A xilogravura é um processo artístico através do qual se entalha um desenho em uma chapa de madeira e logo após isso se “carimba” em outra superfície, como papéis e tecidos. Em território europeu, foi se popularizar após o século XIV, trazendo à tona nomes como Michael Wolgemut, Hans Holbein e Albrecht Durer.
E como essas (e outras) influências vieram parar num videogame do século XXI?
Apocalipsis: Harry at the end of the world foi lançado em 2018, onde conhecemos Harry, que parte numa jornada em busca de Zula, sua amada, até o fim do mundo. Esse videogame possui uma estética bastante peculiar, inspirada em xilogravuras do fim da Idade Média, e que por isso de certa forma “ganham vida” neste jogo.
Apocalipsis contém ainda uma atmosfera carregada de imagens que evocam a morte, trazendo ao jogo uma sensação de mortandade. Corpos que apodrecem, seres mitológicos, peste, bruxas, ajudam a compor esse cenário em que quase podemos sentir o odor de podridão presente no ar.
Mas porque estudar videogames?
Vivemos em uma sociedade em que a indústria cultural, em particular na produção de jogos eletrônicos, impera, molda e interfere no nosso cotidiano. E Apocalipsis se enquadra nisso e segue além, já que se aproveita de uma recepção do Medievo (e de outras idades históricas) para construir uma narrativa instigante e modeladora de uma determinada visão sobre a Idade Média.
Este post traz reflexões iniciais futuramente presentes na dissertação de mestrado denominada “Hiper-realismo e intermidialidade em videogames: análises dialogadas de Darkest Dungeon (2016) e Apocalipsis: Harry at the end of the world (2018)”, em curso, da mestranda Bárbara Denise Xavier da Costa (Licenciada em História pela Universidade Federal de Pelotas), bolsista CAPES. Foi editora-assistente da Revista Discente Ofícios de Clio em 2018 e 2019. Possui interesse em recepções do Medievo, videogames e nas relações entre História e Literatura.
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BÁRBARA DENISE XAVIER DA COSTA
Licenciada em História pela Universidade Federal de Pelotas e atualmente mestranda pela mesma instituição.
Integrante do POIEMA desde 2019.