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Quem Somos?

QUEM SOMOS? 

O projeto de pesquisa “Agora é que são elas: a pandemia de COVID-19 contada por mulheres” foi criado na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), pela Profa. Dra. Camila Peixoto Farias, através do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise (Pulsional), em parceria com a Profa. Dra. Giovana Fagundes Luczinski, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia e Psicologia Existencial (Epoché). Conta também com a colaboração do Laboratório marginália (UFRJ), coordenado pela Profa. Dra. Fernanda Canavêz de Magalhães. 

O projeto nasce da inquietação diante dos desafios que as mulheres estavam vivenciando durante a pandemia e do fenômeno de silenciamento em relação à especificidade dessas questões. Surge, então, o interesse, em termos científicos, na diversidade de realidades vividas, nos sentidos a elas atribuídos e em seus desdobramentos em termos de saúde mental.

O primeiro grande desafio foi pensar a construção de uma metodologia para acessar essas histórias em um momento tão preocupante e que exigia o distanciamento físico. Diante da necessidade de empreender uma coleta de dados on-line, nos deparamos com diversos questionamentos, dentre eles: como criar um instrumento que permitisse conhecer o contexto das mulheres, os marcadores sociais que alicerçavam suas vivências e que também as convidasse ao compartilhamento de vivências, histórias e sentimentos?

Dessa forma, realizamos uma construção colaborativa de um instrumento que pudesse permitir uma análise cuidadosa e situada, tendo como alicerce o contexto da pandemia. 

A coleta de dados foi realizada através de um questionário on-line contendo 32 questões, incluindo perguntas objetivas e abertas, divulgado entre mulheres brasileiras (residentes, ou não, no Brasil). As perguntas denotavam marcadores sociais e também visavam a proporcionar um espaço de construção de narrativas pessoais. A ferramenta foi divulgada em diversas redes sociais a partir do dia 24 de maio de 2020 e ficou disponível até 07 de junho de 2020. Em quinze dias, obtivemos a quantidade surpreendente de quase 6.000 respostas, evidenciando o interesse e a identificação gerados nas mulheres que recebiam a proposta. 

Cabe ressaltar que a pesquisa segue as determinações da Resolução do Conselho Nacional de Saúde, nº 510, de 07 de abril de 2016, que normatizam as condições das pesquisas que envolvem seres humanos, aprovada no CEP, na Universidade Federal de Pelotas, com o número CAAE: 31203220.3.0000.5317.

A investigação que estamos conduzindo se ancora em uma prática contra-hegemônica, que valoriza a interdisciplinaridade, visando a construir pontes entre a pluralidade de experiências vividas por mulheres na pandemia e a elaboração de relatos científicos a respeito dessas experiências. Esta pesquisa está alicerçada nas mulheres que somos, situadas histórica, social e geograficamente, partindo da interseccionalidade como caminho para conhecer e visibilizar a realidade de outras (tantas) mulheres.

Seguindo a convocação de Haraway (1995), para compreendermos quem forjou nossa forma de enxergar o mundo, é fundamental que situemos nossas construções teórico-metodológicas, localizando saberes e reconhecendo a parcialidade inerente a qualquer construção científica. Portanto, não trabalhamos a partir de uma suposta neutralidade, mas a partir de uma epistemologia situada (HARAWAY, 1995), localizada histórica, social e geograficamente (ALCOFF, 2016). Trabalhamos em uma perspectiva parcial e não universalizante, alicerçada no diálogo entre as abordagens psicanalítica e fenomenológico-existencial – propostas hermenêuticas, que não têm como objetivo alcançar respostas universais ou replicáveis (FIGUEIREDO; MINERBO, 2006; MOREIRA, 2002).

Diante da grande diversidade de dados, temos trabalhado com recortes, buscando construir interpretações articuladas aos nossos lugares situados de pesquisadoras. Na aba produções você poderá conhecer os recortes analisados até o momento.

Gostaríamos de deixar registrado nosso agradecimento à ilustradora Jana Magalhães que criou a imagem de capa do questionário online e que deu origem à nossa identidade visual.