Teatro e Psicologia Social

O projeto busca dar continuidade a práticas integradas entre o curso de Psicologia, o Centro de Artes e o Mestrado em Artes Visuais da UFPel. Tais práticas foram iniciadas em 2022 pelo Grupo como Dispositivo e podem ser visitadas no seguinte endereço: https://wp.ufpel.edu.br/lapso/o-grupo-como-dispositivo/
Partindo de uma articulação entre diversas linguagens artísticas (Artes Visuais; Música; Teatro; Cinema) e a Psicologia Social, o projeto busca abrir condições de possibilidade para elaboração, desenvolvimento e divulgação de novas tecnologias sociais. Trata-se de constituir oficinas, ateliers, espaços de criação onde possamos nos colocar (encharcados por uma prática) diante a relação que envolve processos de criação e processos de subjetivação. No primeiro semestre de 2024 estamos oferecemos uma breve formação aos alunos selecionados: um estudo prático sobre aplicações das linguagens cênicas no contexto da psicologia (Psicodrama, Sociodrama, Esquizodrama, etc). A partir de novembro – segundo semestre – abrimos o projeto às instituições parceiras e a comunidade em geral

 

Laboratório de Teatro e Psicologia Social

  • Primeira Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro:

No primeiro encontro do grupo de teatro e psicologia social, nos reunimos como desconhecidos, cada um trazendo suas próprias experiências e expectativas. O ambiente era um pouco tenso no início, com todos ainda tentando se ajustar à presença dos outros.

Começamos nos apresentando, compartilhando um pouco sobre quem somos e o que nos trouxe ao grupo. As conversas foram abrindo espaço para entendermos melhor as motivações e expectativas de cada um. Alguns estavam ali para explorar novas formas de expressão, outros para aprofundar o entendimento sobre as interações humanas, ter boas trocas ou ainda romper com paradigmas internos para se libertar de uma ciência engendrada.

A partir dessas trocas, começamos a delinear o que esperávamos do grupo. Ficou claro que todos buscávamos mais do que apenas ensaiar ou analisar teorias; queríamos criar um espaço onde arte e ciência pudessem se encontrar, onde pudéssemos aprender uns com os outros e desenvolver uma compreensão mais profunda de nós mesmos e das dinâmicas sociais.

Ao final do encontro, entendemos o aspecto promissor das nossas ideias como grupo, conectamos nossos saberes afim de estabelecer uma produção social que atinja a comunidade.

Expectativas:

Boas Trocas, Boas Práticas, Boas Experiências, Conhecimento, Aprendizado, Sabedoria, Liberdade, Diversidade, Expressão, Alegria, Felicidade, Leveza, Teoria, Prática.


  • Segunda Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro

[ ] Cenopoesia 1
Chegar no Lapso é um processo de reconhecer os pares, dispostos a frequenciar seus pensamentos em um compartilhar, em uma só onda.
É um espaço de possibilidades criativas onde o som é o silêncio problematizam e elaboram caminhos.
Fazer parte do Lapso é colapsar barreiras limitantes para o corpo e suas ramificações.

 

Hoje me deixei cair em braços estranhos
rodopiar de curvas confiantes
a confiar no vínculo do riso
hoje dancei de olhos vendados
passos no escuro
parede humana que me guia
hoje vi janelas
de todas as cores
expressões
sustentos e desvios
hoje caminhei sobre nuvens
desfilei sobre a boemia
sempre com a cabeça em poesia
que não pede licença para passar
mas que ensina
aquecer as fibras
Antecede a vazão de segredos
Antes não ditos


 

  • Terceira Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro:

A expressão é a manifestação objetiva da essência da substância

Apoiado na leitura de trecho da obra de Deleuze, Espinosa e o problema da expressão(2017:12), buscamos uma explicação para um momento alegre percebido após o período de aquecimento psico dramático: a lembrança da eclosão dos quatro pintinhos. Procuramos explicar em palavras, aquilo que foi uma recordação agradável e essa explicação resultou numa representação psicodramática que envolveu tangenciamentos e forças que atravessavam a cena. Dentre as forças observadas na cena talvez o principal elemento seja os efeitos do patriarcalismo sobre o protagonista. Assolado pelo estigma de que a um homem não convinha criar animais fora do padrão costumeiro e por eles nutrisse afeição, cuidado e afetuosidade, o protagonista reprimia seus sentimentos. Conforme deleuze, analisando a noção de explicação para Espinosa, o conceito de expressão lhe é anterior, pois, neste caso, manifesta objetivamente a essência da substância denominada vida. Temos vida na transformação do embrião, temos vida na eclosão do novo ser, ao romper a rigorosa casca do ovo, temos vida na expressão de carinho e amor do protagonista mas temos, ao mesmo tempo, o problema da inadequação social, imposta pelo patriarcalismo, de expressar essa mesma vida por parte do protagonista.

Grupo de Teatro e Psicologia Social


  • Quarta Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro:

[ ] Cenopoesia 2
Em meu arcabouço lapsiano, componho o grupo musical, através dos instrumentos, da voz, dos ruídos e do corpo.
Cada história é uma música, cada música um sentimento, e cada sentimento um compartilhar.
Frequentar, frequenciar o Lapso é sempre emocionante.


  • Quinta Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro:

[ ] Cenopoesia 3
Em sua infância qual foi a sua contravenção, sabotagem, infração, violação, transgressão?
– Agora intensifica a música… solta, deixa que a florem as imagens, os passos mais rápidos, o olhar encontrando o colega assim que o tambor soar.
Bummm… deixe imergir a memória no olhar do outro.
– Ah! Aquela bendita bala soft.


  • Sexta Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro:

[Corpos estranhos, dispersos no espaço,
Cada um em seu compasso,
Silhuetas fragmentadas,
Sombras que não se encontram,
Movem-se como notas dissonantes,
Rasgando o ar com gestos que dançam sozinhos.

O palco é vasto, e no silêncio das luzes,
Os pés tocam o chão,
Sem eco, sem rumo,
Um abraço invisível entre o vácuo e o desejo.
Os corpos se afastam,
Traçando linhas, curvas, rupturas,
Um caos orquestrado,
Onde cada ser é uma ilha perdida.

Mas ao longe, surge o som.
Primeiro, um sussurro tímido,
Uma melodia que percorre o vazio.
Ela chama, une, costura o espaço entre os corpos,
A música cresce, pulsa, e os corpos seguem,
Um a um, se entregam ao mesmo ritmo.

O caos se dissolve,
Os gestos antes errantes encontram harmonia,
Movimento que se expande,
Braços que se estendem,
Dedos que tocam,
Rostos que se aproximam,
Num abraço final,
Onde a estranheza já não importa.

Na última nota,
Na última batida,
São um só corpo,
Um só som,
E o silêncio cai,
Como o fim de uma música que ecoa na alma.]


  • Sétima Oficina

Breves narrativas disparadas pelo encontro: