Pobreza, exaustão e isolamento são comuns a quem cuida dos familiares em casa
Mês: setembro 2018
PARA REFLETIR…
O que você faria se soubesse que morreria amanhã?
Esta questão vem raramente à mente das pessoas sadias; porém, é uma constante quando a doença ou a velhice passam a ser realidade.
Não deveria ser assim. Somos todos finitos neste plano. Não somos eternos e, por tal razão, precisamos refletir, não sobre morrer, e sim sobre viver.
Assim, a questão que deveria vir à mente de todos nós é: O que você faria se soubesse que só tem hoje para VIVER?
Pense nisso.
Por Kátia Rosita.
Filme “Os intocáveis” (Intouchables)
A cidade Parisiense é palco desta trama onde a vida de Philippe, um multimilionário tetraplégico preso a uma cadeira de rodas, se cruza com a de Driss, um jovem morador do subúrbio de Paris, quando Driss entra aleatoriamente em uma entrevista onde está sendo feita a seleção para um novo cuidador. O mesmo começa a falar a respeito de um documento que precisa a fim de receber um benefício do governo, logo os dois começam uma discussão a respeito de seus gostos musicais e Philippe nota que é tratado como uma pessoa normal, o que não acontecia com os outros candidatos.
O filme estimula um olhar humanista para vermos além do que os olhos podem enxergar, a observar as pessoas com outras perspectivas, também nos levando a refletir quanto as nossas próprias limitações e barreiras.
Diversas vezes o multimilionário é questionado do porquê ter contratado tal cuidador, tendo em vista que o mesmo não tem experiencia alguma com tal profissão, entretanto seu argumento é sempre em virtude de que a forma como o rapaz o trata lhe faz sentir-se novamente como um humano.
Outrossim, o filme traz ao espectador a oportunidade de se transportar para aquele universo levando o mesmo a refletir, o quão sem esperança Philippe se encontrava e o quanto a amizade verdadeira e a empatia podem ser agentes transformadores para a superação. Em determinada cena do longa-metragem, Philippe relata: “O acidente só não quebrou a minha alma”.
Por conseguinte, há na trama o contraste com a vida dura do cuidador que mora no subúrbio e passa por diversas dificuldades.
Assim, em poucas palavras, podemos dizer que Driss trouxe Philippe como autor de sua própria vida novamente.
A história do longa foi baseada em fatos verídicos, os reais nomes dos personagens Philippe e Driss são respectivamente: Philippe Pozzo Di Borgo e Abdel Sellou.
Destarte, ao nos colocarmos no lugar do próximo conseguimos compreender melhor seus anseios, seus medos e limitações.
E se no lugar de termos pena, tivéssemos mais empatia?
*Por Lucas Silva Dellalibera. Bolsista de Iniciação à Extensão/UFPEL.
UMA REFLEXÃO SOBRE O FILME AMIZADES IMPROVÁVEIS (THE FUNDAMENTALS OF CARING)
O filme “Amizades Improváveis” (The fundamentals of caring) nos traz a história de Benjamin, um homem jovem que está passando por diversos dilemas pessoais, entre eles o divórcio, que resolve procurar emprego como cuidador. O mesmo é contratado para cuidar de Trevor, um rapaz que devido a complicações não possui movimentos do pescoço para baixo.
Benjamin sabe que será um desafio lidar com seus dilemas, o que nos remete aos conflitos pessoais que todos temos e assim também o cuidador tem e precisa lidar com seus dilemas e articulá-los com ato do cuidado.
Outrossim, a mãe do rapaz lhe orienta quanto a rotina de cuidado com o mesmo: “Trevor acorda, assiste tv a mesma hora todo dia. Ele come à mesma hora todo dia”. O desenrolar da trama revela o quanto a rotina pode ser prejudicial e como as ações mais simples fazem toda a diferença. O filme salienta o que a empresa que o contratou sempre orienta seus funcionários quanto a maneira que devem proceder: “Pergunte; Escute; Observe; Ajude; Pergunte novamente; Nada mais, nada menos”.
A própria chamada do filme nos traz em letras garrafais que: “Não dá para cuidar de alguém antes de aprender a se cuidar”.
Ao pensarmos que cuidar de alguém é como navegar entre os que cuidam e quem está sendo cuidado, conseguimos pensar e refletir no real sentido que o ato do cuidado tem e a forma que toma para cada um que o desempenha, por conseguinte, é preciso que nos amemos e nos cuidemos em primeiro lugar, afim de que possamos desempenhar um cuidado mais efetivo.
*Por Lucas Silva Dellalibera. Bolsista de Iniciação à Extensão da UFPEL.
“Se não podemos mudar isso, talvez possamos nos acostumar um pouco…”
Um convite emocionante para pensar sobre as condições de possibilidade diante do fim da vida. É assim que compreendo o sensível documentário “A partida final”.
Separem seus lencinhos, e permitam-se conhecer mais sobre os Cuidados Paliativos a partir das experiências de quem recebe – sujeitos acometidos por uma doença que ameaça a vida e familiar – e a partir da percepção dos profissionais de saúde que prestam esse cuidado.
As dificuldades pessoais e familiares em decidir as condutas terapêuticas com base nos sentimentos de perda, associado ao desejo de ter ao nosso lado quem amamos; a escolha pelo local onde viver os últimos dias de vida; a ideia de colocar-se no lugar do outro em momentos difíceis; saber o que mais nos importa no tempo que temos, o qual não sabemos quantificar; proporcionar espaços para despedida e desafios como o de “fazer amizade com a morte” ou, relacionar-se de alguma forma com ela, são alguns dos temas abordados ao longo do documentário.
A proposta não é fugir da raiva, do sofrimento e diminuir as emoções, mas que possamos falar sobre a morte a partir das formas de vivê-la.
*Por Francielly Zilli. Terapeuta Ocupacional. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPEL – Bolsista Capes.