EDUCAÇÃO, UM SERVIÇO QUE SEMPRE FOI ESSENCIAL.
Há exatos trinta dias, a câmara dos deputados aprovou a PL 5595/20, que proíbe a suspensão das aulas presenciais e define a educação como “atividade essencial”, ou seja, transformaram a educação em serviço necessário e de prioridade no nosso país. E quais os interesses por trás deste momento de “valorização” da educação no Brasil? Com certeza não é para qualificar os professores, para conceder-lhes benefícios, gratificações ou planos de carreiras compatíveis com a função que exercem. As falácias que ecoam aos quatro ventos mostram crianças com problemas psicológicos, seria por ficarem em casa com suas famílias? Sustentam a tese que os danos do ensino remoto serão incorrigíveis. Afirmam que os pais voltaram ao trabalho e as crianças estão desprotegidas. Estarão almejando um retorno efetivo das escolas assistencialistas? Enfim, muitos argumentos que não carregam a essência e a realidade do trabalho e da rotina de uma escola de Educação Infantil, mas que corroboram com os ideais capitalistas. A ciência confronta o retorno das aulas presenciais enumerando vários aspectos que demonstram o momento crítico e perigoso que estamos passando, a epidemiologista Ana Cláudia Fassa em entrevista com a Uni Pelotas e Radiocom afirmou que a taxa de transmissão na cidade é de 294 por 100 mil habitantes, sendo que, quando esta taxa é 100 por 100 mil habitantes já é considerada alta, necessitando maior distanciamento social. Então, mesmo sabendo de todos os riscos que tanto os adultos como as crianças irão correr no retorno as aulas presenciais, os entes federativos exigem que os profissionais da educação exerçam suas funções nas escolas e não mais de forma remota. Podemos fazer uma reflexão sem muito esforço e teremos todas as respostas para a insistência neste tema, que faz os governantes dispor de horas buscando formas e artifícios, para fazer valer suas vontades, não é pela excelência do ensino presencial, não é em prol do bem estar das crianças e não é para auxiliar os pais, mas sim pelos lucros, pela economia e para fins políticos. As pressões da mídia e do empresariado fizeram esta pandemia ser politizada, não é à toa que a vacinação anda a passos de tartaruga e aqui destacamos um ponto crucial para o impasse chegar ao fim: a vacinação dos profissionais da educação. Se o Presidente, governadores e prefeitos tivessem interesse em um retorno as aulas presenciais com segurança e se para eles a educação realmente fosse essencial, já teriam vacinado os profissionais da educação e assim as aulas presenciais, poderiam acontecer de forma mais amistosa e segura para todos. Freire diz que “meu ‘destino’ não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir” este trecho é da Pedagogia da Autonomia. A palavra-chave desta questão é responsabilidade, nós, como educadoras e educadores, somos responsáveis pelo que decorre das nossas ações, e diante de tudo que foi exposto, retomar as aulas presenciais é uma grande irresponsabilidade, pois antes de qualquer coisa, somos seres humanos e nossa prioridade é zelar pela vida e pela saúde de todos e somos profissionais comprometidos com a qualidade das experiências educacionais que promovemos aos alunos. A Educação é uma atividade humana essencial que visa o desenvolvimento cognitivo, físico, emocional e social dos indivíduos e não meramente um serviço a ser prestado visando lucros. Para Freire “uma das tarefas essenciais da escola, como centro de produção sistemática de conhecimento, é trabalhar criticamente inteligibilidade das coisas e dos fatos e a sua comunicabilidade.” Portanto, precisamos nos manter firmes diante da pressão de volta ao presencial para podermos dar continuidade a todo esforço que estamos fazendo durante o período de isolamento social, de modo a conter o avanço da pandemia de covid-19 e para o bem de todos os alunos, profissionais, familiares e comunidade.
Texto: Grupo EMEI Darcy Ribeiro