Em uma interlocução entre História e Literatura, uma possível vitória dos nacional-socialistas vem se mostrando como um dos temas mais explorados na ficção. A pesquisa da Pyetra debruça-se em entender porque esse passado é acionado, assim como o passado “medieval” no período nazista, e como ele se manifesta na graphic novel Os Devoradores de Vidas – publicada em 2003 e traduzida para o português em 2014 – tendo em vista que a articulação da linguagem e da historiografia podem ser fatores cruciais para a formação e reflexão da humanidade de uma forma geral.
“A mídia desempenha um papel importante na disseminação e perpetuação dessas (pré-)concepções.” (PETTIT, 2017, p.4, tradução minha). Como explicar essa frase? Quais são essas pré-concepções? A pesquisa propõe buscar os motivos pelos quais questionamos e projetamos anseios pessoais em nosso futuro em relação ao passado já que, indubitavelmente, estamos cercados de produções midiáticas que trazem questões éticas e filosóficas.
Como um parâmetro fundamental para o entendimento da Ficção Científica (FC) pensa-se o conceito de História Alternativa, defendido como um subgênero das FC e que se refere à possibilidade de um cenário fictício diferente do passado “real”. Trata-se de uma análise histórica da literatura, mais especificamente da FC. Lidamos com a ideia de presentificação de narrativas históricas sobre um passado como produção de significado e nova imagem recriada deste passado (neste caso, a relação dos Nacionais-socialistas com o Medievo) nessa pesquisa.
Analisando a narrativa que se estrutura e se articula, trabalhando fundamentalmente com texto e imagem presente nas graphic novels, entende-se, portanto, que essa é por sua vez crucial para a construção e entendimento de complexidades de memória e pensamentos ideológicos. Compreender como nossas interpretações de mundo “real” e como recepcionamos algum período histórico que não o nosso, podem auxiliar no entendimento do nosso presente, mesmo que através da ficcionalização.
Os objetivos deste trabalho são compreender como a graphic novel constrói um passado alternativo recepcionando o período nacionalsocialista, compreender o uso de elementos “medievais” na narrativa para fundamentar o passado e aproximar a discussão entre Literatura e História, bem como entender o papel da narrativa ficcional como constructo histórico.
Graduanda no Bacharelado em História na Universidade Federal de Pelotas desde 2021. Integra o Polo desde Set. de 2023. Atua também no acervo documental e histórico do Núcleo de Pós-Graduação (PRPPG) da UFPel.