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Sétima temporada – Adaptação de contos infantis (2019/2)

24 FRAMES DE LITERATURA | SÉTIMA TEMPORADA

ADAPTAÇÕES DE CONTOS INFANTIS

2019/2

 

Coordenador: Prof. Dr. Samuel Carlos Melo

Local: Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus Oeste/UnU Iporá

 

Diferente da literatura denominada como “adulta”, é possível identificar um contexto de surgimento da Literatura Infantil: o período de ascensão da família burguesa, cujo símbolo máximo foram os eventos que cercaram a Revolução Francesa, em 1789. A Literatura Infantil surge como um instrumento pedagógico para reforço da nova concepção de vida da burguesia, calcada na ideia de família celular e em um novo entendimento sobre a infância. Diante da necessidade de manutenção ideológica, nesse período, escritores passaram a adaptar histórias, geralmente recolhidas da cultura popular da Idade Média, com o intuito de fornecer às crianças uma fonte moralizadora, um instrumento que auxiliasse os adultos na formação dos futuros burgueses, no caso das crianças ricas, e na constituição de mão de obra, no caso dos pobres. Essas histórias, que na origem compõem narrativas de uma memória coletiva em que o conceito moderno de infância não existia, são reelaboradas e modificadas para se adequarem ao conjunto de valores que se estabeleciam naquele período. Diversas lendas e narrativas folclóricas orais europeias passaram por múltiplas transformações nos elementos que compunham sua estrutura, acarretando em marcas que podem dar uma dimensão de transformações históricas e sociais e, mais especificamente, uma visão do papel paradoxal dessa literatura na formação do leitor infantil, alternando entre uma posição autoritária e de emancipação do indivíduo.

Com o desenvolvimento da indústria cinematográfica e, ainda, o advento do desenho animado, essas histórias também ganharam suas versões para as telas. Tendo como fonte, principalmente, as coletâneas dos Irmãos Grimm, Walt Disney é a principal referência dessas adaptações cinematográficas, sendo o estúdio que mais produziu animações no ocidente. Entretanto, estúdios como a Universal Pictures e, mais recentemente, DreamWorks Animation, também produziram adaptações de contos infantis clássicos, estabelecendo um intrigante horizonte para análise. Nesse sentido, esta temporada propõe refletir sobre o processo de adaptação cinematográfica dos contos infantis e, por meio de comparação com suas fontes literárias, analisar os efeitos de sentido provocados pela permanência ou alteração de elementos dessas narrativas, considerando as transformações da perspectiva sobre o papel da Literatura (Arte) na infância desde sua origem como um instrumento pedagógico da burguesia.

 

Cronograma

 

08/08 – O estatuto da Literatura Infantil

O surgimento da Literatura Infantil no contexto da ascensão da burguesia como resultado da associação da criação de histórias com a pedagogia.

29/08 – Os contos de fadas e o cinema

Trajetória histórica das adaptações de contos infantis para o cinema.

12/09 – “João e o Pé de Feijão”

Estudo comparado das versões do conto “João e o Pé de Feijão” de Joseph Jacobs (1890) e Dinah Maria Mulock Craik (1949) com as adaptações em desenho animado Michey e o pé de feijão (Walt Disney, 1947) e Pica-Pau e o pé de feijão (Universal Studios, 1966).

26/09 – “Chapeuzinho Vermelho”

Estudo comparado das versões do conto “Chapeuzinho Vermelho” de Charles Perrault (1697) e dos Irmãos Grimm (1812) com as adaptações The Big Bad Wolf (Walt Disney, 1934) e Hoodwinked! (The Weinstein Company, 2005).

17/10 – “A Bela Adormecida”

Estudo comparado do conto “Sol, Lua e Tália”, de Giambattista Basile (1634), e “A Bela Adormecida no Bosque”, de Charles Perrault (1697), com os filmes Sleeping Beauty (Walt Disney, 1959) e Maleficent (Walt Disney, 2014).

31/10 – “O Flautista de Hamelin”

Estudo comparado do conto “O Flautista de Hamelin”, dos Irmãos Grimm (1816), e o poema O Flautista de Manto Molhado em Hamelin, de Robert Browning (1842), com a animação The Pied Piper (Walt Disney, 1933) e Shrek Forever After (DreamWorks Animation, 2010).

07/11 – “A Pequena Sereia”

Estudo comparado do conto “A Pequena Sereia”, de Hans Christian Andersen (1837), com o filme de animação The Little Mermaid (Walt Disney, 1989).

 

Foto do último encontro desta edição. Acervo pessoal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia geral

 

ANDREW, J. D. As principais teorias do cinema: uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, Arte e Política. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985 (Obras escolhidas, v. I).

CARVALHAL, T. F. Literatura comparada. São Paulo: Atica, 1986.

ECO, Umberto. Semiótica e filosofia da linguagem. Tradução: M. Fabris e J. L. Fiorin. São Paulo; Ática, 1991.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, análise, didática. 16° ed. São Paulo: Moderna, 2000.

__________. O conto de fadas: Símbolos mitos arquétipos. São Paulo: DCL, 2003

STAM, R. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. Ilha do Desterro: Florianópolis, nº 5, p. 019- 053, jul./dez. 2006.

ZILBERMAN, Regina; CADERMATORI MAGALHÃES, Ligia. Literatura infantil: emancipação e autoritarismo. São Paulo: Ática, 1987.