, tanto novo quanto usado, construção ou  reforma de um imóvel residencial, assim como de um espaço comercial. Por não ter o suficiente para realizar um pagamento à vista, o consumidor recorre às instituições financeiras para obter este crédito e assim pagar este valor através de parcelas acrescidas de juros e correção monetária.

Com um prazo de até 35 anos e com as taxas mais baixas do mercado, o crédito imobiliário cobre até 90% do valor necessário para a aquisição de um imóvel novo, usado, comprado na planta, em construção ou para a reforma de uma propriedade. Em média, o valor mínimo cobrado pela entrada é de 20% do imóvel no financiamento. Alguns especialistas recomendam que seja pago o máximo possível na entrada, já que os juros são calculados sobre o saldo devedor, pois quanto menor a dívida menos juros irá ser pago.

Na prática, na compra de uma casa por 300 mil, por exemplo, é possível realizar uma entrada de 60 mil e os 240 mil restantes serem pagos em parcelas pelos próximos 35 anos

Atualmente, no Brasil as fontes para esses recursos vêm da Caderneta de Poupança, FGTS, além da emissão de títulos como letras de crédito imobiliário (LCIs), certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e cédulas de crédito imobiliário (CCIs).

Para conseguir um financiamento imobiliário, basta ser maior de 18 anos com renda suficiente para pagar as parcelas e estar com o cadastro de pessoa física (CPF) regularizado. Ou seja, é necessário se informar se o seu nome está incluído em órgãos de proteção ao crédito. É importante ter em mãos documentos como CPF, o RG, a carteira de trabalho, comprovantes de renda, do estado civil e de residência, e também a declaração do Imposto de Renda. Vale lembrar que os documentos exigidos podem mudar de acordo com a instituição financeira escolhida.

Onde encontrar a melhor taxa de financiamento?

Levando em consideração os maiores bancos do país, os que oferecem melhores taxas são os bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal. As taxas sofrem variações de acordo com o cenário econômico do país. A taxa Selic também pode ser afetada pelo relacionamento entre instituição e cliente. Uma dica é realizar pesquisa em diversas instituições em busca de uma melhor oferta.

Outra dica, é preciso ter atenção com a situação e documentação do imóvel e seu vendedor, já que qualquer pendência que afete na venda do bem pode gerar uma reprovação na solicitação de crédito.

É importante fazer um check list para conferir se todas as etapas foram cumpridas para o financiamento do imóvel

Para ter o seu financiamento aprovado o cliente passa por algumas etapas:

1º) Análise do crédito

Com os dados do cliente em mãos, a instituição avalia a renda, perfil, prazo, etc. Esta análise pode levar até uma semana e a liberação do financiamento de até 40 dias.

2º) A escolha e inspeção do Imóvel

Após o crédito ser pré-aprovado, o cliente já pode tomar a decisão sobre qual será o imóvel adquirido. Uma dica é ter uma segunda opção para o caso de ocorrer algum problema com documentação ou valor liberado. Após essa escolha a instituição financeira manda um engenheiro para realizar uma vistoria sobre as condições do imóvel e confirmar se o valor condiz com o mercado.

3º) Questões jurídicas e contrato

O banco faz uma minuciosa análise de toda a documentação, que inclui as informações do vendedor. Nessa fase, outros documentos podem ser solicitados. E se tudo estiver correto, o banco dá sequência na elaboração do contrato e por fim a assinatura do mesmo.

4º) Registro

A última etapa é quando é realizado o registro do imóvel em cartório. Nesta fase existe a cobrança de taxas e também a apresentação do pagamento do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. Após obter o registro, o cliente apresenta ao banco, que finaliza a análise e libera o valor para pagamento.

Vale lembrar que é necessário ser oferecido à instituição uma garantia. O próprio imóvel financiado pode ser utilizado como garantia da operação por meio de hipoteca ou alienação fiduciária, sendo esta a mais utilizada. Na prática, o bem fica alienado a quem empresta até que ele seja quitado.

Segundo o Banco Central, outros imóveis podem ser oferecidos em garantia, seja eles de posse do tomador do empréstimo ou de terceiros. As instituições ainda têm o direito de exigir garantias adicionais.

Antes de decidir realizar um financiamento, o cliente deve realizar uma análise própria levando em conta se está disposto a arcar com gastos e se certos valores cabem no seu orçamento.