OFICINAS – II SAIF/UFPEL
07 DE NOVEMBRO (QUINTA) – MANHÃ (9h às 11h)
1. Dramaturgia e Filosofia: possibilidades em sala de aula
Julio Cesar Larroyd de Barros (Especialista em Ensino de Filosofia – UFPel)
A proposta da oficina é apresentar possibilidades para trabalhar a filosofia a partir de textos dramatúrgicos. Realizando intercâmbio entre temas, personagens, conflitos e enredos de diversas obras dramatúrgicas e suas possibilidades de conexão com conteúdos programáticos de filosofia, pretende- se demonstrar como a dramaturgia pode ser potente recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. A oficina seguirá as seguintes etapas: 1) apresentação de conceitos sobre especificidades do texto dramatúrgico e de sua estrutura; 2) exposição das possibilidades de conexão entre conteúdos da filosofia e dramaturgia; 3) apresentação de breve escopo de obras dramatúrgicas que permitam o trabalho interdisciplinar com a filosofia.
07 DE NOVEMBRO (QUINTA) – TARDE
14h às 16h:
2. A produção de uma estética a partir das concepções de Hannah Arendt e Michel Foucault: Sobre as percepções sensoriais.
Rossana Batista Padilha (Doutoranda em Filosofia – UFPel)
Dirceu Arno Kruger Junior (Doutorando em Filosofia – UFPel)
A narrativa, a palavra e a ação são elementos importantes no pensamento político de Hannah Arendt (1906-1975). Segundo ela: “todas as dores podem ser suportadas quando expostas por meio de uma narrativa”, pois “a história [story] revela o sentido daquilo que, do contrário, permaneceria como uma sequência intolerável de puros acontecimentos”. Posto isso, essa oficina pretende exercitar um dos principais objetivos do pensamento político arendtiano: “pensar o que estamos fazendo”. Arendt observa que, na vida do ser humano, nada há que não possa ser conteúdo para o pensar. O pensar prepara os particulares fornecidos pelos sentidos, desensorializados, para que o sujeito possa se ocupar deles. A desensorialização é realizada por meio da imaginação e da memória – ambas as faculdades são auxiliares do pensar. A imaginação permite a representação do objeto: podendo fazer presente aquilo que está ausente. Porém, a imagem somente passa a executar sua tarefa no momento em que o sujeito relembra, selecionando na memória aquilo que lhe interessa. Dessa forma, a memória permite aos seres humanos terem presente o passado, auxiliando a imaginação ao manter a lembrança à disposição do pensar.
Na proposta de uma intersecção de teorias, o conceito de “cuidado de si” erigido por Michel Foucault (1926-1984), Filósofo Francês, permitirá pensar como a problemática do sujeito pode ser também embasada na perspectiva do “constituir-se” a si mesmo, cuidar de si para eventualmente cuidar também dos outros. A “estética da existência”, edificar a si próprio como uma autêntica obra de arte, oportunizaria ao indivíduo produzir sua subjetividade para além das amarras perpetradas pelos mecanismos de poder, assim como da guerra, na tentativa de compor um éthos e, ainda no mesmo contexto, possibilitar ao sujeito reconhecer-se como constituinte de uma ética , de um corpo subjetivado (e concomitantemente objetivado), da mesma forma que também detentor de uma inteligibilidade, fundamentando, desse modo, possíveis epistemologias. Desta forma, pensa-se também na autoelaboração de si como uma proposta de reintegração do sujeito a si mesmo, para além do poderio sobrepujante dos sistemas de poder (Igreja, Escola, Polícia, Fábrica, Exército , Hospital). Ou seja, esta reintegração a si próprio poderia vir a ser viabilzada pelos pressupostos estéticos contidos na concepção foucaultiana de um “cuidado de si”.
16h30 às 18h30:
3. PIBID e outros métodos para o ensino de Filosofia
Milena Cristal Moreira de Oliveira (Graduanda em Filosofia – UFPel)
Eric Botezini Queiroz (Graduando em Filosofia – UFPel)
Stefanie Gruppelli Kurz (Graduanda em Filosofia – UFPel)
A oficina “Outros métodos para o ensino de Filosofia” tem como objetivo possibilitar aos participantes a elaboração de novas maneiras de ensinar o conteúdo de filosofia para alunos do ensino médio. Através de atividades interativas podemos permitir que os alunos se sintam tão participantes do processo de construção do conhecimento quanto o professor.
A oficina será dividida em três momentos, sendo o primeiro, uma atividade para o ensino dos Três Poderes – executivo, legislativo e judiciário. Em um segundo momento, explicitando sobre a construção dessa e demais atividades elaboradas pelo Núcleo de Filosofia e Sociologia do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), da UFPel, seguido de um debate e chuva de ideias para elaboração de uma situação didática em grupo.
A atividade “Os três poderes” consiste em entender de forma geral a teoria de Montesquieu sobre a tripartição do poder político em sua obra “O Espírito das Leis” e apresentar a composição e o funcionamento do poder legislativo, executivo e judiciário no Brasil atual. Para isso utilizamos o jogo: ‘cabo de guerra’, separamos os alunos em três grupos, variando a quantidade de alunos em três pontas de corda, pedimos que eles puxem seus respectivos lados. Após algumas tentativas é questionado aos alunos se o jogo está sendo justo, e se não estiver, de que forma podemos torná-lo justo ou equilibrado, introduzindo assim o conteúdo.
No PIBID, entendemos que o professor de Filosofia tem o papel de instigar os alunos ao conhecimento, além de, através da transposição didática, tornar possível o entendimento do conteúdo filosófico que é de grande importância para o desenvolvimento do indivíduo. Por isso compartilharemos maneiras de como desenvolvemos nossos projetos que tentam fugir ao método expositivo convencional de aula, o que dará início ao nosso terceiro momento. É nesse momento que tentaremos construir conjuntamente uma nova didática aplicável para alunos do ensino médio, visando a fuga do convencional, sem esquecer do conteúdo.
08 DE NOVEMBRO (SEXTA) – MANHÃ (9h às 11h)
4. A escolinha do Professor Girafales e os desafios da prática docente
Bruna Leite (Mestranda em Filosofia – UFPel)
A sala de aula é um espaço para a aprendizagem, o ensino e a troca de experiências. Mas como realizar a prática docente de modo satisfatório e proveitoso frente às adversidades cotidianas? Os estudantes não deixam o seu mundo e suas experiências ao lado de fora da sala de aula. Ao contrário, trazem-nas consigo, manifestando-as em seu comportamento. O Professor Girafales, da “Série Chaves” (1971-1980), lida com os infortúnios de seus alunos diariamente: fome, pobreza, vulnerabilidade social, desemprego, falta de estímulos para o futuro, dentre outros problemas sociais. E estes adentram sua sala de aula, criando confusão e caos. Assim, a aprendizagem dos alunos fica reduzida. Por vezes, ela é anulada pelas mazelas que se impõem no espaço de aprendizagem. A partir da postura desse “divertido professor”, a oficina busca (1) questionar a atividade docente, buscando conjuntamente com os participantes (2) pensar meios alternativos para de transpor as adversidades que se apresentam no cotidiano escolar, para que seja possível, de fato, (3) realizar a atividade de ensino.
08 DE NOVEMBRO (SEXTA) – TARDE
14h às 16h:
5. A Divisão Lógica do Caráter de Aristóteles e o Incomensurável Amor pela Vida de Homer Simpson
Jaíne Isabel Jorge da Rosa (Mestranda em Filosofia – UFPel)
Ana Paula de Souza (Licenciada em Filosofia – UFPel)
Os homens, por mais que olhem, não veem o que é o bem-estar, o que é bom na vida”, escreveu Aristóteles, na Ética a Eudêmio (1216 a 10). No episódio “Lisa’s Rival”, Homer Simpson (1F17) disse:
Não sei viver uma vida simples como você. Eu quero tudo! Os aterradores baixos, os atordoantes altos, os insossos meios! Claro que eu posso ofender alguns narizes empinados com meu passo arrogante e meu cheiro almiscarado – Ah, eu nunca vou ser o queridinho dos tais “Pais da Cidade”, que soltam a língua, acariciam a barba e perguntam “O que fazer com esse Homer Simpson.”
Homer, o personagem principal da série americana The Simpsons, está longe de ser um exemplo de bom comportamento moral, e seu caráter é objeto de muitas críticas. No entanto, é admirável seu “amor” pela vida e sua espontaneidade. A presente Oficina de Filosofia objetiva, por meio de uma situação hipotética envolvendo um conflito moral, buscar as possíveis relações entre os tipos de caráter categorizados por Aristóteles, a saber: o virtuoso, o continente, o incontinente e o vicioso, com o perfil psicológico dos seguintes personagens da série The Simpsons: Lisa Simpson; Lenny Leonard; Bart Simpson e Nelson Muntz.
Após, realizar-se-á uma análise esquadrinhada do caráter do personagem Homer Simpson, que oscila com frequência entre os tipos de caráter categorizados por Aristóteles, permitindo-nos um exame geral das principais características de comportamento relativo a cada tipo de caráter, bem como oportunizando uma reflexão acerca do agente moral. Ao investigar a divisão lógica do caráter, também serão observados os perfil psicológico dos já mencionados personagens da série.
Discutir-se-á, em seguida, alguns conceitos que perpassam a Filosofia de Aristóteles, tais como: sabedoria prática, fraqueza da vontade, felicidade, florescimento humano, intemperança e mediania.
Mais especificamente, a oficina desenvolver-se-á desse modo: em um primeiro momento, far-se-á a exposição teórica da relação entre a divisão lógica do caráter na concepção aristotélica e o perfil psicológico dos personagens da série The Simpsons, bem como a análise do caráter do personagem Homer. Em um segundo momento, realizar-se-á uma atividade na qual expor-se-ão diferentes situações hipotéticas perpassadas por conflitos morais. Mediante as situações apresentadas, os participantes deverão identificar qual é o tipo de caráter que corresponde a cada agente moral envolvido na situação, atribuindo-lhes as características que lhes são devidas. Em um terceiro momento, por meio de uma roda de conversa, serão debatidos: a importância de metodologias direcionadas ao Ensino Fundamental e Médio, que priorizem a sensibilização, na medida em que relacionam problemas genuinamente filosóficos com a cultura POP. Além disso, os participantes deverão expor, por meio da fala, as impressões que tiveram acerca da Oficina e sobre uma possível aplicação da mesma na Educação Básica.
Nesse contexto, a presente Oficina objetiva proporcionar, especialmente aos Licenciandos em Filosofia, “ferramentas intelectuais” que lhes permitam refletir sobre as diferentes metodologias, nas quais os temas de Filosofia podem ser comparados com a cultura POP, e utilizados na elaboração de aulas e de oficinas destinadas à Educação Básica.
16h30 às 18h30:
6. Rousseau, Desigualdade e Escravidão
Robenson Azor (Mestrando em Educação – UFPel)
Ao escrever este trabalho temos como foco trazer presente a discussão do problema da Desigualdade, segundo a perspectiva rousseauniana. Em um primeiro momento, se pretende fazer uma breve apresentação da vida do filósofo, suas obras, os contextos históricos e suas contribuições para a filosofia. Em outro momento, se pensa apresentar o Discurso sobre a Desigualdade, obra onde o autor trata o problema da Desigualdade. Rousseau dividiu essa obra em duas grandes fases: na primeira fase, ele mostra que a Desigualdade é definida como algo natural, dada pela lei da natureza e, na outra fase, ele apresenta a Desigualdade como mal produzido pelos seres sociais ou civilizados. Em um último momento, se objetiva abordar as heranças deixadas por Rousseau e a crítica ao seu pensamento. Já que Rousseau é considerado como uns dos maiores de seu tempo. acreditando que a educação era o único remédio para combater os males da Desigualdade social. Porém, esse período é marcado por um elevado tráfico de negros oriundos da África para trabalharem como escravos no novo mundo e na Índia, fato este ignorado por Rousseau que não percebia que eles eram seres também.