Protestos no Irã e a revolta do caso Mahsa Amini

Na terça-feira (13) a jovem Mahsa Amini, 22, foi detida em Teerã acusada de “usar roupas inapropriadas” pela “polícia da moralidade”- responsável por cuidar do código de vestimenta da cidade. A morte da jovem foi confirmada 3 dias após sua prisão em um hospital. De acordo com ativistas, a jovem foi agredida de maneira fatal na cabeça, a qual não foi confirmada pelas autoridades iranianas. 

Foto: Manifestações e revoltas pela morte da jovem Mahsa
Fonte: STEPHANIE KEITH / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Os protestos pela morte de Mahsa eclodiram logo após a confirmação do falecimento da jovem, sua morte indignou a comunidade iraniana por questões de restrição às liberdades pessoais no Irã, principalmente pelos rígidos códigos de vestimenta para as mulheres, as quais devem cobrir todo seu corpo e deixando a mostra somente seus olhos. As mulheres têm desempenhado o papel principal nos protestos, acenando e queimando seus próprios véus em forma de resistência.

Esse é o maior protesto desde as manifestações contra os preços dos combustíveis em 2019, aproximadamente 1.500 pessoas foram mortas em uma repressão contra os manifestantes. Esse foi o confronto mais sangrento e violento da República Islâmica.

Irã: Protestos por direitos de mulheres acumulam mortes - 21/09/2022 - Mundo - Folha

Foto: Mulheres estão à frente das manifestações no Irã
Fonte: Anwar Amro

Neste sábado (24) as agências de notícias iranianas informaram que 739 manifestantes foram presos na província de Gilan e 35 mortes, no norte do Mar Cáspio. De acordo com uma conta de um ativista no twitter @1500tasvir, o qual tem aproximadamente 126 mil seguidores, alerta a comunidade que os canais de comunicação com a cidade foram cortados e os telefones fixos interrompidos.

Além de centenas de prisões dos manifestantes, o número de mortes causadas pela repressão sangrenta das forças de segurança são 41, segundo dados oficiais. O principal pedido dos manifestantes são que o Estado ponha fim à obrigação de as mulheres usarem véu em público, motivo pelo qual causou a morte da jovem Mahsa.

Ato na capital Erbil, capital do Curdistão Iraquiano. — Foto: Reuters

Foto: Homenagens à jovem Mahsa no centro da cidade de Teerã
Fonte: Reuters

O presidente conservador do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que tinha que lidar com maior autoridade à aqueles que estavam por trás da violência. O comentário foi feito pouco depois de a Anistia Internacional alertar para “o risco de um derramamento de sangue ainda maior” facilitado por um “apagão deliberado da internet” por parte das autoridades, em uma tentativa de dificultar as manifestações e evitar que as imagens da repressão cheguem ao exterior.

Entretanto, a ONG curda de defesa dos direitos humanos de Hengaw, com sede em Londres afirmou que existem provas colhidas em 20 cidades do Irã que apontem um “padrão terrível das forças de segurança iranianas, que atiram deliberada e ilegalmente com munição real contra os manifestantes”

Em Beirute, no Líbano, mulheres participaram de uma manifestação após a morte de Mahsa Amini no dia 21 de setembro de 2022. — Foto: ReutersFoto: Mulheres iranianas retiram seus hijabs como forma de protesto aos rígidos códigos de vestimenta
Foto: Reuters

Houve, também, manifestações a favor do governo em várias cidades do Irã neste domingo (25). Milhares participaram de um ato na Praça da Revolução (Enghelab), e algumas autoridades estiveram presentes, entre eles o porta-voz do gabinete do governo, Ali Bahadori Jahromi.

 

Nataniele Paim Assistente de Press

Olá, sou a Nataniele e estou no 1⁰ semestre de Relações Internacionais. Tenho um foco muito grande em trabalhar em uma das agências da ONU e participar do PelotasMun além de me auxiliar a ter mais conhecimento sobre as funções dessas agências, vai me ajudar a desenvolver outras habilidades importantes no que diz a organização do evento. Espero que seja uma experiência maravilhosa e que seja a primeira de muitas outras aliás.