Mieloma múltiplo em uma cadela de 10 anos

Mieloma múltiplo em uma cadela de 10 anos

Natália Peixoto Carioca Gurgel, Leonardo Alves Rodrigues Cabral, Maressa Holanda dos Santos, Danilo Galvão Rocha, Talles Monte de Almeida, Paula Priscila Correia Costa

Resumo: As neoplasias malignas, em geral, constituem uma das principais causas de morte em cães e gatos. O mieloma múltiplo é uma neoplasia caracterizada pela proliferação monoclonal de células plasmáticas na medula óssea, causando vários sintomas sistêmicos e é raro em animais de estimação, representando menos de 1% das neoplasias malignas nesses animais. Geralmente ocorre em cães mais velhos. Assim, o objetivo deste relatório foi descrever um caso de mieloma múltiplo em um cão poodle de 10 anos, ocorrido na Unidade Hospitalar Veterinária da Universidade Estadual do Ceará. Uma cadela Poodle de 10 anos de idade foi internada na Unidade Hospitalar Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, apresentando nódulos eritematosos, alopecicos, moles e úlceras na região dos dígitos da perna esquerda, dor e claudicação. O hemograma evidenciou anemia normocítica e normocrômica, presença de rouleaux, linfopenia e monocitopenia e os exames bioquímicos demonstraram um valor elevado da alanina aminotransferase (ALT). A citologia do nódulo indicou provável diagnóstico de neoplasia das células plasmáticas e o exame radiográfico mostrou a presença de lise óssea e, portanto, o paciente foi submetido à amputação da cirurgia do membro afetado. Uma biópsia do nódulo indicou proliferação neoplásica, com um arranjo compatível com plasmocitoma do tipo clivado. Uma consulta de acompanhamento foi realizada 30 dias após a cirurgia e dois novos nódulos apareceram na região labial superior e próximo ao local da cirurgia. Um novo hemograma indicou anemia com presença de rouleaux, trombocitopenia, leucopenia, linfopenia e monocitopenia, e os resultados bioquímicos mostraram uma discreta diminuição da aspartato aminotransferase (AST) e um aumento considerável nos níveis de fosfatase alcalina. A citologia dos novos nódulos indicou plasmocitoma, e foi realizado um mielograma, que mostrou células plasmáticas da medula displásica, com mais de 20% das células plasmáticas. No presente caso, o nódulo do paciente cresceu rapidamente com formação de sangramento e úlcera. O animal apresentou comprometimento ósseo, o que caracteriza o sinal mais sugestivo de mieloma múltiplo. Justificado pelo fator estimulador dos osteoclastos, promovendo a lise óssea, que pode causar fraturas e dor patológicas. A amputação foi um tratamento parcial para atenuar o desconforto e a dor apresentados pelo paciente. O surgimento de novos nódulos estimulou uma investigação mais detalhada do mieloma múltiplo. A enzima AST apresentou uma discreta diminuição, e a ALT foi inicialmente maior que o normal, mas retornou aos valores normais. Assim, a atividade elevada da fosfatase alcalina direcionou os suspeitos para o mieloma múltiplo, uma vez que a atividade da AST e ALT era normal, o nível da fosfatase alcalina foi ligado a doenças ósseas. Os rouleaux eram constantes nos hemogramas, isso é justificado pelo excesso de imunoglobulinas produzidas na medula. Com base no quadro apresentado pelo paciente, a medula óssea foi perfurada para o mielograma. Os sintomas apresentados pelo animal, juntamente com as análises citológicas, histopatológicas, hematológicas, bioquímicas e com mielograma, indicaram diagnóstico de mieloma múltiplo. Outros exames podem ser investigados, por exemplo, detecção de proteinúria de Bence Jones, dosagem sérica de cálcio e inmunoeletroforese para determinação do tipo de imunoglobulina produzida pelas células plasmáticas da medula óssea. O diagnóstico definitivo foi estabelecido aproximadamente três meses após a primeira consulta, enfatizando a importância de um diagnóstico diferencial de mieloma múltiplo no caso de neoplasia plasmática.

https://seer.ufrgs.br/ActaScientiaeVeterinariae/article/download/86094/49444

Publicado em Clínica Geral.