GDISPEN presente na Sala de Situação durante a crise climática

Com a chegada das cheias na região sul do RS, desde o início de maio, por 28 dias, professores e técnicos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se dedicaram de forma voluntária a assessorar cientificamente o poder público e a Defesa Civil de Pelotas,  visando incentivar a gestão pública no desenvolvimento de soluções eficazes para avaliação de risco ao evento de inundação, ampliando assim a capacidade de resposta a esse evento extremo. Graças à contribuição desses especialistas, foi possível acompanhar o comportamento dos ventos e a elevação das águas com mais precisão, auxiliando a tomada de decisões, o desenho das áreas de risco e a necessidade de evacuação. 

O grupo de pesquisadores interdisciplinares, que contou com matemáticos, meteorologistas, hidrólogos, engenheiros e economistas, enfrentou a dificuldade de acompanhar dados em tempo real. Durante as interações, os diversos membros vinculados à UFPEL,  se empenharam na identificação de monitoramento hidrológico, modelagem hidrológica, modelagem espacial (topografia), modelagem temporal de deslocamento de massas de água (modelagem hidráulica) e previsões meteorológicas (vento/chuva). 

Os pesquisadores do GDISPEN, Daniela Buske e Régis Sperotto de Quadros, juntamente com o pós doutorando Leonidas Alejandro Arias Baltazar,  colaboraram com a equipe utilizando o software de modelagem hidráulica HEC-RAS, desenvolvido pelo Centro de Engenharia Hidrológica do Exército dos Estados Unidos, para simular a área a ser atingida, profundidade da água e tempo de chegada da massa de água na região. Se esta informação for conhecida com anterioridade, um mapeamento da inundação pode ser realizado, o qual permite tomar decisões como a evacuação de pessoas que vivem em regiões afetadas para diminuir os danos. As estimativas do modelo tiveram foco na cidade de Pelotas e arredores (colônia Z3 e Laranjal),  além das principais cidades da lagoa dos Patos, bem como da lagoa Mirim. Com sucesso, os pesquisadores conseguiram estimar com precisão a chegada das águas do primeiro pico do Guaíba, e também o recuo das águas, momentos estes que foram decisivos na tomada de decisão das autoridades.

Como uma forma de manter o registro histórico das divulgações dos resultados das simulações durante a crise climática uma página foi adicionada ao site do GDISPEN e conta um pouco da atuação da equipe: https://wp.ufpel.edu.br/fentransporte/na-midia-inundacoes-pelotas-2024/

A colaboração entre pesquisadores e autoridades locais na aplicação de modelos matemáticos representa um exemplo paradigmático de como a ciência pode ser mobilizada em prol da segurança e bem-estar da população em tempos de crise climática.