Partindo da questão colocada por Nietzsche – como alguém se torna aquilo que é? – o projeto pretende investigar, na obra de Gilles Deleuze, agenciamentos entre criação, subjetivação e individuação. A pesquisa busca dar sequência ao projeto de pós-doutorado do coordenador Édio Raniere da Silva realizado na Université Paris-Nanterre entre 2018 e 2019, sob supervisão de Anne Sauvagnargues. Nossa principal intenção é investigar na obra de Gilles Deleuze ressonâncias entre processos de criação e processos de subjetivação. Deleuze e a arte: agenciamentos com a psicologia social é, atualmente, o projeto guarda chuva do Laboratório de Arte e Psicologia Social. Onde se busca acolher pesquisas de pós graduação em artes – PPGARTES – e de graduação, do curso de psicologia da UFPel.
Pesquisas:
Fabulações de Luz: Processos de criação nas fronteiras entre imagens e palavras.
Por meio de criações artísticas e poéticas, a pesquisa busca explorar a fronteira entre imagem e palavra, linguagem visual a linguagem escrita, questionando convenções e concepções pré-estabelecidas. Com influências de Anne Sauvagnargues, Gilles Deleuze, Davi Kopenawa e Jaider Esbell, o trabalho se propõe a produzir outras formas de sentir, pensar e estar no mundo, por meio de uma arte que não se separa da ética, estética e política. Nessa perspectiva, a pesquisa problematiza os limites da representação e interpretação na arte contemporânea, propondo uma abordagem poética e ficcional que desafia o discurso ocidental dominante sobre a arte.
CURTI, Débora; SILVA, Édio Raniere da. Manifesto Bichos da Luz.PÓS:Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG. v. 13, n. 27, jan-abr. 2023.Disponível em: <https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/article/view/41818/37316>
Caos Diante do Timoneiro
Se pudermos pensar que processos de criação não são disparados pelo sujeito que acredita ser um autor mas de uma rede de elementos humanos e não humanos, como se dá participação das máquinas da informação e comunicação nesse processo? Ao deslocarmos o humano do centro da criação, isto é, se não somos controladores dos objetos que produzimos, o que nos resta nessa relação?
Da política do sonho ao sonho político: emergências do onírico.
Quais são os referenciais temos disponíveis dentro de uma visão psicológica que nos permite trabalhar com os sonhos?
Temos uma das principais referências em Freud, porém, em geral não se questiona a partir de quais emergências e contingências do campo político e epistemológico do século XIX, permitiram a passagem dessa teoria que foi apresentada como aquela que “resolveria de maneira definitiva alguns de seus enigmas, já que a compreensão científica do sonho pouco ou quase nada tinha avançado em 1900.” (Freud, 1900, p. 15)
O que estamos tensionando é como a noção de verdade, que permeia todo o contexto do que conhecemos como produção científica legitimada, de Freud à Universidade em 2023, permite que o postulado freudiano seja reconhecido como uma verdade no campo da psicologia, mais especificamente a partir dos discursos sobre os sonhos. De que forma certos discursos são considerados verdadeiros em detrimento de outros?
Utilizando o método da Dramatização colocado por Deleuze a partir de Nietzsche temos a questão disparadora da pesquisa: O que quer em Freud encontrar a verdade científica dos sonhos?
A proposta é pensar que a partir de uma psicologia contemporânea, não é mais possível olhar para o sonho apenas com referencial Freudiano; Buscamos referenciais outros, principalmente reconhecendo o conhecimento milenar dos povos origináros, com autores como Ailton Krenak, Davi Kopenawa e artistas da arte contemporânea indígena como Jaider Esbell, Daiara Tukano e Gustavo Caboco.
Afrofuturismo e o processo de subjetivação
O Afrofuturismo e a ficção especulativa contribuem para pensarmos novos processo de subjetivação. Quando pensamos a subjetividade racial como performance, abrimos caminhos para pensar diferentes processos de racialização.
O vazio da conquista em Sandman: decadência como processo e criação como possibilidade
O que se pode fazer após enfim ter feito o que tínhamos nos proposto a fazer?
Quando um projeto é concluído, quando um objetivo é alcançado, podemos ser surpreendidos por uma repentina percepção de falta de sentido. Para que a existência não se esvazie diante do absurdo, uma vez que não há um sentido dado, estabelecido, pré-definido, precisamos então cria-lo.
A proposta é pensar esses temas partindo de Sandman, obra de Neil Gaiman, e articulando-a com influências de Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze e a Psicologia Fenomenológica.
Percorrendo Linhas de Erro: As contribuições de Fernand Deligny para o trabalho com crianças autistas.
Quem dita o que é normal e o que é patológico? Quem tem esse poder para dar e usar? E se pensarmos as crianças autistas fora de uma lógica normativa de patologização? Que caminhos podemos traçar para nos relacionarmos de forma menos intrusiva com esses indivíduos que “negam” o modo de estar no mundo do “sujeito universal”? Tanto nos ambientes públicos, domésticos, escolares e de “readaptação”? Talvez o pesquisador e educador Fernand Deligny, ainda pouco estudado atualmente no Brasil, possa nos ajudar a traçar linhas (de fuga, de ação, de pensamento, de erro) para construir novas formas de relação com essas questões que atravessam nosso meio social.
Devir Sophie: e a potente transformação no Encontro
Um diálogo de escrevivência com Sophie, personagem de “O Castelo Animado” (2004) passa a estabelecer novas relações com os seres que encontra pelo caminho ao ter seu corpo transformado. Diante desse processo que a Psicologia tenta explicar, fica o questionamento: “Como a constituição de novos laços afetivos transforma a subjetividade da personagem? E como isso se confunde com minha trajetória?” É uma pretensão gostosa de vivenciarmos através do meu processo de escrita. Fica o convite para me acompanhar nesta jornada.
Cartagrafias Do Cuidarte: Entre Cartas, Memórias e Grupos
A partir de uma narrativa ficcional que ganha vida por meio da escrita de cartas, o Cuidarte vem a cena para investigar a sua experiência enquanto grupo, traçando assim o início de uma pesquisa. Aqui você é convidado a ocupar uma nova posição que não apenas a de um leitor passivo. O convite feito é para que você experiencie, reflita e saia da sua zona de conforto para se juntar a nós nesse processo. Sei que juntos, você, Cuidarte e eu, podemos cartografar novas linhas de força. Assim como o Cuidarte se movimenta por meio da narrativa ficcional produzida, a pesquisa também é convocada a se movimentar, abrindo caminhos para que outras cartas possam ser escritas e reescritas até onde o desejo nos permitir ir.