Por João Victor Rodrigues/Superávit Caseiro

No último domingo, 1° de maio, foi comemorado o Dia do Trabalho. A data internacionalmente conhecida tornou-se ao longo dos anos feriado em diversos países, homenageando os trabalhadores. A origem do Primeiro de Maio ocorreu através das lutas trabalhistas possuindo diferentes características em cada país.

Na cidade americana de Chicago, trabalhadores enfrentavam uma jornada de trabalho superior a doze horas por dia sob condições degradantes como baixo salário, sem direito a folga e condições de segurança inexistentes. Em 1° de maio de 1886, trabalhadores ligados ao movimento anarcossindicalismo iniciaram protestos em busca de uma redução da carga horária trabalhista para oito horas diárias. Porém foi no dia 4 de maio de 1886 que as manifestações se tornaram conhecidas com a explosão de uma bomba Praça Haymarket, em Chicago, ocasionando a morte de policiais e manifestantes. Mesmo sem o conhecimento da autoria da explosão, policiais reagiram contra os manifestantes aumentando os números de mortos e feridos.

Após o ocorrido, mesmo com a ausência de provas de sua culpa, os líderes do movimento trabalhista de Chicago foram presos e quatro deles foram condenados à morte, tornando-se Mártires de Chicago.

Mas quando a data se tornou feriado?

Em 1919, na França, foi aprovada uma lei determinando que a jornada de trabalho fosse de oito horas diárias e determinando a data como feriado nacional. No ano seguinte foi a vez da Rússia oficializar a data como feriado.

No Brasil, o primeiro de maio começou a ganhar importância no fim do século XIX. As primeiras manifestações no país foram organizadas por militares socialistas e ocorreram em 1891. Esses eventos aconteciam com a aglomeração dos trabalhadores em locais importantes das grandes cidades brasileiras, apresentações musicais, passeatas, disparo de fogos de artifício e também a realização de discursos de trabalhadores exaltando a classe.

Ao longo dos anos, o movimento operário ganhou força para realizar grandes feitos como a Greve Geral de 1917, que paralisou mais de 50 mil trabalhadores do estado de São Paulo. A greve se tornou comum nos dias 1° de maio de cada ano, já que ainda não era feriado no país. Foi só em 1924, durante o governo de Artur Bernardes, que a data passou a ser considerada feriado, ganhando mais importância em outro governo, o de Getúlio Vargas com seu projeto político de aproximação com as classes trabalhadoras durante o Estado Novo.

Voltando para a contemporaneidade, o 1° de maio deste ano marcou a volta dos trabalhadores às ruas após a pandemia de Covid-19. Os atos, espalhados pelas principais cidades brasileiras, trazem protestos contra os altos índices da inflação, baixo salários, mudanças no mercado de trabalho e o elevado número de desempregados que encerrou o ano de 2021 com 12 milhões de desempregados, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em um levantamento realizado com base nas novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global, a Agência de risco Austin RATING classifica o Brasil como a nona pior estimativa de desemprego no ano, de 13,7%, em um ranking de 102 países. Se compararmos com países do G20, ficamos atrás apenas da África do Sul, com um índice de desocupação de 35,2%.

Em entrevista para o jornal Correio Brasiliense, a professora desempregada Elisângela Alvarenga de Souza, da cidade de Migrante (ES), já pensou em desistir de procurar por um emprego. “Chegar ao Dia do Trabalho em 2022, pós-graduada, com experiência profissional e sem trabalho é frustrante e, muitas vezes, desesperador, principalmente na segunda quinzena do mês, quando a geladeira esvazia”, afirmou o periódico.

Superávit Caseiro ouviu trablahadoras sobre a passagem da data em 2022

Os dados de desemprego no país obtiveram uma melhora em comparação com o ano passado, que chegou a marca de 15,3 milhões e com uma taxa de desemprego que ficou em 14,9%, segundo o IBGE. Alguns setores, como a Construção Civil, vem recuperando a geração de empregos, segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência. Através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o setor registrou alta de 150% na geração de novas vagas. Foram, ao todo, 244.755 novos postos de trabalho.