Intoxicação por Metais Pesados em uma Calopsita (Nymphicus Hollandicus)
Estéfanni de Castro Pinheiro; Rafael César de Melo; André Grespan; Tainara Micaele Bezerra Peixoto; Maressa Holanda dos Santos; Leonardo Alves Rodrigues Cabral; Paula Priscila Correia Costa
Resumo: Nas últimas décadas, a demanda por animais de estimação não convencionais tem aumentado relativamente, uma situação que cada vez mais leva os veterinários a encontrar esses animais na prática médica e cirúrgica. Destes animais, os pássaros se destacam. Os animais da ordem Psittaciforme são conhecidos como criaturas muito curiosas e ativas, que tendem a mastigar objetos em seu ambiente. Entre as diversas ocorrências que levam esse animal a comparecer à clínica veterinária, destacamos o envenenamento por metais pesados, principalmente o envenenamento por chumbo (Pb) e zinco (Zn). O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de intoxicação por metais pesados em calopsitas (Nymphicus hollandicus).
Uma calopsita foi levada ao veterinário com histórico de apatia, incoordenação motora, consumo exacerbado de água e regurgitação. A anamnese completa foi fundamental para direcionar suspeita de intoxicação por metais pesados. As partículas radiopacas foram visualizadas através de exame radiográfico, sugerindo intoxicação por metais pesados. O diagnóstico foi concluído através de exames complementares, uma vez que os sintomas clínicos são inespecíficos. O tratamento teve como objetivo fornecer intervenção de emergência, evitar maior absorção, uso de antídotos, fornecer medidas de apoio e orientar o proprietário. Pode-se concluir que o diagnóstico e o tratamento foram bem-sucedidos.
A intoxicação por metais pode matar pássaros. O veterinário deve sempre procurar a literatura para realizar o melhor suporte e tratamento. Para isso, é necessário levar em consideração a história detalhada e a história médica detalhada, pois o tempo de ingestão e o tipo de metal interferem na conduta terapêutica. O uso de testes de imagem como raios-x e o ultrassom é essencial para auxiliar o clínico, especialmente nos casos em que o tutor não sabe se o animal ingeriu ou não um objeto. No exame radiográfico, o metal pesado tem a característica de ter alta radiopacidade, o que foi evidenciado no caso em questão. Posições radiográficas devem ser consideradas para evitar falsos negativos. Na literatura, o tratamento da terapia quelante é priorizado para remover o metal pesado circulante e, assim, atuar sobre a causa do problema. No caso em questão, o EDTA de cálcio foi utilizado por via intramuscular, o que mostrou melhora clínica no animal após a segunda aplicação. O EDTA de cálcio se liga aos metais e facilita seu transporte e excreção. O uso da fluidoterapia é necessário como tratamento de suporte para evitar danos nos rins, uma vez que os metais pesados são altamente prejudicial aos néfrons. Especialmente nos casos em que o animal para de alimentar e ingerir água. O uso de antibióticos é essencial, pois em muitos casos o animal, além de não se alimentar, se torna propenso a infecções devido à toxicidade do metal, portanto, o uso profilático é essencial para um melhor prognóstico. No caso em questão, o uso de enrofloxacina foi eficaz, conforme relatado na literatura. Recomenda-se o diagnóstico da dosagem sérica de chumbo e zinco, no entanto, devido às dificuldades de obtenção das amostras, e como outros metais também podem causar intoxicação, no caso em questão, o tratamento foi iniciado sem esses resultados. De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, o tratamento descrito na literatura é eficaz e pode ser realizado imediatamente para salvar a vida animal sem sequelas subsequentes.
https://seer.ufrgs.br/ActaScientiaeVeterinariae/article/view/85121/49055