As possibilidades de ampliação da escala da malha reticulada de Herval

Publicado por Rodolfo Barbosa Ribeiro

Proposta de análise da área urbana da cidade de Herval, a partir do software UrbanMetrics – com ênfase no modelo de Centralidade, desenvolvida na disciplina Oficina de Modelagem Urbana, no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel.

Para este trabalho foi utilizado o mapa da malha urbana representada por linhas axiais em eixos longos. Segundo Krafta (1996), a partir do mapa axial “é possível reduzir a complexidade da sua configuração a uma característica básica – sua dimensão linear”.

As análises foram feitas a partir do modelo de Centralidade espacial, em que “cada unidade de forma construída pode ser acessada a partir de qualquer outra através de uma sequência de espaços públicos”. (KRAFTA, 1996)

Assim, utilizou-se do modelo de Centralidade para primeira análise a partir da malha existem. Na figura 01, a malha inclui as vias intermunicipais, e na figura 02, as conexões intermunicipais foram interrompidas.

Pode-se perceber na figura 01, a importância e localização estratégica das vias intermunicipais, que atraem e conduzem a centralidade. Contudo, a interrupção dessas vias (figura 02) modificam muito pouco o modelo de centralidade, visto que as concentrações nas vias ‘verticais’ permanecem iguais.

Proposta:

Identificando a ortogonalidade da estrutura urbana de Herval, a proposta é repensar o uso da rua como espaços público qualificado, baseando-se na perspectiva de urbanismo ecossistêmico de Salvador Rueda (exemplificado na figura 03).

As supermanzanas são célula básica para a organização dos espaços construído e dos espaços livres, com aproximadamente 400m x 400m, definidas por vias básicas que conectam as origens e destinos de toda a cidade. As vias interiores constituem uma rede local, de estrutura verde e relações de vizinhança. As supermanzanas propõem a liberação de mais de 70% hoje ocupado pelo automóvel para os movimentos a pé e em bicicleta, e poderia ser seguida por uma segunda fase, a urbanística, incluindo novos usos e direitos urbanos. (RUEDA, 2016)

Conjunto de imagens: esquemas de implantação das supermanzanas; intervenções leves e aplicabilidade rápida na reutilização das vias urbanas; e, diagrama do funcionamento da mobilidade urbana nas supermanzanas.

Para desenvolver a proposta de supermanzanas e análise da intervenção nos fluxos da cidade de Herval a partir do software UrbanMetrics, foi utilizada a medida de Impedância que apresenta os efeitos contrários ao alcance do destino ou da extensão da viagem do fluxo”. (COLUSSO E KRAFTA, 2013)

Processo de desenvolvimento do desenho:

A figura 04 é a análise de centralidade do tecido existente sem as vias intermunicipal e sem o uso da medida de Impedância.

A figura 05 apresenta o desenho da proposta das supermanzanas em Herval: polígonos vermelhos são os perímetros das supermanzanas; as linhas amarelas tracejadas adaptações à malha existente e as linhas azuis tracejadas são aberturas de novas vias.

A figura 06 mostra o resultado da centralidade utilizando a Impedância 1 nas ruas externas as supermanzanas e 10 para as internas, considerando que as ruas externas teriam menos impedimentos de fluxos de veículos.

Resultados e considerações

A partir da apliação das medidas de Impedância, pode-ser perceber o deslocamento da centralidade para as vias externas as supermanzanas, ampliando a escala da malha urbana e o alcance da centralidade, visto que se distribuiu quase homogeneamente nestas vias.

A proposta de Rueda, teve como objetivo reorganizar o uso de veículos, retirando-os de algumas vias e trazendo outras qualidades para o espaço público e retomando a via urbana em espaços qualificados. A proposta em Herval, para além da redistribuição de fluxos viários para veículos motorizados, deveria contar com intervenções nas ruas internas às supermanzanas, com adequações e melhorias para o fluxo local interno e de pedestre, ciclistas e outros modais leves.

Herval, com aproximadamente 7 mil habitantes, tem características particulares de cidades pequenas, com fluxos e usos característicos. A proposta de aplicação do urbanismo ecossistêmico se mostra como uma experiência possível a partir da análise da forma urbana, articulando a distribuição da centralidade, as vias principais para mobilidade urbana e a ampliação de usos para as áreas públicas.

Referencias:

COLUSSO, I. e KRAFTA, R. A Influência do Sistema Regional na Forma Urbana baseada em Modelos de Interação Espacial. 2ª Encontro Internacional Cidade Contemporaneidade e Morfologia Urbana: Aproximações. 2013. p. 29-34.

Equipo Editorial. “‘Supermanzanas’ como nuevo modelo urbano, por Salvador Rueda” 12 ago 2019. Plataforma Arquitectura. Accedido el 16 Sep 2020. <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/922775/supermanzanas-como-nuevo-modelo-urbano-por-salvador-rueda>

KRAFTA, R. Urban convergence: morphology and attraction. Environment & Planning B, v. 23, n. 1, 1996. p. 37-48. DOI: 10.1068/b230037.

QUINTÁNS, I. “Intercâmbios no espaço público: visita técnica na superquadra piloto de Barcelona” 23 jan 2017. Acessado em 16 set 2020.<http://antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/intercambios-no-espaco-publico-visita-tecnica-na-superquadra-piloto-de-barcelona.html>

RUEDA, S. La Supermanzana: nueva célula urbana para la construcción de un nuevo modelo funcional y urbanístico de Barcelona. Barcelona, nov. 2016. Acessado em 10 set 2020. <http://www.bcnecologia.net/sites/default/files/proyectos/la_supermanzana_nueva_celula_poblenou_salvador_rueda.pdf?fbclid=IwAR20eIei0xDEReiulp0NwJ8F0f5-BUC9Zd-Gfw_lX5YQ5p8TahhcHXcN8bg>