O MIDIARS está monitorando as conversações em torno dos debates dos candidatos a governador do RS e presidente da república. De tempos em tempos, publicaremos algumas pequenas análises desse corpus realizadas pelos membros do time. Hoje, o Felipe Soares fala do #debatebandRS.
No dia 16 de agosto os candidatos ao governo do estado do Rio Grande do Sul estiveram na Band para o primeiro debate televisionado desta eleição (na manhã do mesmo dia ocorreu o debate entre os candidatos na rádio Gaúcha). A emissora lançou a #DebateBandRS no Twitter para a conversação sobre o debate. Na manhã do dia seguinte (17/08) foram coletados tweets que utilizaram a hashtag. A rede a seguir mostra os nós envolvidos na discussão com a hashtag. (Clique no grafo para ver em tamanho maior.)
A principal característica da rede é o esvaziamento da conversação sobre o debate. Isto pode ser visto incialmente pelo baixo número de tweets na conversação. A rede é formada 1499 tweets e 879 usuários. Foram utilizadas duas métricas para sua análise e representação visual: grau e modularidade. O grau é dividido em grau de entrada, que mostra os usuários que receberam maior visibilidade (via menções e RT) na rede, e grau de saída, que identifica os usuários que mais participaram da conversação retuitando e mencionando outros. A modularidade serve para identificar grupos onde as conexões são mais densas. No grafo, o grau de entrada está representado pelo tamanho dos nós e a modularidade pela cor dos módulos.
Entre os nós com maior grau de entrada aparecem veículos de mídia, como @bandrs (que transmitiu o debate), e perfis dos candidatos. Quem alcançou maior repercussão na rede foi Mateus Bandeira, candidato pelo Partido Novo. Ele é o nó com maior grau de entrada da rede, formando o cluster roxo. Além disto, o grupo verde, formado principalmente por veículos jornalísticos, como @bandrs (nó com o segundo maior grau de entrada da rede), @bandtv, @gauchazh e @rdgaucha, possui bastantes conexões com o cluster roxo, já que algumas das menções a estes veículos foi realizada por Mateus Bandeira em tweets que também geraram RT de seus seguidores. Eduardo Leite, do PSDB, foi o segundo candidato com maior grau de entrada, formando o cluster preto. A forte presença desses dois candidatos representa um engajamento de sua militância, buscando conseguir maior visibilidade para esses atores.
Também temos, no grafo, José Ivo Sartori (MDB), que aparece no módulo azul mais próximo ao centro, e Miguel Rossetto (PT), também no módulo azul, mas deslocado para esquerda do grafo. Jairo Jorge (PDT) aparece no cluster laranja próximo ao centro da rede é o quinto candidato com maior indegree e, por fim, Roberto Robaina (PSOL) aparece também no grupo laranja, mas deslocado à esquerda. Esses candidatos tiveram menor presença e engajamento de militância.
Ainda aparece na rede um sub-grupo de candidatos do PT em outros estados, associados ao nó que representa Miguel Rossetto. Estes candidatos estão no cluster azul, mas isolados à esquerda do grafo. Os principais usuários deste sub-grupo são Marcia Tiburi (candidata ao governo do RJ), Décio Lima (candidato ao governo de SC) e Fátima Bezerra (candidata ao governo RN). Isto demonstra um isolamento dos candidatos e ativistas petistas do resto da rede, já que seus principais usuários estão bastante deslocados no módulo azul.
Dentre os usuários com maior grau de saída, ou seja, aqueles mais ativos, há destaque novamente para o cluster roxo, onde está Mateus Bandeira. Neste grupo estão seis dos dez nós com maior grau de saída. Isto sugere que houve maior participação de militantes favoráveis ao candidato do Partido Novo. Por esta razão Mateus Bandeira foi o candidato que alcançou maior visibilidade na rede. Porém, esta rede é basicamente formada por ativistas, de forma que a circulação de seus tweets tende a ser limitada entre aqueles que já o apoiam.
De forma geral, a conversação sobre #DebateBandRS foi esvaziada. Dentre os usuários com maior visibilidade na rede estão veículos de mídia e os candidatos. Porém, a circulação dos tweets dos candidatos acaba limitada aos módulos em que estão seus militantes engajados na campanha, não gerando cascatas e, consequentemente, maior repercussão em outros espaços e nem alcançando maior interação com outros módulos da rede.
(Felipe Bonow Soares – doutorando UFRGS)