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  • Projeto de Extensão da UFPel leva alunos de Enfermagem a espalhar precaução em palestras educativas

    Universitários compartilharam conhecimentos com os estudantes do interior de Santa Vitória do Palmar

    Por Gisele Moraes e Jéssica Lopes

    No dia 9 de julho estudantes do sétimo e oitavo semestres de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que participam do Projeto sobre Plantas Medicinais e Drogas da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura  (PREC), palestraram na Escola Bernardo Arriada, localizada na zona rural de Santa Vitória do Palmar. As palestras foram direcionadas à 54 alunos do Ensino Fundamental e 17 do Ensino Médio, com o intuito de conscientizá-los sobre a importância da saúde e malefícios que as drogas causam.

    O meio rural não conta com atendimentos das Unidades Básicas de Saúde (UBS), o que faz com o que o acesso à saúde no interior da cidade seja precária. Os alunos alegam que, quando adoecem, devem ir até a cidade para adquirir medicamentos na farmácia, mas afirmam que a melhor opção é tomar um chá de alguma planta medicinal que seja favorável para o problema de saúde existente. A zona rural de Santa Vitória do Palmar, conta com o Programa Mais Médicos (PMM) do Governo Federal e que tem como objetivo a melhoria no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), porém, ainda não é o suficiente para atender a população que sofre com a dificuldade de acesso.

    Na palestra sobre plantas medicinais, dentre as que foram apresentadas, como a babosa, o chá de cidrão foi servido para os alunos e professores; alguns aprovaram, já outros sentiram falta do açúcar e uma aluna do ensino fundamental aconselhou utilizar o mel para adoçar, mostrando estar ciente dos seus benefícios. Gabriel, um dos palestrantes, confirmou que o chá era indicado para nervosismo e ansiedade e aconselhou: tomar o chá antes de uma prova seria ótimo.

    Entre os temas abordados, um deles foi “As formas de preparo e uso das plantas”, através da infusão, que é obtida fervendo-se a água necessária que, posteriormente, é derramada sobre a planta já separada e picada; a inalação que age nas vias respiratórias e a compressa, que pode ser feita do cozimento da planta e umedecendo panos, chumaços de algodão ou gazes, que age pela penetração dos princípios ativos através da pele.

    O projeto extensão tem como objetivo aplicar conhecimentos que são adquiridos na faculdade para as comunidades que carecem desses cuidados e informações. A acadêmica de Enfermagem do oitavo semestre, Larissa dos Santos Escobar, 23, compartilhou a sensação de levar essas precauções para as crianças, jovens e adolescentes por meio de palestras: “É uma troca de experiências e de informações, chegamos acreditando que sabemos sobre tudo e nos deparamos com as experiências deles, no qual nem imaginávamos que eles possuíam. Somos levados a pré-conceito e os alunos nos mostram que a realidade deles é completamente diferente”.

    Larissa não deixou de apresentar os diferentes olhares que a criança, jovem e o adolescente tem sobre as substâncias psicoativas: “As crianças têm uma visão mais da mídia, muitos ainda não entraram em contato com o mundo das drogas e alguns tem contato com drogas lícitas, como tabaco e o álcool, em casa, mas não têm muita noção do que a droga pode causar e todos os malefícios da droga. Já os adolescentes de ensino médio estão num mundo mais propicio. Dessas substâncias, eles já têm mais conhecimento, já têm um círculo de amizade que utiliza, então é bom para a gente reforçar o que eles pensam que sabem e os motivos para eles não entrarem nesse mundo”.

    Para encerrar, uma atividade foi proposta aos alunos do quarto e quinto ano do Ensino Fundamental para ser apresentada aos colegas: escolher duas plantas e comentar sobre seu nome, família e apelido e para que ela era indicada. Entre as plantas medicinais escolhidas, boldo, guaco, cavalinha, alho e pitanga.

    Contudo, é importante ressaltar que os colaboradores do projeto levam muito em consideração a forma que será abordada o assunto para cada turma. A cada intervalo das palestras, eram realizadas reuniões para discutir os métodos que seriam aplicados para próxima turma, ressaltando pontos que poderiam ser modificados e acrescentados.

    A estratégia utilizada pela equipe tinha diferentes abordagens. Foram feitas algumas dinâmicas com a turma no intuito de fazer com os alunos se mantivessem atentos. A aluna Isabely, 12, contou um pouco de como foi participar dessa conversa entre aprendizes de enfermagem e colegas: “Eu achei bem educativo, porque as pessoas têm a chance de pensar antes de usar a droga. Muitas usam e se sentem mal, ou por se sentirem excluídas optam por usar. Elas encontram prazer nas drogas e acham que a mesma pode ajuda-las, e aí as meninas vem e nos fala o quanto elas podem ser prejudiciais para nós”.

    O corpo docente da Escola mostrou um carinho por receber os alunos da Universidade, e os trataram da melhor maneira possível. A diretora e pedagoga Carmem Dóris, fez questão em dizer o quanto ela preza e se preocupa com o futuro de seus alunos, e deixou claro que o que puder fazer para orientar essas crianças ela fará:

    “A conscientização. O que nós mais queremos é que eles se conscientizem, porque as drogas estão difíceis aqui na comunidade como em qualquer lugar, principalmente nessa comunidade por ela ser muito pequena, esse problema está bem extenso. Tomando conta mesmo! E alguém tem que tomar providências pelo menos na escola, e o que nós achamos melhor é começar por palestras, primeiro passo que a gente tem que dar”.

  • Plantando esperança

    Projeto extensivo Educação e Saúde aplica informações sobre o uso abusivo de drogas em escolas nos bairros de Pelotas

    Por Jéssica Lopes e Jessica Alves

    No dia 5 de Julho o Projeto “Educação e saúde: conversando sobre o uso e o uso abusivo de drogas” (extensão para comunidades na cidade de Pelotas e região), coordenado pela professora do curso de graduação e pós-graduação em Enfermagem na Universidade Federal de Pelotas Michele Mandagara de Oliveira, esteve presente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ferreira Viana.

    Com o objetivo de passar informações para crianças com faixa etária entre 11 e 12 anos sobre as consequências do uso das drogas na vida do ser humano, o projeto contou com a participação de uma aluna do 5° semestre de Enfermagem, Dakny Santos Machado, que passou alguns slides explicando a reação que as substâncias psicoativas fazem ao organismo e na vida social do usuário.

    O programa de extensão também contou com a participação da Psicóloga Duilia Carvalho, 33 anos, que faz parte do projeto a aproximadamente três meses, e levou para a classe dinâmicas como um caça-palavras, que continha referências à drogas licitas e ilícitas, no qual o objetivo era que as crianças encontrassem as substâncias e dissessem o que fazia bem e o que não. Tudo isso com a ajuda da professora Michele, que dava suporte às demais colaboradoras.

    A criançada mostrou-se muito interessada na palestra, dividindo experiências e conhecimentos que obtiveram em sua história de vida, que está apenas no começando. Conforme foram mostradas imagens de conteúdo alarmante, a gurizada demonstrou comportamento inquietante e de indignação por ver o que a droga causa na vida dos usuários. A sala continha uma média de 25 alunos, e 13 deles disseram conter familiares que fazem o uso de algum tipo de droga, também foi perguntado se eles já haviam tido contato com pessoas sob efeitos de substâncias como a maconha e, novamente, aproximadamente metade da sala afirmou já tê-la visto.

    Foi apresentado o SUS, 192 e os postos de referência para ajuda em caso de as crianças presenciarem problemas com amigos ou pessoas de dentro de suas casas, que estejam sob o efeito de alguma droga. A palestra teve a duração de uma hora e tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas para as participantes do projeto:

    “O que levou vocês a aplicarem o projeto sobre Saúde e Drogas a um grupo de crianças com a faixa etária de 11 a 12 anos?”

    “Eu sempre gostei de trabalhar com projetos de extensão, desde que cheguei a Pelotas. Especialmente com o projeto de drogas e de pesquisa, percebemos que desde muito jovem as pessoas tem acesso fácil as drogas começando logo cedo, com seus 11/12 anos. Isso nos chamou a atenção, nos levou a pensar na idéia de aplicar por meio do projeto extensivo orientações nas escola próximas a faculdade UFPEL sobre o uso abusivo de drogas. Fico satisfeita pois posso contar com a participação das mestrandas e essa experiência está sendo muito legal.” Michele Oliveira.

    “Qual a sensação de sair das salas sabendo que vocês deixaram esse aprendizado as crianças?”

    “Sensação maravilhosa, chegamos com um nível de bateria e saímos com 3, 4 vezes mais. A troca de informação é muito legal, e é legal também porque a informação é a única maneira de conseguirmos pulverizar melhores escolhas, então quando a gente troca informação a gente aprende com eles, a gente sai renovada e com uma sensação de esperança” Duilia Carvalho.

    “Vocês já tiveram contato com crianças dessa faixa etária como usuários de droga?”

    “Já tive contato com pessoas adultas que começaram a usar com essa faixa etária, mas com crianças não. Nunca foi um trabalho nosso como um grupo especifico, mas temos relatos, na literatura é muito comum, levantamentos racionais, principalmente dentro das escolas. Infelizmente isso é muito costumeiro, ainda mais para aqueles que estão fora da escola, a abertura para esse mundo é pior ainda”

    “Qual é a idade mais fácil para poder largar desses vícios?”

    “Geralmente eles não iniciam pelo uso do crack, e sim pelas substâncias lícitas. Começa com momentos de frustrações, até chegar nas substâncias psicoativas, depois é oferecido nas festas como curtição. Mas começa pelo álcool, não pelo cigarro como muitos pensam. Eu não posso comprar, mas meus amigos de 18 podem, meu vizinho, meu tio, e é onde começa o uso frenético. É muito difícil controlar e o tratamento requer muito cuidado, tem o direito da criança envolvido, você não vai tirar uma criança do meio dela, o tratamento deve ser realizado em liberdade e para isso temos o CAPS I. Temos um CAPS I no município, então quanto mais cedo levar e puder conversar a respeito, identificar o porquê do uso, melhor. Agora tu trocar drogas por medicação pesada, pra mim, é como trocar seis por meia dúzia”

    O CAPS I é um Centro de atendimento psíquico social de atendimento infantil, até 18 anos. Existe também o CAPS adulto tipo dois, ou o CAPS AD, que é um serviço que acolhe crianças e famílias, que podem ir ao lugar tanto eventualmente quanto para consulta. É oferecido todo o cuidado necessário, incluindo trabalhos de terapia pra que essas crianças possam estar melhor inseridas na comunidade.

    Também existe a unidade de atendimento UAI, de acolhimento infantil, que ajuda em casos de abandono e muita vulnerabilidade. Nos locais de saúde social as crianças sentem-se um pouco mais protegidas e encaminhadas.

    “Como foi a receptividade da escola?”

    “Aqui nós temos uma ponte. Uma das gurias do grupo estudou aqui, entrou em contato com a escola e a mesma foi bem receptiva e organizada. Ela está inserida em um local com alto índice de uso e de tráfico, acho que eles precisam ter bastante consciência de que ter esse espaço aqui pode auxiliar”

    “Quanto mais cedo a gente começar o tratamento, mais tempo a gente tem de recuperar coisas da vida do sujeito. Por que eu não estou usando o tempo inteiro? Porque estou aqui com vocês, escuto musica, saio com amigos… Quanto mais cedo nós damos novas possibilidades de alegria, mais proteção é oferecida. Se eu pego um rapaz de 40 anos que usa drogas desde os 12, o que ele sabe da vida sem o uso das drogas? Quanto mais cedo eu consigo parar, mais eu vou no laranjal, ando na praça e vivo. Agora, se minha vida está cercada de drogas a 40/50 anos, é mais difícil.

    Eu tenho que auxiliar a pessoa a reconhecer a alegria e tranquilidade de uma vida sem drogas, o que é difícil”

    “O que você aprende com essa experiência de aplicar o projeto nas escolas?”

    Dakny, 19 anos, participa do projeto e é estudante de enfermagem no 5° semestre. A mesma diz aprender tanto ensinando, quanto com as crianças, estabelecendo uma troca de informações e vivência. “É legal ver o retorno das crianças e a interatividade delas com o projeto, acredito que posso motivá-las a ver que elas não precisam disso e quem sabe fazê-las se interessar com a oportunidade de entrar em uma faculdade no futuro e participar do projeto também, aplicando em suas comunidades”.

    O programa assistencial está apenas começando, portanto ainda levará informação e ajuda a muitos grupos sociais que não recebem o devido suporte, conscientizando, amparando e também aprendendo junto com a comunidade.

  • Vagas remanescentes do PAVE

    A Pró-Reitoria de Extensão junto com a Reitoria da UFPel apresentam o primeiro edital de vagas remanescentes do PAVE. O edital contemplou oito municípios da Zona Sul do RS, sendo eles: Arroio do Padre, Canguçu, Capão do Leão, Morro Redondo, Pedro Osório, Piratini, São Lourenço do Sul, Turuçu.