Ivan Ilitch é um personagem fictício de um renomado livro do autor Leon Tolstói com sua primeira edição publicada em 1886 na Rússia. Tal livro é considerado uma obra da literatura, tendo sua publicação na versão Portuguesa em 1940 e no Brasil em 1944. O criador da obra traz reflexões ao leitor que ainda são de suma relevância nos dias atuais.
Inicialmente, a história aborda a vida deste burocrata que seguia regras convencionais da época sem questionamentos. Da metade do livro para o final, após a identificação da doença, o protagonista passa a questionar a vida que leva, as relações que o cercam, o amor e suas problemáticas, a vida e suas complexidades. Deste modo, a obra sobre como a família e amigos começaram a lidar com o fim da vida deste homem – pai, marido, amigo e burocrata. Na trama notam-se atitudes contrastantes entre os que o amavam e também os que o desprezavam.
Ilitch levava uma vida de privilégios até que em um determinado momento passou a sentir uma dor no baixo ventre, do lado direito. A dor que parecia irrelevante aumentou gradativamente com o passar dos dias, causando um emagrecimento e danos a seu estado físico ele vem a tomar consciência de sua situação, alternando seu cotidiano de trabalho, família e jogos com os amigos. No desenrolar da trama somos levados pelo autor a este mundo de reflexões (CECILIO, 2009)
Assim, passa a sentir o peso da doença e a se sentir um problema para os seus familiares. Estes últimos momentos, para o protagonista fingem uma situação irrealista a fim de atenuar o sentimento de frustração frente ao acometimento causado pela patologia. Ivan que está tendo uma crise existencial, almeja para si a vitalidade dos demais, desta forma trazendo questionamentos como: “ Mas o que é isso? Para que? Não pode ser. A vida não pode ser assim sem sentido, neste caso, para que morrer, e ainda morrer sofrendo? Alguma coisa não está certa” (p.67).
No decorrer Ivan Ilitch, conhece Guerássim, um camponês analfabeto destinado a ser seu cuidador, executando os procedimentos que o ato de cuidar exige como higienização, alimentação, posicionamento e atividades. Ilitch dormia cada vez menos, davam-lhe ópio e começaram a injetar-lhe morfina. Mas isto não o aliviava, descobriu que ao erguer suas pernas para cima aliviava a dor, uma vez que erguidas pelo cuidador criou um vínculo entre eles. A princípio, Ivan ficava constrangido “ Isto é desagradável para você, penso eu. Desculpe. Eu não posso”. Guerássim diz: “Imagine, com os olhos cintilantes e arreganhou os dentes jovens e brancos” (p.54)
Destarte a conexão cuidador/paciente, dado em um momento essencial no qual Ivan se sentia solitário, triste e sem a compreensão de seus familiares ele sentia-se tão bem com Guerássim que ele não queria deixá-lo. O cuidador fazia seu trabalho com leveza, de bom grado, com simplicidade e uma bondade que deixava Ivan Ilitch comovido. Sendo Guerássim o único a compreendê-lo e a compadecer-se dele. Ocorrendo uma conexão na qual proporcionou estágios de suavidade neste fim de vida. Assim as reflexões de Ivan sobre vida doença e morte, seus conflitos de relacionamentos suas relações conflituosas questionam os pontos chave de sua própria existência aquilo que foi verdadeiro segundo sua perspectiva.
Referências
CECILIO, Luiz Carlos de Oliveira. A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstói: elementos para se pensar as múltiplas dimensões da gestão do cuidado. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 13, p. 545-555, 2009.
TOLSTÓI, L. A Morte De Ivan Ilitch: 2ª. Ed. São Paulo: Editora 34, 2006.