Mauricio Ribeiro Damaceno[1]
Refletir sobre a medicina medieval pelas lentes da História Global implica superar a visão de uma prática restrita ao espaço europeu e reconhecer que sua constituição ocorreu no entrelaçamento de tradições diversas. Os tratados médicos e cirúrgicos resultaram de diálogos que incluíram legados da Antiguidade e aportes vindos de contextos árabe-islâmicos[2], judaicos, cristãos e de outras culturas e matrizes religiosas, produzindo um saber marcado por traduções, reelaborações e intercâmbios de largo alcance. Nesse quadro, a medicina do medievo aparece não apenas como um conjunto de técnicas de cura, mas como expressão de um mundo interligado, no qual contatos e atravessamentos moldaram experiências comuns.
Todavia, isso não significa ignorar figuras da história da medicina medieval, como Henri de Mondeville (1260-1320) e Guy de Chauliac (1300-1368), presentes há tanto tempo em nossas pesquisas. O desafio consiste em situá-los como atores inseridos em redes amplas, em constante diálogo com tradições intelectuais e práticas oriundas de diferentes espaços. Suas obras revelam tanto a apropriação criativa de referências geográficas diversas quanto a inscrição em realidades locais de ensino, escrita e atuação médica. Nesse horizonte, tornam-se visíveis as múltiplas camadas que compõem a medicina medieval.
A abordagem da História Global transforma a percepção convencional da Idade Média, ampliando o foco e adotando uma perspectiva descentralizada, que evidencia conexões e trocas entre regiões distintas. Em vez de considerar esse período isolado ao contexto europeu, essa visão valoriza rotas comerciais terrestres e marítimas, interculturalidades e trocas econômicas e culturais entre diferentes continentes, incluindo África e Ásia, sem se limitar às fronteiras nacionais ou ao conceito de Estado-nação. Essa perspectiva questiona a fragmentação da história em segmentos rígidos, propondo uma compreensão mais complexa, na qual os fenômenos históricos se apresentam como fluxos multidirecionais e não lineares, atravessando múltiplas temporalidades. Além disso, desafia o eurocentrismo, oferecendo uma narrativa mais inclusiva, capaz de reconhecer racionalidades distintas e experiências diversas de sociedades frequentemente marginalizadas na historiografia tradicional (Silveira, 2019, p. 222-230).
Elementos associados à História Global, como comércio transcontinental, migrações voluntárias e forçadas, impérios multiétnicos e circulação de práticas culturais, manifestavam-se em múltiplos contextos séculos antes de 1600. Fontes textuais e vestígios materiais sobreviventes revelam uma rede complexa de interações e influências, exigindo análise rigorosa para apreender alcance, natureza e significado dessas relações. A circulação de pessoas, ideias e produtos entre tradições culturais diversas constitui eixo central para compreender uma Idade Média interconectada, na qual dinâmicas locais e de longa distância coexistiam e se entrelaçavam. Essa coexistência fornece um prisma essencial para interpretar os limites da comunicação global no medievo e oferece elementos comparativos para a análise de outros momentos históricos marcados por interações complexas entre o global e o local (Holmes; Standen, 2015, p. 106).
As redes medievais organizadas para finalidades distintas frequentemente estabeleciam pontos de interseção. Na Alta Idade Média, por exemplo, estruturas de comércio de longa distância interagiam com redes locais de distribuição de recursos, evidenciando a interdependência entre escalas de circulação. Embora a reconstrução dessas redes a partir de achados arqueológicos seja desafiadora, a conjunção de registros materiais e textuais permite compreender como se expandiam ou se retraíam conforme oportunidades comerciais e pressões competitivas, assim como a maneira pela qual demandas locais condicionavam a agenda dos comerciantes e viajantes de longo percurso (Holmes; Standen, 2015, p. 114).
O desenvolvimento dos estudos globais não implica marginalização das experiências locais, tampouco desvalorização das línguas, literaturas e histórias nacionais. Pelo contrário, compreender articulações entre nacionalismo e colonialismo-imperialismo exige atenção a múltiplas escalas de análise, desde as dimensões mais restritas até as mais amplas. O exame do global, nesse sentido, não elimina a relevância de recortes regionais, mas recorda que, para os sujeitos históricos, cada espaço se constituía como centro de mundo, e que, para a investigação acadêmica, nenhuma região pode receber primazia absoluta em detrimento das demais. Assim, o olhar global amplia o escopo das conexões possíveis, ao mesmo tempo que preserva a especificidade das condições locais e de seus contextos próprios (Heng, 2021, p. 12-15).
Abre-se espaço para uma historiografia que valoriza a multiplicidade de ritmos e percursos de intercâmbio, revelando a densidade e complexidade das relações que atravessavam sociedades antigas. A reconstrução de um passado global, portanto, não pode se limitar às macroestruturas econômicas de longa duração, devendo incluir a análise minuciosa de tramas culturais, sociais, religiosas e ecológicas, bem como das interações envolvendo animais, plantas, bactérias, ambientes e expressões artísticas. Trata-se de considerar, de modo abrangente, o ciclo vital humano em suas interdependências com o meio ambiente e com a diversidade de experiências que compuseram mundos anteriores (Heng, 2021, p. 53).
As propostas surgidas no âmbito da História Global e das perspectivas transnacionais buscaram evidenciar conexões históricas por meio de ferramentas como análise multiescalar, longa duração, fluxos de longa distância e interlocução entre diferentes áreas do conhecimento. Sob esse prisma, a reflexão sobre interações anteriores à modernidade mostrou-se indispensável. Existiram tradições antigas e medievais de escrita da história que examinaram outras sociedades, ressaltando vínculos atravessando tempos e espaços diversos. Esses testemunhos oferecem elementos valiosos, sobretudo pelo modo como conceberam alteridades sem recorrer a categorias formuladas posteriormente, como as noções oitocentistas de “nação” e “povo” (Bovo; Bayard, 2020, p. 11).
Em vez de apoiar-se em estruturas interpretativas desenvolvidas para outros períodos, a tarefa urgente consiste em compreender como as interações entre Europa, África e Ásia foram efetivamente vividas no contexto medieval. Isso demanda narrativas capazes de capturar as conexões, respeitando suas lógicas próprias e evitando anacronismos. O objetivo é produzir histórias conectadas que revelem os sentidos atribuídos pelas próprias sociedades medievais às suas experiências de intercâmbio, sem reduzir a complexidade dessas relações a categorias analíticas de matriz moderna (Bovo; Bayard, 2020, p. 12).
Tendo isso em vista, a análise de tratados médicos, como A Cirurgia, de Henri de Mondeville, e Cirurgia Magna, de Guy de Chauliac, evidencia um diálogo constante com autoridades da Antiguidade e da Idade Média, muitas delas vinculadas a tradições intelectuais situadas além do espaço francês[3]. Esse aspecto ressalta a necessidade de compreendê-los no interior de redes de circulação de saberes, formadas por interações que ultrapassavam fronteiras regionais e linguísticas. Esses tratados não devem ser interpretados como produções isoladas, mas como frutos de circuitos de transmissão que incluíam deslocamentos para outros centros de saber, participação em campanhas militares junto a monarcas e acompanhamento de itinerários da corte papal. A esse conjunto de experiências somava-se o acesso a traduções de textos da Antiguidade, da tradição árabe-islâmica e judaica, que alimentavam a incorporação e reelaboração de concepções médicas em múltiplos contextos. Do mesmo modo, a transmissão oral exercia papel relevante na difusão do conhecimento, reforçando a interconectividade transregional característica da medicina medieval.
Henri de Mondeville pareceu reconhecer que o saber médico não se constituía de forma isolada, mas resultava de processos de circulação, intercâmbio e esforço coletivo. Ainda na abertura de A Cirurgia, ele assinalou que seu conhecimento foi adquirido por meio de deslocamentos contínuos, enfrentando riscos e privações em nome da aprendizagem, o que evidencia a dimensão transregional da experiência médica medieval. Segundo Mondeville:
[…] os sábios discípulos da [cirurgia], de quem falamos, podem e devem se alegrar […], visto que aqui se encontram em condições de aprender […], tudo aquilo que nós, modernos[4], e todos os nossos predecessores, viajando por diversos territórios, adquirimos em feitos de armas valentes e sobremodo perigosos, e em estudos célebres, com pesados esforços e despesas cotidianas, expondo nossas próprias pessoas aos mais graves perigos e a inúmeras privações. Também se oferece aqui, como já foi dito, o maior número possível de segredos racionais e comprovados, recolhidos dos autores de medicina, utilizados e depois deixados apenas em parte em seus escritos, achando-se dispersos e esparsos em outros lugares. Esses segredos são fruto da experiência de homens sábios, íntegros e antigos, que não quiseram revelá-los, nem mesmo a seu filho primogênito, senão em risco de morte, como se fossem mais preciosos do que qualquer outra coisa (Henri de Mondeville, 1893, p. 04-05).
Essa percepção individual, inscrita no testemunho de Mondeville, ganha maior densidade quando observada no conjunto mais amplo das práticas médicas medievais. A tradição médica cristã deve ser compreendida em diálogo constante com outras culturas, mais do que em posição de primazia sobre elas. Mosteiros e escolas europeias, embora relevantes, não constituíram os únicos centros de produção de saber médico no medievo. Judeus e muçulmanos mantiveram práticas médicas que atravessaram toda a Idade Média e, desde os primeiros séculos, muitos de seus médicos foram reconhecidos como competentes no atendimento a membros da alta nobreza civil e eclesiástica. A possibilidade de viver em comunidades autônomas e dispersas em diversas regiões favoreceu a circulação de experiências, alimentando a constituição de um corpo de conhecimentos diversificado. Figuras como Moisés Maimônides (1135-1204), influenciado pelo filósofo e médico muçulmano Averróis (1126-1198), exemplificam a vitalidade de uma tradição judaico-islâmica que se articulava com a cristandade (Almeida, 2009, p. 40-41).
A prática da medicina em territórios islâmicos envolvia igualmente cristãos e judeus, atuando como médicos em cortes e hospitais, mas também como filósofos, monges e intelectuais. Entre os judeus, o exercício da medicina chegou a ser considerado um campo privilegiado de atuação intelectual. Nas cidades de Damasco e Bagdá, cortes principescas e os califados empregavam médicos de diversas origens. Foi com o Islã que se consolidou o espaço posteriormente identificado como hospital (maristan), onde circulavam teorias herdadas de Galeno (129-216), mas também saberes vindos de tradições médicas cristãs nestorianas de Gundeshapur, cidade iraniana marcada por forte presença árabe e judaica (Goody, 2011, p. 54-61).
Gundeshapur, constituiu um verdadeiro polo de convergência intelectual, reunindo médicos provenientes da Índia e de diferentes regiões do Oriente Médio. A Pérsia mantinha ainda intensas conexões com a China através da rede de rotas que mais tarde seria conhecida como Rota da Seda, o que facilitava o deslocamento de pessoas, práticas e ideias. Desde a conquista árabe em 638, observa-se o entrelaçamento de tradições galênicas e hipocráticas com a medicina ayurvédica indiana, configurando um campo de saber híbrido, em constante reelaboração. O aprendizado dos árabes com os residentes locais ampliou o repertório que mais tarde alcançaria os territórios ocidentais (Goody, 2011, p. 65-66).
As bibliotecas em terras árabe-islâmicas desempenharam papel decisivo na preservação e difusão de saberes. A Casa da Sabedoria de Bagdá, vinculada ao movimento de tradução do Califado Abássida (750-1258), tornou-se um dos maiores repositórios de conhecimento da Antiguidade. Ali foram traduzidos, preservados e estudados textos de autores greco-romanos, como Hipócrates (460-370 a.C.), Galeno, Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), mas também indianos e chineses, a exemplo de Sushruta (800-700 a.C), Charaka (séc. II d.C.), Aryabhata (476-550) e Brahmagupta (598-668). Além das traduções, desenvolveram-se obras originais de grande impacto, como os tratados de Hunain Ibn Ishaq (809-873), médico especializado em enfermidades oculares, que verteu para o árabe importantes coleções médicas gregas, incluindo as de Galeno e Hipócrates (Pormann; Savage-Smith, 2007, p. 20-29; Iskandar, 2008, p. 1081-1083; Lyons, 2009, p. 55-77; Al-Khalili, 2011, p. 53).
No século XI, Constantino, o Africano (1114-1187), tradutor oriundo do Norte da África e monge do mosteiro beneditino de Montecassino, desempenhou papel decisivo ao verter para o latim obras médicas árabes, com o objetivo de rastrear por meio delas o legado da medicina greco-romana e torná-lo acessível. Essas traduções forneceram a base doutrinal sobre a qual se desenvolveria, no século XIII, a escolástica médica, especialmente por meio das leituras críticas e comentários que se teceram sobre esses textos e de novas traduções do grego e do árabe. O processo tradutório, entretanto, não se limitava à simples conversão linguística: a fidelidade e o tipo de tradução – literal ou livre, primária ou secundária – variavam conforme múltiplos fatores, incluindo a concepção histórica do tradutor, as línguas de origem e de destino (do grego, árabe ou hebraico para o latim; do latim às línguas vernáculas; entre vernáculos; ou do grego ao vernáculo), o gênero do texto original e a formação, interesses e preferências tanto dos tradutores quanto do público destinatário; entre todos os desafios enfrentados, a tradução do grego representou o maior obstáculo, visto que até o século XI muito pouco havia sido vertido para o latim, exigindo esforços extraordinários para que o saber médico antigo pudesse ser recuperado e incorporado. Um desafio enfrentado por médicos árabe-islâmicos (Dos Santos, 2014, p. 123-124; Furlan, 2003, p.23).
Essa longa trajetória de transmissão textual e prática médica evidencia que a educação e a escrita médicas foram produtos de redes complexas de interações, atravessando fronteiras geográficas, temporais e culturais. O que muitas vezes foi narrado pela historiografia em chave nacionalista como um processo autônomo europeu, revela-se, sob um olhar global, como resultado de uma multiplicidade de conexões que a escrita tradicional da história tende a homogeneizar ou apagar.
Físicos-cirurgiões medievais como Henri de Mondeville e Guy de Chauliac reservaram espaço expressivo em suas obras às autoridades árabe-islâmicas e judaicas. Em A Cirurgia de Mondeville, das 1.299 citações totais, 475 correspondem a esse conjunto de autores. Já na Cirurgia Magna, Chauliac recorreu a quase 1.400 citações de autoridades antigas e medievais, sendo que, entre os medievais, mais de 60% pertencem a essas tradições. Esses números mostram que o conhecimento médico circulava em redes amplas, compostas por diferentes territórios, racionalidades e práticas, em que os saberes árabe-islâmicos e judaicos, sem excluir outras culturas e tradições, não foram marginais, mas constitutivos da prática médico-cirúrgica (Nicaise, 1890, p. XLVIII; Nicaise, 1893, p. XXXVIII).
Entre essas autoridades, Avicena (980-1037) ocupa lugar importante. Henri de Mondeville o citou 307 vezes, e Guy de Chauliac recorreu a suas obras em 661 passagens, número superado apenas pelas menções a Galeno (Nicaise, 1890, p. XLVIII; Nicaise, 1893, p. XXXVIII). Essa presença maciça reflete a força de sua produção intelectual, especialmente do Cânone da Medicina (al-Qānūn fī al-Ṭibb), obra que integrou heranças hipocráticas e galênicas a conhecimentos árabe-islâmicos e à própria experiência prática do autor (Pereira, 2015, p. 18-48).
O prestígio de Avicena explica-se também pela amplitude de sua formação intelectual. Desde a infância, a memorização do Corão lhe conferiu disciplina e rigor, e logo passou ao estudo da lógica com o Isagoge[5] de Porfírio (234-304/309), da geometria com os Elementos de Euclides (séc. III a.C.) e da astronomia com o Almagesto de Ptolomeu (90-168). Esse percurso o levou à filosofia natural, à metafísica e ao direito, embora seu maior desafio tenha sido a compreensão da Metafísica de Aristóteles, superado apenas com as interpretações de Al-Fārābī (870-950). Aos vinte anos, iniciou sua produção autoral, que culminaria na obra Cânone da Medicina (Pereira, 2015, p. 18-48). Obra de notável densidade conceitual e estrutura sistemática, o Cânone circulou amplamente na cristandade latina, muitas vezes em fragmentos ou por meio de comentários, mas sempre como referência obrigatória em universidades como Bolonha e Montpellier (Wallis, 2010, p. 198-199).
O exame das citações presentes nas obras de médicos como Henri de Mondeville e Guy de Chauliac revela ainda a importância de outras figuras centrais da medicina medieval, como Rhazes (850-923), Albucasis (936-1013), Haly Abbas (930-994), Averróis (1126-1198) e Maimônides (1135-1204). Suas contribuições, profundamente enraizadas em tradições médicas que floresceram em cidades como Bagdá, Córdoba e Fez, atravessaram fronteiras religiosas e políticas, integrando-se às práticas médicas europeias. Guy de Chauliac, por exemplo, mencionou Albucasis em 175 passagens, Haly Abbas em 149, Rhazes em 161, Averróis em 67 e Maimônides em 29, compondo um mosaico de referências transregionais. Henri de Mondeville, embora em menor proporção, também incorporou esses autores, evidenciando a ampla circulação e influência de suas obras (Nicaise, 1890, p. XLVIII; Nicaise, 1893, p. XXXVIII).
Assim, a prática médica medieval configurou-se como resultado de circulações complexas e multidirecionais do saber, sustentadas por traduções, manuscritos, comentários e tradições orais. Longe de se restringir a uma recepção unilateral europeia, a medicina constituiu um sistema interconectado de redes intelectuais, no qual transitavam pessoas, conceitos e metodologias. Nesse contexto, físicos-cirurgiões como Henri de Mondeville e Guy de Chauliac não apenas dialogaram com as tradições árabe-islâmica, judaica e greco-romana, mas também assimilaram, ainda que de modo indireto, saberes locais e conhecimentos provenientes de diferentes culturas. Esse entrelaçamento evidencia que o campo médico medieval ultrapassava fronteiras culturais, religiosas e geográficas. Tal perspectiva exige o abandono de narrativas nacionalistas e/ou eurocêntricas, em favor do reconhecimento da pluralidade de atores, centros e comunidades de prática que configuraram o saber médico no medievo.
Refletir sobre essas redes não apenas enriquece nossa compreensão da medicina medieval, mas também nos convida a expandir o olhar sobre a História Global, estimulando pesquisadoras e pesquisadores a examinar de forma mais ampla os fluxos de conhecimento e as interações culturais em períodos anteriores à modernidade. A análise desses contextos interconectados abre espaço para questionar fronteiras rígidas, pensar o papel das circulações transregionais e aprofundar a compreensão de como saberes circulavam, se transformavam e se apropriavam em múltiplos espaços e tempos. Em suma, esse olhar nos convida a reconsiderar a História Medieval como um campo dinâmico de intercâmbios globais, cujo estudo continua a desafiar e inspirar novas interpretações.
Referências
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WALLIS, Faith (ed.). Medieval Medicine: a Reader. Toronto: University of Toronto Press, 2010.
[1] Doutor em História pela Universidade Federal do Mato Grosso (mauricioribeiro96@hotmail.com). Link do currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9973548749338942.
[2] Convém esclarecer que o termo “árabe” refere-se a uma identidade étnico-linguística e cultural, ao passo que “muçulmano” designa uma identidade religiosa. Dessa forma, nem todos os árabes seguem o Islã, assim como nem todos os muçulmanos são de origem árabe, justificando o emprego distinto de ambos os conceitos.
[3] Refere-se às regiões onde Henri de Mondeville e Guy de Chauliac viveram, estudaram e exerceram a prática médica, na maior parte de suas vidas.
[4] Não se trata de uma referência à modernidade em sentido cronológico atual, mas de uma categoria relativa, marcada pela comparação com os “antigos” (autoridades antigas).
[5] Ou Introdução às Categorias de Aristóteles.
Publicado em 28 de Outubro de 2025.
Como citar: DAMACENO, Mauricio Ribeiro. Saberes em movimento: a medicina medieval e seus aspectos de globalidade e conectividadBlog do POIEMA. Pelotas: 28 de out. 2025. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/poiema/saberes-em-movimentoa-medicina-medieval-e-seus-aspectos-de-globalidade-e-conectividade/ Acesso em: data em que você acessou o artigo.
















