Estudo da área urbana de Herval: expansão, área verde e conexões

Publicado por Flávia Pagnoncelli Galbiatti

Na proposta da disciplina ‘Oficina de Modelagem Urbana’, ofertada pelo PROGRAU/ UFPel no semestre condensado de 2020, trabalhou-se com a área urbana de Herval, buscando entender as relações de configuração do espaço, a partir do software UrbanMetrics, com ênfase no modelo de Centralidade. O município de Herval está localizado na fronteira sul do estado do Rio Grande do Sul, com população de aproximadamente 7 mil habitantes

A modelagem utilizada para este trabalho foi a marcação de pontos nas esquinas. Segundo Krafta (1996), o mapa pontual-axial há uma entidade espacial complexa representada por um ponto em um grafo nas esquinas, unindo conectividade e definição pontual. Os pontos são posicionados nas esquinas e conectados aos pontos adjacentes (figura 1).

Segundo Zechlinski e Krafta (2013), para identificar os prováveis centros locais pode-se utilizar a medida de centralidade, desenvolvida com base no Modelo de Centralidade de Krafta (1994), que é calculada “por um processo que identifica os menores caminhos que conectam todos os pares de pontos no sistema”. A partir da centralidade é possível perceber as particularidades da malha e da forma construída, assim como os efeitos da distância geométrica e da posição relativa de fluxos nos sistemas espaciais.

O primeiro resultado da análise urbana teve como objetivo a compreensão da centralidade existente (figura 2-a). Pode-se perceber que a heterogeneidade da centralidade no tecido urbano de Herval, tendo sua concentração destacada na figura 2-b.

Busca-se, aprofundar as análises a partir de intervenções na estrutura urbana abordando três temáticas: expansão, área verde e conexões.

Expansão: acreditando na possibilidade de uma futura ampliação do espaço urbano construído, a expansão proposta de forma simples utilizando o tecido xadrez, que além de acompanhar a malha urbana existente, também possibilita a percepção outras possíveis mudanças.

Área Verde: entendo a como necessária e fundamental a preservação das áreas ambientais, propõe-se analisar a possibilidade de expansão urbana rompendo a continuidade do tecido existente para garantir a proteção de uma área verde e de cursos d’águas, e dialogando diretamente com o contexto natural no qual a cidade está inserida.

Conexões: busca-se encontrar e compreender quais conexões estratégias são necessárias para conectar uma expansão periférica à malha urbana existente, e, respeitando a preservação das áreas ambientais, é proposto o uso de pontes para garantir conectividade.

O trabalho está divido em três partes: a primeira etapa do trabalho apresenta a expansão urbana continuada no tecido urbano existente; na segunda, a expansão é proposta respeitando a área de preservação ambiental; e, na terceira, são propostas possibilidades de conexões para a expansão descontinuada.

ETAPA 1: EXPANSÃO URBANA

O segundo resultado se deu a partir da primeira proposta de intervenção: expansão do tecido xadrez em área ambiental (figuras 3-a e 3-b). Ao se desenhar essa expansão, continuada do tecido existente, criou-se um novo eixo de centralidade (figura 3-c) diretamente relacionado com concentração de centralidade identificada na análise do primeiro resultado.

ETAPA 2: EXPANSÃO URBANA + ÁREA VERDE

No terceiro resultado, foi apresentada a segunda proposta de expansão urbana: afastada do tecido existente respeitando a área ambiental de cursos d’água (figuras 4-a e 4-b).

A criação de uma área periférica e descontinuada, atraiu a centralidade para o único eixo de conectividade entre o tecido existente e a nova expansão (figura 4-c), sem diminuir a centralidade anteriormente analisada.

ETAPA 3: EXPANSÃO URBANA + ÁREA VERDE + CONEXÕES

As análises desenvolvidas a partir dos resultados 4 (figura 5), 5 (figura 6) e 6 (figura 7), tiveram como objetivo, entender quais conexões estratégicas podem ser feitas com o tecido existente e como essas pontes de conexões podem conduzir, ou não, a centralidade.

Na figura 5, a conexão é proposta na menor distancia com o tecido existente, e pode-se notar que a condução da centralidade para de conexão. Na figura 6, a conexão e deslocada para um eixo mais central da nova expansão, e com isso, a centralidade se desloca para as conexões adjacentes à ligação proposta.

Na figura 7, a conexão é levada para a extremidade, assumindo o papel de uma possível perimetral. Além da forte centralidade no eixo existente de conexão com a expansão, a nova conexão atrai centralidade também para as conexões adjacentes à ligação proposta.

O último resultado, apresentado na imagem 8-a, foi realizado com a proposta das três conexões apresentadas nas imagens 5, 6, 7 ocorrendo simultaneamente.

Pode-se observar na figura 8-b, que há centralidade nas conexões adjacentes às ligações propostas, fortalecendo os locais de intervenção, e permitindo que uma expansão periférica também tivesse forte centralidade. E, na figura 8-c, destaca-se a pertinência da centralidade existente antes da intervenção.

Conclui-se então, que foi possível criar centralidade em uma expansão periférica a partir das conexões propostas. A conectividade entre a expansão e a malha existente se tornou um condutor da centralidade. As figuras 2-a (tecido urbano existente), 4-a (expansão respeitando a área de preservação e sem conexões, e 8-a (com as três conexões), servem como comparativo para a análise da importância da conectividade para a condução da centralidade.

REFERÊNCIAS:

KRAFTA, R. e ZECHLINSKI, A. P. P.. A representação das relações entre as práticas no sistema configuracional urbano uma ferramenta de suporte para a análise da estrutura espacial urbana. 2ª Encontro Internacional Cidade Contemporaneidade e Morfologia Urbana: Aproximações. 2013. p. 119-124.

KRAFTA, R. Urban convergence: morphology and attraction. Environment & Planning B, v. 23, n. 1, 1996. p. 37-48. DOI: 10.1068/b230037.