‘Professora e super-heroína’

‘PROFESSORA E SUPER-HEROÍNA’

Quantos de nós nunca ouvimos dizer que as professoras são super-heroínas? Quantos de nós já não ficamos emocionados com relatos de professores que assumiram mais responsabilidades do que se imagina ser humanamente capaz, mas deram a volta por cima e com esforço e dedicação mudaram a vida das crianças e alunos?
Aplaudimos a sobrecarga de trabalho dos professores. Esperamos que eles se virem com o mínimo possível e que, de preferência, tirem de seus salários os materiais necessários para suas práticas.
Mesmo agora no cenário pandêmico em que nos encontramos, momento em que, supostamente, tornamo-nos mais empáticos, ainda assim somos incapazes de ver a pessoa do outro lado da tela. Mesmo agora, tendo acesso a uma pequena parte da casa e da vida dos professores, através de vídeos, fotos e chamadas, parecemos esquecer que antes e juntamente com qualquer coisa, esses profissionais são pessoas, com sonhos, desejos, famílias, cobranças, expectativas … pessoas, não super-heróis.

Ainda que sem a intenção, incentivamos a precarização do trabalho dos professores. Inconscientemente, fomos construindo e cultivando a imagem do professor ideal, o “Professor Super-herói”. Aquele que faz muito com e por pouco. Aquele que faz apenas por amor. Aquele que vive para a docência, deixando família, amigos, sonhos … para segundo plano. Dissolver essa visão de professor não é fácil. O mito do professor super-herói está nos filmes, nos livros, nas séries, nos jornais, nas redes sociais. Ele está enraizada em nós e é constantemente fomentado pela cultura que produzimos e consumimos.

Como contribuir com a desmistificação desse personagem criado e amplamente midiatizado? Como então mostrar apoio aos professores e às práticas excepcionais que estes desenvolvem? Como contribuir com o encerramento desse ciclo? Desapegar de ideias cristalizadas e buscar desfazer construções sociais exige reflexão, tempo e estudo. É pôr-se em um estado de permanente reflexão sobre aquilo que chega até mim, sobre aquilo que entendo sobre o sentido da docência e sobre o que reproduzo com minhas condutas.

Colocar-se no lugar do profissional é uma boa maneira de começar. Como você lidaria com essas expectativas? Como você reagiria frente a essas cobranças?
Foto encontrada em: https://comunidadesebrae.com.br/empreendedorismo-feminino/mulheres-em-home-office-vamos-falar-um-pouco-mais-sobre-isso