E o que seria Pelotas por suas periferias?
É movimento, é negociação, é constante relação entre margem e centro, que não são opostos, mas complementares. Essa cidade se constrói e se desenha por entre tantos espaços, pelos bairros, pelos campinhos de futebol, pelas rodas das charretes, pelas chaminés dos prédios industriais abandonados, pelos trajetos dos ônibus, pelas conversas dos/com motoristas de aplicativo e taxistas, pelos patrimônios não-oficiais, pelas praças, pelo mate com os vizinhos durante aquele sol de domingo, pelo pixo nos muros e pelo vai-vem das pessoas.
São nessas periferias que a cidade também é construída,
bairros têm seus patrimônios e contam partes da história de Pelotas, movimentos artísticos que contribuem para a cena cultural, as diferentes formas de vivenciar e de construir a cidade nos seus cotidianos.
O que são as periferias?
Podemos começar dizendo que são espaços os quais as pessoas ocupam, pois o lugar e os imóveis eram/são mais acessíveis nas localidades que o Estado e o Mercado Imobiliário não estavam/estão de olho. Muitos centros de cidades, às vezes, também entram nesse processo. Lembrando que, geralmente, são lugares que faltam equipamentos urbanos mínimos (atendimento de saúde, acesso a educação básica, esgoto, saneamento, entre outros). Moradores/as precisam lutar e pressionar muito o poder público para que estas melhorias aconteçam.
Um exemplo, desta outra forma de fazer a cidade, é o processo de autoconstrução por meio de “mutirões” nos finais de semana, que moradores/as se reúnem para levantar as novas paredes, subir os telhados e construir junto com a vizinhança um novo espaço. É assim que as habitações e os bairros ganham forma na cidade!
Tirando Casarões e as Charqueadas, quais outras edificações também contam a história de Pelotas?
Os processos econômicos de Pelotas tiveram grande importância na formação dos bairros, muitas pessoas vieram de outras cidades ou da zona rural para buscar trabalho. Normalmente, tentavam viver perto das indústrias em lugares mais baratos, por exemplo, a região das margens do São Gonçalo, onde foi a primeira zona portuária e industrial da cidade.
Ali formaram-se bairros, hoje, consolidados como o Navegantes, a Balsa, o Passo dos Negros, a Estrada do Engenho e o Porto, construídos por trabalhadores e trabalhadoras. Portanto, existem outras edificações que foram/são importantes para contar a história da construção da cidade de Pelotas ao longo do tempo, sendo elas: os antigos Engenhos; as antigas Fábricas (como a Fiação e Tecido, a Laneira, a Cervejaria Sul-Riograndense/Brahma, de Compotas de Pêssego); as vilas operárias, as redes ferroviárias; os galpões portuários, entre outras.
O que tem de importante para além das edificações?
Nas periferias da nossa cidade existem várias manifestações culturais e religiosas, como as escolas de samba, artistas de rap que compõem letras apresentando a vida cotidiana da população e gravando os seus clipes ali mesmo nos bairros, por exemplo. Como no Bairro Porto, que a presença de graffitis e pixos marcam o encontro de diferentes grupos, são os/as moradores/as, estudantes e grafiteiros/as que ressignificam e redesenham a região com suas formas de olhar, cantar, traçar linhas, viver e fazer cidade.
Assim, estar às margens não significa estar isolado/a, separado/a do centro, mas estar em intensa relação. Devemos sempre, divulgar esses lugares, valorizar outros saberes e descentralizar atividades para fazer com que a pluralidade de pessoas esteja representada na História da cidade.
Que tal conhecer um pouco mais sobre alguns destes locais?
Preparamos uma playlist e convidamos artistas Pelotenses para vocês conhecerem:
Me chamo Antonela, tenho 15 anos, sou negra, lésbica, fui criada somente pela minha mãe e até hoje moro somente com ela. Sou estudante de escola pública em Pelotas.
Lucas Madruga. Sou apenas um cidadão do mundo latino-americano. Multi artista me considero cantor e poeta. Bailarino, professor e coreógrafo por ofício. Música é minha paixão. Com samba no pé dou a volta por cima e honro meu povo negro.
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