O IV Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica acontecerá entre os dias 17 e 20 de novembro de 2020, de modo totalmente online seguindo a tendência mundial de realização de eventos para este ano. Junte-se a nós, resistamos!
Alexsânder Nakaóka Elias (Unicamp) – alexdefabri@yahoo.com.br
Daniele Borges Bezerra (UFPel)
O presente GT busca refletir sobre os possíveis usos e potencialidades heurísticas, epistemológicas e teórico-metodológicas que envolvem a produção e o agenciamento de imagens nas investigações etnográficas, a partir de um eixo central, concernente ao amplo espectro de questões éticas relacionadas à produção audiovisual nas pesquisas de campo. Tais indagações perpassam todas as etapas do processo de pesquisa, sejam as fases de negociação para a inserção em campo; a investigação propriamente, isto é, as maneiras como tais conteúdos são produzidos; as formas de divulgação dos resultados; assim como os modos de restituição e devolutiva, que buscam responder pergunta: “Como devolver uma imagem”? (Didi-Huberman, 2017; Elias, 2018). Nesse sentido, nos parece imprescindível considerar a necessidade da realização de uma antropologia compartilhada e colaborativa, seguindo os moldes rouchianos, na qual os interlocutores (as) não são pensados (as) como meros objetos de pesquisa, mas como elementos-chave em um processo relacional no qual se estabelecem trocas intersubjetivas com os (as) pesquisadores (as). As imagens serão aqui tomadas como “modos de conhecimento e pensamento” (Samain, 2012), mas que não deixam de se constituir como “capturas”, pontos de vista que nos remetem à própria dimensão ética envolvida nesses processos, o que nem sempre é pensado com a profundidade necessária. Pois, se considerarmos a “ressonância” das imagens (Bezerra, 2019), ou seja, o fato de que elas preservam um vínculo com o seu referente, que continua reverberando no tempo a partir de sua circulação, faz-se necessário perscrutar as múltiplas vidas da imagem e as suas consequentes e múltiplas apropriações.
É fundamental, portanto, refletirmos sobre uma “sensibilidade ética” (Diniz, 2008) relacionada à produção, apropriação e agenciamento de imagens nas investigações em Ciências Humanas. Ética que esteja, portanto, engajada (articulada) às sensibilidades específicas de cada contexto, como parte constituinte do processo dialógico estabelecido em campo.
Ademais, seria impossível ignorar o atual contexto de exceção por nós vivido, no qual, devido à pandemia da Covid-19, nos vemos forçados a alterar nossas formas de interação, impelidos pela necessidade de distanciamento social. No limite, a crise sanitária deflagrada globalmente, extremada em sua dimensão política particularmente no Brasil, nos faz indagar sobre outras formas de dar seguimento aos trabalhos de campo, que envolvam os mais variados usos e apropriações das imagens.
Dessa forma, aceitaremos trabalhos fruto de investigações já finalizadas, além de contribuições oriundas de pesquisas em seus variados estágios de desenvolvimento, perpassadas ou não pelas intempéries e desafios da pandemia, a partir de reflexões que abordem questões éticas relacionadas à produção, circulação e restituição de material imagético.
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