Professora de Educação Infantil não alfabetiza (?)
Você já falou ou ouviu alguém falando isso?
Recentemente, temos acompanhado um movimento de valorização e divulgação das práticas pedagógicas da primeira infância. Em parte, esse movimento busca desconstruir a ideia equivocada de que a Educação Infantil serve apenas como preparação para o Ensino Fundamental.
Acompanhando esse movimento, ouvimos com mais frequência professoras defendendo a importância do brincar, do trabalho com múltiplas linguagens e professoras defendendo o desemparedamento da infância. Mas, junto com essa valorização, há quem afirme que as professoras da Educação Infantil não alfabetizam. O que tem por trás dessa afirmação?
Muito se fala sobre as habilidades de motricidade fina, que são desenvolvidas e aprimoradas na primeira infância. O que, porém, esquecemos é que também nesse período desenvolvemos práticas sociais de familiarização de leitura e escrita, um processo cotidiano de letramento que vai além da consciência fonológica. Trabalhamos e construímos jogos, poemas e parlendas que ressignificam e apoiam as hipóteses das crianças sobre os signos linguísticos, seus sons e grafias.
Além disso, há também o pensamento matemático, imagético e simbólico acontecendo na Educação Infantil. As crianças constroem hipóteses sobre a classificação, seriação, conservação e ordenação diariamente em suas brincadeiras e interações sociais. Elas reconhecem símbolos e trabalham com as imagens que fazem parte do mundo ao seu redor.
Ou seja, alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever no sentido tradicional. Não acontece apenas em salas de aulas com classes e cadeiras organizadas. Ela ocorre nos movimentos intencionais que diariamente são construídos nas salas de referências com os pequenos, com sensibilidade e experiências significativas que permitem às crianças se apropriarem dos códigos que estruturam o mundo.
E você, ainda acha que letras e números são conteúdos proibidos na Educação Infantil?


