Este ambiente virtual reúne trabalhos de pesquisadoras/es inscritas/os no grupo de trabalho Antropoéticas: outras (etno)grafias, da 32ª Reunião Brasileira de de Antropologia (RBA). Foi criado para pensarmos alternativas mais inclusivas de interação virtual em um formato que dará ênfase ao que chamamos de “experiências virtuais-sensoriais” (texturas sonoras, fotografias, desenhos, filmes, escrita, poesia, performances etc.).
A exposição faz parte dos Encontros Abra, com atividades complementares à 32ª RBA em que possamos apreender e tecer as re(l)ações e conexões entre os/as participantes para além do momento efêmero do GT em si.
Etnografismos: cartografias da pandemia
Hoje é o dia 71
Anna Ortega
https://streamable.com/np7yn4
Corpo familiar
Potira Faria
https://streamable.com/fq0d65
Integrantes: Olivia von der Weid (coordenação e curadoria); Mateus Sayão; Potira Faria; Pedro Henrique Pietracci; João Pedro de Oliveira Medeiros; Nathália Pinheiro; Rafaela de Paula; Convidada: Anna Ortega
Nas linhas do invisível
Potira Faria
Quando o invisível é o campo, as possibilidades são infinitas. Investigar as fotografias para quem não as enxerga com os olhos, é assumir a existência de brechas invisíveis onde a criação pode existir. Uma tela em branco. Inicialmente o recorte seria: a relação de cegos e fotografia. Porém, em campo, foi ampliada para a relação de deficientes visuais e fotografia. Ainda nesse momento, decidira que caso essa relação existisse e houvesse interesse dos meus interlocutores, bordaria fotografias dos acervos deles (acessibilizando a imagem) como uma restituição.
Na escola onde pesquisei, acionei duas categorias que se apresentavam: a distância e o tempo. A primeira ficou evidente nas diferentes aproximações de cada visualidade. A minha visualidade (assim como a das professoras), chamada de vidente, era a mais distante. Em seguida vinha a baixa visão que buscava a proximidade em diferentes ângulos há cerca de 3cm do papel. Por fim, a cegueira se diferenciava dos outros dois, pois quebrava o distanciamento. O tempo se mostrava similar à distância, mudando gradualmente conforme a visualidade. Como a distância, haviam conflitos entre os alunos, fosse nos quinze minutos para ir ao banheiro ou na pressa em falar o qual era o animal que uma menina cega desvendava com as mãos. O tempo da cegueira dialogava com o tempo tátil, feito pedaço por pedaço (von der WEID, 2015), gradativamente.
Aqui o bordado foi além de uma restituição para se tornar um método de investigação, tendo como fatores fundamentais a tatilidade e temporalidade. Por conta desses atributos, desde a confecção até a sua capacidade de atingir os dedos, é coerente aproximá-lo da deficiência visual. Pensando com Ingold, cada linha colocada na imagem, representava a história contada pela fotografia de arquivo. Junto a isso, o paradoxo de uma fotografia para quem não enxerga se tornou possível. Assim, as fotografias bordadas fazem um encontro perceptivo (visual e tátil) e temporal (distante e próximo).
As tentativas de acessibilizar as fotografias foram feitas ao longo da pesquisa de campo, porém, por conta da pandemia de COVID-19, esses bordados não chegaram as mãos deles. Além do foco nas pessoas cegas que tocariam esses bordados, as cores contrastantes, sempre se diferenciando do tecido, foi pensada para pessoas baixa visão. Aqui exponho esse processo interrompido, um ensaio feito com fotografias do meu acervo para eles.
Convivendo no quilombo de Mituaçu (PB)
Autoras: Aina Azevedo; Aline Paixão, Beatriz Gusmão, Elayne Felix, Gabriela Novaes, Patrícia Pinheiro, Thayonara Santos
UFPB
Desenhando a vida na Cidade: experimentações (etno)gráficas num mercado público paraibano
João Victor Velame
O espaço relativo do “Ser”: o desenho na medi(t)ação do espaço
Tanize Machado Garcia
Antropologia com crianças
Valéria de Paula Martins
O autorretrato e o alter ego – Hildegard Rosenthal
Yara Schereiber
No painel fotográfico é apresentada uma narrativa inovadora por meio de montagem de fotografias de Hildegard Rosenthal, dos anos de 1940, produzidas por uma mulher artista.
Os tipos de fotografias – autorretrato e alter ego – suscitam indagações singulares de temas clássicos da fotografia como retrato, pose e encenação, em interação seja com o real ou com esferas ficcionais, o que aproxima a narrativa da possibilidade de um diálogo com a vertente moderna da fotografia.
Os dois tipos de ensaios apresentam um conteúdo imagético rico ao ser iluminado e explorado pela antropologia como narrativas fotográficas e também a partir de uma análise descritiva e interpretativa. No ensaio dos autorretratos, as especificidades da linguagem e da expressão da fotografia trazem à tona facetas desconhecidas da personalidade e da personagem Hildegard Rosenthal e também da cultura visual do período. É relevante destacar que no ensaio dos alter egos, a fotógrafa expõe um viés ousado, ao criar narrativas ímpares e únicas para a época, em que o foco da encenação é a presença do gênero feminino, sua performance e flanêrie no centro urbano da metrópole paulistana. A partir dessas representações, busca-se provocar uma reflexão sobre o recorte de imagem e gênero nesta linguagem.
Sapatas72
Juliana Fonseca Martins
Mulherio urbano: o lugar de uma artista pesquisadora entre a academia e o artivismo
Marielen Baldissera
“Fazer cultura” na Baixada Fluminense: reinventando resistências e imaginários
Stella Maris Nunes Pieve e Maria Lúcia Bezerra da Silva Alexandre
Respira
Renato Jacques
Fotofilme – experimentação
Alex Nakaóka Elias
Este fotofilme autobiográfico consiste em uma experimentação realizada no início da pandemia e a sua origem se deve a uma atividade reflexiva aceca do conceito de “diário gráfico”, proposto nas reuniões do Laboratório Antropológico de Grafia e Imagem (LA’GRIMA/UNICAMP). Para tanto, retomei alguns álbuns da minha família e fotografei cada uma das imagens, para então narrar, a partir de cada uma das fotos, os meus percursos visuais e rememorativos. Além da presença da imagem como fonte detonadora de memórias, compostas não apenas por eventos factuais, mas por muita imaginação, a trilha sonora também atua como um importante recurso mnemônico.
A cidade caminhante
Alice Dote
Reflexões e reverberações acerca do fazer antropoético
Daniele Borges Bezerra e Claudia Turra Magni
(PPGAnt- UFPel)
Humanos e não-humanos: para um debate acerca das relações entre afetados pelo crime-desastre da Samarco e o rio Doce a partir de materiais textuais e imagéticos
Giovana Martins Araújo
Os sentidos do trabalho de campo
Layla Bomfim
Cartas etnográficas de um guardião do oco do mundo: o peregrino como uma linha de viagem
Robson Luan Gomes dos Santos de Oliveira
Amar é… por Samuel Widmer
Silvia Aguiar Carneiro Martins (AVAL/ICS/UFAL)
Neste filme etnográfico, retrato imagens de cenas de workshops do psiquiatra suíço Samuel Widmer no Brasil. Recito seu poema – Love is – e apresento imagens de seu trabalho com uso de substâncias psicoativas. O poema está em seu livro Listening into the Heart of Things. The Awakening of Love. On MDMA and LSD: The undesired Psychotherapy (Gerolfingen: Basic Editions, 1997). Desde 2007, participei em seus workshops realizados em Japaratinga, Alagoas, quando a cada dois anos, principalmente alemães e suíços vinham ao Brasil para vivenciarem experiências meditativas, espiritualistas e terapêuticas (com substâncias psicoativas), o que incluía o uso ritual da ayahuasca com neoxamãs locais. Trata-se de um filme poético, realizado a partir desses materiais de pesquisa sobre o uso ritual de ayahuasca em Alagoas. É um tributo a Samuel e um elogio ao seu trabalho com Psycholitic therapy que ele associa ao “despertar do amor.” Possui uma versão com legenda em inglês em https://vimeo.com/385335157 .
Equipe:
Organização do ABRA, evento Pré- Ram: Alexsânder Nakaóka Elias, Claudia Turra Magni, Daniele Borges Bezerra, Fabiana Bruno, Patricia Pinheiro.
Concepção da exposição virtual ABRA / Antropoéticas: Alexsânder Nakaóka Elias, Daniele Borges, Hamilton Bittencourt e Patricia Pinheiro
Montagem da exposição: Alexsânder Nakaóka Elias, Daniele Borges Bezerra, Hamilton Bittencourt e Patricia Pinheiro
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