Estudo da estrutura intra-urbana da cidade de Arambaré/RS com o software UrbanMetrics

Por Valentina Machado
O estudo foi realizado tendo como base a representação gráfica tradicional, com a utilização de um conjunto de eixos (lines) da cidade para representar as unidades morfológicas (imagem 01).

Por Valentina Machado

Imagem 01: Eixos da cidade de Arambaré.

Todos os processos foram realizados utilizando o método de classificação Intervalos Naturais. A legitimação do modelo não ocorreu por dados empíricos, mas pelo uso continuado do programa que nos indica que os lugares mais centrais estão associados a maior concentração de facilidades urbanas e externalidades conforme os trabalhos que vem sendo desenvolvidos nesta linha de pesquisa. Este trabalho se concentra nas ruas que apresentam as menores centralidades dentro da estrutura intra-urbana, utilizando para os dois primeiros processos distância topológica e para os outros a distância ponderada pela impedância.

O primeiro processo, com carregamentos iguais para todos os eixos, demonstra os potenciais de centralidade da estrutura interna da cidade (Imagem 02). Destaca-se a centralidade da ponte que faz a conexão entre a porção norte e sul da cidade.

Por Valentina Machado

Imagem 02: Processo com carregamentos iguais (1 para todos).

A partir disso foi gerado um novo processo com a inserção de um ponto com carregamento representando a conexão com a cidade de Camaquã, demostrando a forte centralidade da via de acesso à cidade de Arambaré, o que se aproxima mais da realidade. As ruas que apresentam as menores centralidades foram representadas na cor amarela (Imagem 03).

Por Valentina Machado

Imagem 03: Conexão com Camaquã e centralidades com as vias segregadas em amarelo.

Após detectar as vias com centralidades mínimas dentro da estrutura, pretende-se testar a hipótese sobre o que aconteceria com estas vias de centralidades mínimas se existissem melhorias urbanas concentradas em seu entorno. A operação consiste em diminuir a impedância de algumas vias, sugerindo a inserção de melhorias urbanas localizadas nestas vias que atravessam as ruas segregadas de modo a analisar se ganharão centralidade ou se permanecerão com pouca centralidade, porém com maior qualidade.

A inserção destas melhorias em áreas de segregação vai conseguir reanimar a periferia?

Foi então gerado um processo com impedância de 0,1 nas vias em vermelho, que conectam um maior número de vias segregadas (amarelas), uma delas no bairro Costa Doce e a outra no bairro Caramuru (imagem 04). Este processo evidenciou um aumento na concentração de vias segregadas (amarelas) no bairro Caramuru, demonstrando os movimentos intra classe ocorridos no processo.

Por Valentina Machado

Imagem 04: Menor impedância em vias que conectam as segregadas.

No último processo realizado, novamente se definiu uma menor impedância para as ruas conectoras, agregando nesta operação a beira da praia e a ponte configurando uma rede de vias com melhorias urbanas concentradas (vermelhas). Novamente ocorreu uma concentração de vias segregadas (amarelas) no bairro Caramuru e também no bairro Costa Doce (imagem 05). Houve um grupo maior de vias que migrou para classes inferiores.

Por Valentina Machado

Imagem 05: Menor impedância em vias conectoras, beira da praia e ponte.

Através da realização das simulações percebe-se que os valores de carregamento e as impedâncias exercem grande influência na centralidade da cidade, demonstrando que através de melhorias e do aumento das facilidades urbanas é possível modificar a estrutura intra-urbana da cidade.