Entrevistas
Entrevista com Turismóloga Liliane Caldas
Como foi a sua trajetória como estudante de Turismo da UFPEL e quais foram as oportunidades e desafios para empreender no ramo de Turismo em Pelotas?
Me apresento: Sou Liliane da Cruz Caldas, tenho 39 anos e sou pelotense. No ano de 2002, entrei na faculdade de turismo por buscar uma formação que me possibilitasse conhecer o mundo. Desde muito nova desejava conhecer a Espanha, país da intercambista que recebemos, eu e minha família, quando eu ainda tinha somente 10 anos. Esta experiência com uma cultura diferente à nossa, me instigou a buscar novos horizontes.
Impulsionada por isto, desejava muito sair de Pelotas, cidade que muito me desagradava. Mas, para minha surpresa, aquilo que me motivou a buscar uma faculdade de turismo, visando abrir novos rumos na vida, foi justamente o que me fez conhecer e me apaixonar pela minha cidade natal. Andava como uma turista na minha própria cidade! Algumas vezes sentia que os professores nos contavam mentiras, pois não podia ser que houvesse tanta história desconhecida, para mim, sobre minha própria cidade!
Quando me formei, fui uma das únicas pessoas a finalizar a graduação trabalhando nesta área tão nova na cidade. Mas não foi em vão, pois meu esforço de participar de todos os eventos, de me disponibilizar voluntariamente em projetos de extensão que existiam no curso, me possibilitou experimentar a profissão e fazer muitos contatos. E foi justamente um deles, que me possibilitou terminar a faculdade já atuando no mercado de trabalho.
O Pelotas Convention & Visitors Bureau foi uma experiência que marcou ainda mais minha vida profissional. Não existia uma secretaria de turismo do município no momento, e este escritório fazia este papel. A experiência de gestão turística municipal, atentando para o bom funcionamento do turismo da cidade, me fez ampliar o campo de visão da atividade, além de me apaixonar ainda mais pela área.
Em 2006, surgiu a possibilidade de realizar meu antigo sonho através de uma experiência missionária na Espanha. A previsão era ficar no país por 3 meses, mas se estendeu por quase 6 anos! Neste período, a atuação com a vida profissional e acadêmica na área do turismo, sofreu uma pausa. No ano de 2010 ingressei no Mestrado em Gestão e Planejamento Turístico na Universidade de Málaga, neste mesmo país. Esta formação foi importantíssima aos meus seguintes passos profissionais.
Casada e com uma pequena espanhola nos braços, retorno à Pelotas em 2012. Devido aos cuidados maternos, o meu desejo de retornar à vida profissional necessitaram seguir um pouco mais pausados. Enquanto amamentava e cuidava de minha filha, ficava de olho à novas possibilidade. Foi então que, em 2013, conhecendo desde o período que trabalhei no Convention Bureau, o novo Secretário de turismo empossado pelo novo governo municipal, fui “bater à sua porta”. Sem saber se poderia me receber, estive disposta a esperar pelo tempo que fosse necessário para conseguir o atendimento. Esta conversa me rende frutos até hoje!
Na ocasião, ele me convidou para trabalhar não na secretaria de turismo, já que no momento não havia esta possibilidade, mas sim em sua empresa de organização de feiras e eventos de negócios. Mesmo almejando trabalhar e apoiar na secretaria, por entender que minha formação iria enriquecer muito à gestão turística da cidade, jamais pensei em não abraçar a oportunidade que se abria no momento. Foram três anos de “espera”. Com certeza este período em sua empresa me fez amadurecer, aprender novas tarefas, mesmo que fosse uma área que não me agradava muito: a organização de eventos. No entanto, a espera teve seus frutos: em 2006 chegou o momento! Fui convidada por ele, para coordenar o Plano Municipal de Turismo da minha amada cidade de Pelotas!
Na Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação- SDETI, que estive até o final de 2020, boas sementes foram plantadas! Nele pude aplicar meus conhecimentos e formação acadêmica realizando vários projetos básicos para o desenvolvimento do turismo na cidade, como a implementação de Informes Estatísticos anuais sobre o setor turístico do município, realizando várias linhas de pesquisas sobre o setor, além de projetos de sensibilização turística com a população, no turismo acessível, entre outros. Com o conhecimento do mercado adquirido, percebi diferentes deficiências na prestação de serviços turísticos que eu poderia atuar.
E assim, paralelo ao trabalho da SDETI, comecei a trabalhar na gestão de imóveis de temporada, elaboração de projetos turísticos, guiamento de grupos de turistas e todas as oportunidades que se apresentassem na minha frente, eu encarava. Além de estar realizando, em paralelo, a graduação em Tecnologia em Hotelaria na UFPel e tudo isto, já com meu segundo filho. Esta vez, um rico guri pelotense!
Ao sair da SDETI em meio período da pandemia do COVID-19, a revalidação do meu mestrado realizado na Espanha e que levou longos 11 anos, se concretizou. Logo já começou a minha busca pela a realização do Doutorado. O que pela graça de Deus saiu em poucos meses através da seleção da Universidade de Santa Cruz- UNISC, recebendo a bolsa de estudos através do custeio da universidade pela PROSUC da CAPES. Não sabia como iria fazer com relação as aulas, já que eram em Santa Cruz e toda minha vida em Pelotas! Mas naquele momento eram online. Se tivesse pensado muito no futuro e nas dificuldades que poderia encontrar para finalizar, eu não teria ne iniciado! Mas fui passo a passo. No fim, as aulas dos primeiros semestres foram todas online e pouco precisei me deslocar à universidade!
Ao iniciar o doutorado, já sondava a ideia de poder voltar para um período de pesquisa na Universidade de Málaga. O que neste ano de 2023 se concretizou! Me inscrevi na seleção para Doutorado Sanduíche no Exterior, também da CAPES, passei pouco a pouco pelas etapas necessárias e, por fim, fui selecionada! Aqueles sonhos sem pretensões, ou como diz um ditado espanhol: “Sin prisa pero sin pausa” (sem pressa mas sem pausa), foram se realizando!
Olho para trás e vejo como que, aproveitando cada oportunidade que se me presentou, dando meu melhor, sendo proativa e sempre olhando as possibilidades futuras, sem ansiedade, sem forçar nem passar por cima de ninguém, ao contrário, fazendo as pessoas crescerem junto comigo, vejo que Deus me oportunizou realizar muito mais do que pedi e imaginei!
Hoje os escrevo desde a Universidade de Málaga na Espanha, onde passarei os próximos meses aprofundando minha pesquisa no âmbito turístico, administrando minha empresa e atividades em Pelotas à distância!
Se lá atrás eu tivesse olhado a dificuldade, se tivesse desistido em tantos momentos difíceis no âmbito pessoal (neste período de retorno ao Brasil ficou evidenciado que eu era vítima de violência doméstica e não percebia), não estaria escrevendo mais um novo capítulo em minha vida! Olho para o futuro cheia de esperanças pessoais e profissionais! Que minha experiência possa te inspirar a ser e fazer o melhor em cada oportunidade que se apresenta em tua vida!
Liliane da Cruz Caldas
Doutoranda em Desenvolvimento Regional (UNISC), Mestre em Gestão e Planejamento Turístico (UMA- Málaga, España)
Especialista em Atrativos Culturais (IFPR)
Graduada em Turismo (UCPel) e Hotelaria (UFPel)
Credibilidade, Gestão Turística e imóveis de temporada- Proprietária
Produtora Cultural – CEPC 12208
Entrevista com a Professora Mirian Oliveira, Professora Titular da Escola de Negócios da PUCRS
Apresentação
Meu nome é Mirian Oliveira, me formei em Engenharia Civil, trabalhei dez anos com gestão de obras. Eu tinha nessa época feito mestrado em Engenharia Civil, na área de gestão de obras. Depois de um tempo decidi fazer doutorado porque eu já estava dando aula em uma faculdade para o curso de arquitetura, uma disciplina sobre gerenciamento de obras e quando eu decidi fazer o doutorado nessa área de gerenciamento de obras, não tinha na UFRGS. Então decidi fazer na Administração e o contexto da minha pesquisa foi a Engenharia. Quando eu estava quase terminando o doutorado me convidaram para dar aula na Administração, então eu acabei gostando da área e acabei largando a Engenharia Civil. Hoje na verdade nas minhas pesquisas, até a construção civil pode ser o contexto, mas não necessariamente. Talvez o contexto que eu mais pesquise sejam empresas de TI.
Quais as áreas que a senhora tem interesse dentro da sua formação?
O meu maior interesse é sobre método de pesquisa, eu adoro me manter atualizada sobre as ferramentas que existem para se fazer pesquisa, conhecimentos novos sobre os procedimentos de pesquisa. E em paralelo eu também me interesso pela Gestão do conhecimento, então tanto os processos, em especial o compartilhamento do conhecimento. E agora, tenho me interessado também pela ocultação do conhecimento, que seria o não compartilhamento de um conhecimento existente e que se faz necessário.
Como a senhora uniu a Engenharia Civil a Administração?
Acabei deixando a Engenharia mais de lado, porque como eu já trabalhava com gestão de obras, já era um pouco da parte mais da Administração. Na época em que eu me formei na Engenharia Civil tinham poucas mulheres em obra, e quando eu ia para obra as vezes era um pouco complicado, então por isso eu acabei deixando, gostando e agora ficando na Administração. Já fazem quase 24 anos.
Como a senhora acredita que um gestor deva se portar? Com base no seu histórico e em suas pesquisas.
Acredito que o gestor precise ter informações e ter conhecimento sobre o que está gerindo. Esse conhecimento não necessariamente seja ele que precise ter todo conhecimento, precisa também conhecer quem conhece as diferentes áreas. E ai o gestor pode então fundamentar as suas decisões no conhecimento que ele tem de uma área específica e também conhecimento que os outros colaboradores possuem nas suas áreas específicas. A ideia é que ele não tente decidir as coisas sozinho e sem ter um conhecimento/informações necessárias para a decisão. Eu acredito que o trabalho em equipe e o conhecimento são fundamentais para a atividade de gestão.
A tomada de decisão deve ser tomada em conjunto com os colaboradores?
Eu acredito que deve considerar o conhecimento que os colaboradores têm, porque o gestor ele tem uma visão do todo, ou precisa de uma visão do todo, mas ele não vai ter um conhecimento aprofundado em todas as áreas. Então ele precisa das informações e do conhecimento dos seus colaboradores, para que a sua decisão seja otimizada.
A formação acadêmica contribui para a formação de um gestor? Qual a importância da pós-graduação para a formação de um gestor?
Eu acredito que a academia é muito importante para os gestores, porque ela te mostra formas de encontrar o conhecimento, aquele conhecimento que existe de mais recente sobre aquela temática. Então, a maioria dos nossos alunos que vem do mercado de empresas fazer mestrado ou mesmo doutorado, eles sempre dizem que eles mudaram a forma de pensar, agora sabem onde procurar o conhecimento sabem como tratar as situações com mais ferramentas do que tinham antes de fazer uma pós-graduação do senso, ou um mestrado. O mestrado, principalmente, possibilita que as pessoas de mercado conheçam mais ferramentas para trabalhar no seu dia a dia, consigam ver as situações do dia a dia sob diferentes perspectivas, utilizando diferentes conhecimentos que possam auxiliar no dia a dia.
A pesquisa auxilia na formação de um gestor?
Sim porque várias pesquisas, técnicas, métodos de pesquisas que nós usamos, também são válidos no dia a dia das organizações. São pesquisas relacionadas ao engajamento dos funcionários, à práticas que podem melhorar determinada área dentro da empresa. Então, aprender sobre método é muito importante para que o gestor não acredite em números que foram levantados sem ter uma validade ou uma representatividade para aquela situação. Então principalmente essa questão de como se faz pesquisa e qual a possibilidade de generalizar aquele resultado ou não, é muito importante para um gestor. Então acredito que sim, aprender a fazer pesquisa torna um melhor gestor, ajuda a saber em que acreditar e no que vai desconfiar da validade.
Como a gestão do conhecimento contribui para a formação de um gestor?
A gestão do conhecimento eu a considero como fundamental, o maior ativo que uma organização tem é o seu conhecimento, se ela perder ou se as outras organizações também tiverem esse conhecimento, ela perde a sua vantagem competitiva, o diferencial que a empresa tem que mantém ela no mercado, é o conhecimento que ela tem e que as outras empresas não tem, e esse conhecimento ele está parte dele documentado na empresa, mas boa parte dele, está na cabeça dos seus colaboradores, então aquele gestor que conhece um pouco mais sobre a gestão do conhecimento, a sua importância, ele vai evitar de perder um funcionário que tem o conhecimento que é fundamental para a sua organização e que se sair da empresa, pode levar para outra organização. Então, saber sobre gestão do conhecimento significa como proteger o conhecimento que é core para aquela empresa, significa como partilhar o conhecimento dentro da empresa para aqueles que precisam, para que não aconteça retrabalho e que possa gerar mais informação. Então, as empresas elas não podem ser estáticas, precisam estar se renovando e inovando de tempos em tempos e a gestão do conhecimento é relevante para a inovação e para que a empresa se mantenha no mercado com um diferencial.
Entrevista com a Profa. Priscila Nesello, Professora Adjunta do CCSO
Fale brevemente sobre seu histórico acadêmico?
Sou formada em administração, tenho especialização em gestão estratégica da informação, mestrado e doutorado em administração e no meu pós-doutorado trabalhei com o tema das cidades e comunidades compassivas e ainda estou pesquisando sobre isto.
Porque escolheu este tema? E, em sua vida acadêmica quais temas gostou mais de desenvolver? E, quais suas ares de interesse?
O tema foi uma sugestão de minha orientadora e eu aceitei. Segue a linha de estudos de cidades inteligentes e sustentáveis. E a área de interesse em pesquisa. Eu trabalho com gestão de projetos, gestão da inovação e empreendedorismo. E, também, essa parte de desenvolvimento baseado em conhecimento que pega as cidades inteligentes e sustentáveis e, agora, as cidade compassivas que estou ainda em processo de pesquisa, conhecendo melhor e falando com algumas pessoas numa etapa mais aplicada da pesquisa.
Entrando no tema, defina o que significa ser uma cidade compassiva?
A pesquisa em cidades compassivas está bem relacionada com a questão dos cuidados paliativos em fim de vida, morte, morrer e perda. Porém, na perspectiva do design urbano, uma cidade compassiva é aquela que proporciona aos seus habitantes condições para que estes possam suprir todo seu espectro de necessidades para prosperar. Ou seja, está relacionada a fazer com que todos possam ter uma vida digna e ter condições de desenvolver suas potencialidades.
Quais são os princípios fundamentais de uma cidade compassiva?
Aspectos relacionados ao projetar uma cidade compassiva na perspectiva do local envolvem: dignidade inerente, direito de escolher como participar, capital emocional, a importância de estar conectado, a importância da saúde, a importância da esperança, a importância da felicidade, amplas responsabilidades dos urbanistas, reconhecimento da singularidade da perspectiva de todos, reconhecimento da natureza complexa das cidades, a importância da compaixão.
Quais são os desafios que as cidades enfrentam ao buscar serem mais compassivas?
Principais desafios passam pelo desenvolvimento de políticas públicas que viabilizem projetos voltados para o desenvolvimento de cidades compassivas. A dificuldade na questão do acesso e a equidade, isto porque muitas vezes quem se encontra em situação de sofrimento não tem a motivação de ir em busca de ajuda, outras vezes, as políticas atendem quem está em situação de vulnerabilidade extrema, enquanto outros que estão em situação de risco moderado ficam sem acesso. Também é relatado na literatura casos em que existem políticas públicas, mas estas não resolvem efetivamente os problemas da população, servindo mais para fins eleitoreiros. Assistencialismo também é questionado, pois o cerne de uma cidade compassiva passa por preparar as pessoas para que elas tenham condições de se desenvolver.
Qual é o papel das empresas na construção de uma cidade compassiva?
Apoio financeiro a projetos voltados para cidade compassiva e um olhar compassivo para os funcionários que fazem parte da empresa e suas famílias.
Como as empresas podem contribuir para a promoção da compaixão e da empatia dentro de uma cidade?
Um pouco do que foi dito acima. Além disso, se a empresa é de grande porte, ela própria pode ser a promotora de projetos voltados para o desenvolvimento da cidade compassiva. Atacar questões como segregação urbana e desigualdades sociais parecem bons caminhos para atuação.
Quais são os benefícios para as empresas que se envolvem em iniciativas compassivas nas cidades onde estão localizadas?
Desenvolvimento e sustentabilidade da cidade ou região.
Como as empresas podem colaborar com as autoridades municipais e outros setores para tornar uma cidade mais compassiva?
Apoio financeiro.
Quais são as estratégias que as empresas podem adotar para incentivar seus funcionários a se envolverem em ações compassivas na comunidade?
Eu penso que a decisão em participar de ações compassivas é individual e não relacionada a empresas. No entanto, internamente a empresa pode promover ações no sentido de desenvolver a compaixão entre os seus funcionários e nas suas relações com clientes, fornecedores e sociedade. Importante ressaltar que a compaixão neste sentido não se refere a um lugar emocional, de caridade e benevolência. Passa sim por desenvolver um ambiente onde as pessoas/parceiros possam se desenvolver e prosperar. Para isto, deve-se ter um olhar para as necessidades das pessoas ou grupos e promover ações para que estes tenham a oportunidade de suprir suas necessidades supridas. Também, fazer com que estes se desenvolvam para que possam entender as suas próprias necessidades. Muitas vezes as pessoas não sabem o que precisam.
Entrevista com o Prof. Marcelo Passos*, Departamento de Economia da UFPel
Pesquisador visitante (estágio pós-doutoral) no Research Unit on Complexity and Economics (ISEG – Universidade de Lisboa, 2015). Possui graduação em Ciências Econômicas – FAE Business School (1996), mestrado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (2001) e doutorado em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (2008). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e, desde 2018, coordenador do Curso de Ciências Econômicas desta universidade. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Monetária e Financeira e Economia computacional, atuando principalmente nos seguintes temas: finanças computacionais, economia computacional (análise de redes complexas), teoria monetária e teoria do investimento.
- O que você achou da manutenção da taxa de juros pelo BC?
Na variação anual, observamos a alta expressiva em dezembro de 2021. Estávamos a 10 meses antes das eleições:
Repare que é quase o mesmo nível de IPCA de 2015, pior ano da recessão da Dilma. Como o Roberto Campos Neto esperava uma alta de gastos, por causa das pressões eleitorais, ele resolveu jogar os juros nas alturas.
Agora ela está em 14,98% (março de 2023). E a Selic do Copom está em 13,75% a.a.
Quer dizer, a Selic pode subir, a depender das negociações da âncora fiscal no Congresso.
2. O que o Sr. achou da nova Âncora Fiscal do Governo Federal?
A âncora foi recebida com reservas. O mercado vai precifica-la ao longo dessa semana, principalmente, e nas próximas. Ele sabe que o ajuste fiscal da âncora será feito pela via do aumento de tributos. E não gosta disso.
A inflação não está tão alta, em termos internacionais. Mas o mercado lembra do que foi a tragedia fiscal do governo Dilma.
3. A inflação está alta demais? é um problema?
O núcleo da inflação ainda está alto. Pelo núcleo, é retirado do IPCA as variações dos preços que sofreram reajustes excessivos. E, ainda assim, vários preços ainda estão subindo (chama—se índice de difusão da inflação). Por isso é também pela expectativa da piora do cenário fiscal é que o BC mantém a Selic alta. Ela poderá cair um pouco, se o Congresso e o mercado reagirem melhor a âncora fiscal. Mas pode também ocorrer o inverso.
4. O que o governo deveria fazer para os juros baixarem?
O que o governo deveria fazer, e não fez, era apresentar uma regra fiscal com maior credibilidade e maior comprometimento com redução de despesas publicas, privatizações etc. Mas não fez isto, pois não há espaço para reduzir despesas sem fazer uma reforma administrativa ou privatizar. O PT não quer fazer nenhuma das duas coisas. E aí ficamos nesse impasse entre o ministério da fazenda e o BC.