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A cidade de Pelotas, localizada na Região Sul do estado do Rio Grande do Sul, tem seu passado diretamente relacionado com a indústria do charque, implantada na região no final do século XVIII. Como a atividade charqueadora empregava a mão-de-obra escrava, a população de negros era significativa. Até as primeiras décadas do século XX, com o surgimento dos frigoríficos, a economia e a sociedade pelotense giravam em torno desta atividade econômica. Foram construídos prédios suntuosos, alguns projetados por arquitetos estrangeiros e parte dos remanescentes é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além da arquitetura, a imprensa, as artes, o urbanismo, a música e a literatura eram relevantes na Pelotas dos séculos XIX e XX. O crescimento econômico resultante das atividades industrial, agropastoril e de serviços ocorrido no final do século XIX e no início do século XX atraiu imigrantes europeus e do oriente médio, que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da economia e da cultura locais.

Com o surgimento dos frigoríficos, a indústria e a economia do charque perdeu importância e, a partir das primeiras décadas do século XX foi se diversificando – com destaque para a cultura e indústria arrozeira, frigoríficos, curtumes e conservas alimentícias – e dinamizando, com influência direta no crescimento da população urbana de Pelotas.

Segundo projeções do IBGE em 2021 a população estimada é de 343.826 habitantes. Considerando os dados censitários das cidades vizinhas, que inclui o porto de Rio Grande, a Região Sul do estado, que tem Pelotas como centro de referência, possui uma população superior a 700.000 habitantes. Com base nesses dados é possível afirmar a importância regional da educação superior, em função da forte demanda pelos cursos de graduação e pós-graduação ofertados pela UFPel, mesmo sem considerar os alunos oriundos de outras regiões do estado e do país.

As origens da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) remontam ao ano de 1881, quando é fundada a primeira faculdade de Pelotas – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, seguida das faculdades de Odontologia (1911) e de Direito (1912) e, mais tarde, da Escola de Belas Artes (1949) e da Faculdade de Medicina (1959), todas elas foram integradas à UFPel no ano de sua fundação (1969). Sua história remonta à Universidade Rural do Sul (URS), cujo surgimento, em 1960, resultou de esforços movidos por professores da Escola de Agronomia Eliseu Maciel, que desde 1957 lutavam por sua criação. O decreto que criava a Universidade Rural do Sul, vinculada ao Ministério da Agricultura, era composto pela centenária Escola de Agronomia Eliseu Maciel, Escola Superior de Ciências Domésticas, Escola de Veterinária, Escola de Pós-Graduação e pelo Centro de Treinamento e Informação (Cetreisul), considerado uma unidade acadêmica.

Em 1967, o decreto nº 60.731 federalizou a Universidade Rural do Sul, sendo transferida para o Ministério da Educação e Cultura, passando a denominar-se Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul (UFRRS), e as unidades passaram de cursos a faculdades. Em 1968, foi criada uma comissão composta por professores e acadêmicos, destinada a estudar e propor a reestruturação da universidade. Assim, em 8 de agosto de 1969, o Presidente da República assinou decreto que transformou a Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul, em Universidade Federal de Pelotas (UFPel), composta pelas Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Faculdade de Veterinária, Faculdade de Ciências Domésticas, Faculdade de Direito (fundada em 1912), Faculdade de Odontologia (1911) – as duas últimas pertencentes à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e o Instituto de Sociologia e Política (ISP), fundado em 1958.