Arquivos de dezembro 2022

1000 dias de COVID-19 em Pelotas / RS

No dia 19/12/22 Pelotas atinge a marca de 1.000 (mil) dias desde o primeiro caso confirmado de COVID-19 no município. Neste post os pesquisadores do GDISPEN apresentam um resumo sobre os dados de casos confirmados, óbitos, hospitalização e vacinação desses mil dias da pandemia de COVID-19 no município de Pelotas/RS. A base de dados utilizada é da secretaria de saúde de Pelotas, disponível em (http://painel-covid.pelotas.com.br/). O período de dados utilizado para a análise, vai de 25/03/2020 a 17/12/2022 (fechamento da semana  epidemiológica de nº 50).

O município de Pelotas possui cerca de 343 mil habitantes (IBGE, 2010), sendo a maior cidade da região sul do Rio Grande do Sul. O primeiro caso de COVID-19 registrado no município foi no dia 25/03/20 (data da divulgação à população), 15 dias após a confirmação do primeiro caso no estado do RS. O primeiro óbito foi registrado três meses depois, no dia 20/06/20. Durante os mil dias de COVID-19 no município, o maior número de óbitos foi registrado em 18/03/21, com 15 óbitos. Em 26/01/22, registrou-se o maior número de casos novos em um único dia, totalizando 1312 casos. No dia 14/08/22 houve o registro do caso confirmado de nº 100.000 (cem mil).

No ano de 2020, Pelotas registrou 15.732 casos de COVID-19 e 274 mortes. Já em 2021, foram 35.748 casos e 1.002 mortes. Do início de 2022 até o dia 17/12, data em que esta matéria foi redigida, o município de Pelotas registrou um total de 53.727 casos e 277 mortes. É importante destacar que o número de casos reais provavelmente é bem maior do que o registrado, principalmente devido ao aumento de auto testes vendidos em farmácia em 2022. O resultado do auto teste não é de notificação obrigatória, portanto, é provável que muitos testes positivos não tenham sido notificados à vigilância epidemiológica do município, não sendo contabilizados.

Durante os mil dias de COVID-19, Pelotas registrou um total de 105.216 casos e 1.553 óbitos. Nos últimos 30 dias (17/11 a 17/12), a cidade registrou um total de 1.728 casos (média de 57,6 casos/dia) e nenhum óbito. De 17/10 a 16/11 foram registrados 296 casos (média de 10 casos/dia) e 3 mortes, ou seja, um aumento de aproximadamente 6 vezes mais casos/dia.

A incidência atual é de 30.728 casos por 100.000 (cem mil) habitantes e a mortalidade é de 454,56 óbitos por cem mil habitantes, isto é, a cada 100.000 pelotenses, 454 foram a óbito por COVID-19. A taxa de letalidade é de 1,48%, ou seja, a cada 1.000 (mil) pessoas diagnosticadas com COVID-19, 15 foram a óbito. Além disso, em 17/12, Pelotas possui 102.909 pessoas recuperadas (97,8%) e 754 casos ativos (0,72%). Cumpre observar o aumento de casos ativos nos últimos 30 dias: em 17/11 eram apenas 52 casos ativos, e em 17/12 o número é 754.

Fazendo um comparativo com a incidência e mortalidade no estado e no país: em 17/12 a incidência por 100.000 habitantes no Rio Grande do Sul foi de 24.910,3 e no Brasil 17.068,8. A mortalidade nesta mesma data, no estado foi 363,7 e no Brasil 329,2. Portanto Pelotas se mantém com os valores de incidência e mortalidade superiores aos das esferas estadual e federal.

A Figura 1 abaixo apresenta o número de casos registrados e a média móvel nesses mil dias no município de Pelotas. Nota-se uma certa estabilidade na média móvel entre novembro de 2020 e junho de 2021, seguido de queda. No primeiro trimestre de 2022 observa-se o maior pico de casos novos, reflexo da alta transmissibilidade da sub variante da Ômicron, BA.5. Novo pico ocorreu no meio do ano de 2022, porém com menor número de casos novos comparado ao pico anterior. Em setembro, o número de casos entra em queda, mantendo a transmissão em níveis baixos até meados de novembro, período em que há sinal de aumento da transmissão do vírus.

Figura 1. Número de casos diários e média móvel de COVID-19 no município de Pelotas/RS.

Na figura abaixo, verifica-se a variação do Rt desde o início da pandemia na cidade. Passados mil dias, o Rt está em 1,42, ou seja, 10 pessoas infectadas transmitem o vírus da COVID-19, em média, para 14 pessoas. Desde 15/11 o Rt está acima de 1,0 o que sinaliza crescimento da epidemia no município.

Figura 2: Valores do Rt médio em Pelotas/RS.

Sobre a vacinação: A primeira pessoa foi vacinada em Pelotas em 19/01/2021. Até o momento, aproximadamente 85% da população pelotense foi vacinada com a segunda dose ou com esquema vacinal único (92% da população vacinável, isto é, pessoas com 3 anos ou mais). 63% da população recebeu a terceira dose, ou primeiro reforço, o que representa 80% da população vacinável. Apesar disso, ainda existem importantes desigualdades na vacinação em termos de faixa etária. Sobretudo na população entre 18 e 39 anos, a cobertura para dose de reforço ainda está abaixo de 60%.

Na Figura 3, temos a ocupação dos leitos de enfermaria e UTI por causa da COVID-19 ao longo dos 1.000 dias de COVID-19 em Pelotas. Nota-se a partir de julho de 2021 uma diminuição expressiva nas ocupações de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI. Isso ocorreu devido ao avanço da vacinação da população, pois as vacinas contra COVID-19 reduzem os casos graves da doença. Observa-se que o pico de ocupação ocorreu entre março e julho de 2021. Este também foi o período crítico da pandemia em Pelotas, onde, além da superlotação nos leitos de UTI e enfermaria, houve uma grande quantidade de casos simultâneos.

Figura 3. Ocupação de enfermaria por pessoas com COVID-19 em Pelotas/RS.

Ao longo desses mil dias, a epidemia de COVID-19 em Pelotas passou por diferentes estágios, desde a alta transmissão com alto número de internações hospitalares e óbitos, até o período atual de maior controle, com número reduzido de óbitos. A vacinação, o trabalho feito pela vigilância epidemiológica, a colaboração da população, entre outros, são fatores essenciais no controle da epidemia.

O padrão da epidemia de COVID-19 ainda não é inteiramente conhecido e a circulação do vírus pode resultar no surgimento de variantes que mudem mais uma vez o que já se conhece do vírus. Além disso, a COVID longa, que é a persistência de sintomas por mais de quatro semanas após a infecção, é uma preocupação de saúde pública. Ela pode estar presente mesmo nas pessoas que tiveram COVID-19 leve, ou seja, que tiveram sintomas leves sem necessidade de atendimento médico.

Sendo assim, nós reforçamos a importância da vacinação com as doses de reforço disponíveis e reafirmamos a necessidade do trabalho contínuo da vigilância epidemiológica no monitoramento e análise da transmissão da COVID-19.

Com as festas de final de ano se aproximando, reforce a higiene das mãos, prefira ficar em ambientes ventilados, use máscara em ambientes com aglomeração e se tiver sintomas respiratórios, faça um teste para COVID-19.

Este estudo tem a finalidade principal de informar à população acerca do histórico da COVID-19 no município de Pelotas/RS, realizado por pesquisadores desta cidade para moradores dela. Ao longo da pandemia, a pesquisa do GDISPEN também teve objetivos acadêmicos e científicos, mostrando a grande aplicabilidade da modelagem matemática em problemas reais. As discussões, opiniões, ideias e publicações geradas ao longo deste período são de autoria dos respectivos autores, e não necessariamente representam aquelas das instituições a que estes pertencem. A equipe do GDISPEN aproveita para agradecer à Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas, na pessoa da Sra. Candida Rodrigues, pelo auxílio com os dados de hospitalizações.

Responsáveis: Daniela Buske, Régis Sperotto de Quadros, Glênio Aguiar Gonçalves, Gustavo Braz Kurz e Bianca de Oliveira Cata-Preta