Voltar para Linhas de Pesquisa

MACSA em áreas mineradas

 

PROJETOS DE PESQUISA EM ANDAMENTO COORDENADOR(A)
Avaliação física, química e microbiológica a longo prazo na regeneração de um solo construído na área de mineração de carvão de Candiota-RS Lizete Stumpf
A mineração de carvão a céu aberto causa um grande impacto ambiental. A cava aberta para a retirada do carvão é preenchida com materiais anteriormente removidos e recoberta com uma fina camada de solo superficial. O perfil do solo construído resultante é profundamente modificado, com reflexos negativos nos atributos físico-hídricos, químicos e biológicos. A revegetação lenta e irregular favorece o escorrimento superficial e a erosão severa, que expõe a camada de estéril rica em pirita, o que provoca uma reação de acidificação intensa, comprometendo o ecosistema. Neste contexto, este projeto tem por objetivo continuar a avaliação, ao longo do tempo, do efeito de diferentes sistemas de vegetação sobre a recuperação das funções de um solo construído em área minerada de carvão de forma a atingir qualidade suficiente para manter sistemas agropastoris sustentáveis. Para tal, serão utilizados dois experimentos instalados no verão de 2003/2004 financiados pelo CNPq Edital 01/2002, sendo o primeiro com plantas de cobertura de verão consorciadas com culturas perenes de inverno e o segundo com doses de calcário e parcelamento de aplicação. Serão avaliados os atributos físicos, químicos e biológicos do solo em função dos diferentes sistemas de cobertura e das diferentes aplicações de calcário.
Recuperação dos solos construídos e controle ambiental na área de mineração de carvão de Candiota – RS Luiz Fernando Spinelli Pinto
O projeto de pesquisa tem como objetivo realizar a irrigação controlada de efluente tratado (chorume) do aterro sanitário de Candiota sobre solos construídos visando a fertirrigação do perfil e a maximização do crescimento de vegetação, da população de organismos edáficos e do teor de matéria orgânica das áreas degradadas pela mineração e atualmente em regeneração. O trabalho será realizado na mina de carvão de Candiota, pertencente à Companhia Riograndense de Mineração, localizada no município de Candiota/RS, situado a 140 km de Pelotas, numa área experimental recomposta topograficamente com adição de topsoil e sob revegetação com gramíneas. O chorume a ser aplicado na área experimental advém do Aterro Sanitário Metade Sul, sob coordenação da Meioeste Ambiental. Antes da aplicação do chorume, serão coletadas amostras de solo nas camadas de 0,00-0,10 e 0,10-0,20 m, para a para a determinação de atributos químicos, físicos e biológicos do solo. O tamanho das parcelas será definido após a disponibilização da área teste pela Meioeste Ambiental. Serão testadas três taxas de aplicação dochoru me: 1) dose calculada conforme o parâmetro Nitrogênio Total encontrada na água de reuso e a carga aplicada não deverá exceder as recomendações de adubação para a cultura adotada (gramíneas perenes de verão possivelmente); 2) metade da dose calculada; 3) dobro da dose calculada. Dois tratamentos testemunhas também constarão no experimento: uma testemunha negativa: área sem aplicação de chorume; e uma testemunha positiva: dose de NPK utilizando adubação química, expressa em kg/ha, conforme tabelas constantes no “Manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, elaborado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo-Núcleo Regional Sul. Após a aplicação dos tratamentos, os atributos químicos, físicos e biológicos do solo construído serão monitorados a curto, médio e longo prazo.
Comportamento geoquímico de elementos potencialmente toxicos (EPTs) em solos da mina de Candiota-RS após duas décadas de regeneração: Perspectivas de risco ambiental, ecológico e a saúde

 

Jakeline Rosa de Oliveira

 

O Brasil possui a décima maior reserva mundial de carvão. O Estado do Rio Grande do Sul detém mais de 90% das reservas nacionais, sendo que as maiores jazidas encontram-se em Candiota. A reserva de carvão da Mina de Candiota é estimada em 1,2 bilhão de toneladas, com mineração a céu aberto em grande escala. A atividade mineira traz importantes benefícios económicos e sociais, no entanto, a mineração e queima de carvão são atividades potencialmente poluidoras que podem liberar altas concentrações de cinzas e elementos potencialmente tóxicos (EPTs) como o cádmio, cobre, ferro, manganês, chumbo, zinco alumínio, metalóides tóxicos, por exemplo, arsênico, selênio, mercúrio e sulfatos no meio ambiente. Assim, após minerar as áreas, é necessário minimizar os problemas ambientais, e recuperar a área. O processo de recuperação da área minerada se inicia-se com a recomposição topográfica com a inserção de solo nas cavas de mineração e em seguida com a revegetação da área. Estudos mostram que mesmo após esse processo de recomposição topográfica e regeneração vegetal, solos das áreas de mineração podem conter elevados teores de EPTs e serem transportados pela erosão hídrica e eólica por longas distâncias ou deixados para trás como rejeitos. A avaliação do risco ambiental dos EPTs no solo é uma referência importante para identificar o grau de poluição e desenvolver estratégias de prevenção da poluição. Os EPTs acumulados nos solos podem causar grande ameaça à saúde humana e ao ambiente natural devido à sua alta toxicidade, persistência e alto potencial de bioacumulação. No entanto, em comparação com investigações que envolvem riscos ambientais e ecológicos de EPTs em solos, as investigações que foram realizadas para avaliação de riscos para a saúde humana associados a EPTs em solos são muito menos numerosas. Assim, o principal propósito desse projeto será o de contribuir para uma melhor compreensão sobre comportamento geoquímico de EPTs em solos da mina de Candiota-RS após duas décadas de  regeneração. Desse modo, esse projeto visa responder as seguintes perguntas: 1) Após esse processo de recomposição topográfica e vegetativa os teores de EPTs no solo estarão em níveis recomendados pela legislação após duas décadas; 2) as concentrações dos EPTs após duas décadas de regeneração de área minerada podem representar um risco ambiental, ecológico e a saúde humana?  A metodologia envolverá a coletada de amostras de solo em diferentes profundidades e analisadas quanto aos teores de EPTs, conforme o método 3050B da USEPA, seguido pela avaliação de riscos ambientais e ecológicos, utilizando métodos como o Fator de Enriquecimento (FE) e o Índice de Risco Ecológico (Re). Além disso, serão aplicados modelos de risco à saúde humana para avaliar os potenciais impactos na saúde das comunidades locais. Os resultados esperados incluem uma compreensão mais profunda dos riscos ambientais e ecológicos associados às áreas de mineração restauradas, a identificação de áreas prioritárias para intervenção e a implementação de medidas de mitigação adequadas. Além disso, espera-se compreender como a presença de EPTs nos solos restaurados afeta a biodiversidade local, incluindo a saúde de organismos do solo, vegetação e fauna associada. Portanto, esse projeto de pesquisa pode fornecer informações inéditas sobre o comportamento e a distribuição de EPTs em solo de mina de carvão de Candiota após duas décadas de regeneração da área e fornecer base científica para políticas públicas que visem o controle de emissões de EPTs para o ambiente.