O projeto Arqueologia e História indígena do Pampa tem como objetivo realizar um estudo de arqueologia regional, em vias de compreender as diferentes facetas histórico-culturais do sistema de assentamento dos grupos construtores de Cerritos e grupos Guarani na porção meridional da Laguna dos Patos e serra do Sudeste. Sabe-se, até o momento, que as ocupações indígenas que habitaram a bacia hidrográfica da laguna dos Patos remontam a um passado milenar, chegando a, pelo menos, 2500 anos antes do presente. Entre as populações mais antigas da região do litoral e pampa há os grupos construtores de cerritos, que habitavam, preferencialmente as áreas de banhado dominando e manejando esses ambientes alagadiços em suas atividades quotidianas. Em torno de 800 anos antes do presente, a chegada dos grupos Guarani teve um impacto significativo, reconfigurando o ambiente litorâneo e serrano, disputando espaços territoriais com os grupos cerriteiros. Com a invasão das populações europeias, a partir do século XVI, o cenário histórico e cultural foi rearranjado na região, gerando um forte impacto demográfico e cultural nas sociedades indígenas.
O projeto Arqueologia dos cerritos em Unidades de Conservação da bacia hidrográfica Patos-Mirim, sul do Brasil versa sobre a arqueologia dos cerritos do bioma Pampa e litoral sul-brasileiro a ser realizado em três Unidades de Conservação na bacia hidrográfica Patos-Mirim, litoral sul do estado do RS, fronteira com o Uruguai. Em um estudo de Arqueologia Regional com uma abordagem nas várias escalas da Paisagem lagunar do complexo Patos-Mirim, busca-se compreender o sistema de assentamento dos grupos construtores de cerritos, evidenciando as práticas de manejo de solos, construção e apropriação dos espaços alagadiços, a composição de aldeias e suas áreas adjacentes, assim como aspectos da cultura material, dieta alimentar e economia, fluxo, genética e mobilidade de pessoas, ideias e coisas. No campo da militância política e social para preservação do patrimônio ambiental e cultural, o projeto subsidiará tomada de decisões técnicas e políticas sobre os planos de manejo das Unidades de Conservação da Estação Ecológica do Taim, em Santa Vitória do Palmar, do Parque Estadual Camaquã, em Camaquã, e para a implantação da UC do Pontal da Barra, Pelotas. O projeto tem uma dimensão patrimonial que envolve o recadastramento de sítios arqueológicos, atividades educativas e de divulgação científica junto a comunidades escolares desses municípios. A proposta é composta por doutores/as de universidades do Brasil e do exterior (Espanha e Uruguai), buscando-se uma equipe de especialistas para contribuir com maestria na resolução dos problemas de pesquisa do projeto. A proposta é desenvolvida no âmbito de convênios internacionais e acordos de cooperação com entidades locais e tem articulação com a formação de jovens estudantes (graduação) e profissionais em qualificação (pós-graduação). É, neste sentido, um projeto que envolve ações de ensino, pesquisa, extensão e militância pela preservação do patrimônio arqueológico.