A cidade que hoje é lócus de todos, é também o maior símbolo desta artificialização, desta distância dos seres humanos e da natureza. E na cidade que o esgoto, a poluição da água e o resíduo sólido mostram o quanto a natureza está maltratada, mas também maltratados estão boa parte das pessoas que comem mal ou não comem, vivem em habitações precárias e sofrem sem ter empregos. A cidade que artificializou, excluiu a natureza, produziu um espaço geográfico no qual as desigualdades sociais são latentes. E nesta cidade que possui tantos problemas sociais, que são também ambientais, é que se deve pensar em alternativas, para que o direito às cidades tenha a sua urbanidade voltada para uma racionalidade ambiental

As hortas permitem a produção de alimentos, mas ao usar insumos para sua implementação permitem minimizar o lixo nas cidades, uma vez que promovem a reciclagem de nutrientes; ajudam a manutenção da biodiversidade urbana, pois permitem que plantas e animais habitem a cidade; uma vez que estão em terrenos muitas vezes com entulhos, melhoram a limpeza das cidades, transformando a estética do urbano; proporcionam espaço de lazer e sociabilidade para quem trabalha, mas também para quem visita as hortas; criam espaços para desenvolvimento de educação ambiental de escolas e comunidades; contribuem para segurança alimentar e para práticas medicinais alternativas e mais baratas, uma vez que passam a serem consumidos produtos mais saudáveis; atuam no combate a fome, pois passa a se produzir o que come e contribuem para o estabelecimento de uma relação diferente com o consumo, valorizando o que é produzido pelo grupo.