MUDANÇA DE ROTINA: TORNANDO-SE UM CUIDADOR FAMILIAR

Muitas famílias, em um determinado momento de suas vidas experienciam a situação de doença e são confrontadas com a transição para um novo papel: ser cuidador. Logo, as famílias tem que se adaptar a rotina, muitas vezes sem preparação prévia para o cuidado, gerando certa fragilização na família, uma vez que precisa exercer os cuidados de forma intuitiva – pelo menos em um primeiro momento.

O aparecimento da doença em meio familiar, na maioria das vezes conduz o membro doente a uma dependência de cuidados e, essa mudança brusca de rotina gera uma multiplicidade de necessidades e sentimentos muitas vezes contraditórios e antagônicos nos cuidadores, pela tensão, competência necessária e conflitos implicados.

Através do Projeto “Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” podemos observar as necessidades mais encontradas por esses cuidadores familiares, bem como o perfil em que se encontra mais prevalente na cidade de Pelotas – RS. Tem-se uma prevalência de cuidadores do gênero feminino, na maior parte esposas que não possuem experiências pregressas de cuidado anteriormente ao ter que assumi-lo, sendo suas ocupações: do lar, aposentados e exercendo os cuidados concomitantemente com o trabalho.

Essa transição para o papel de se tornar um cuidador familiar, principalmente de uma pessoa dependente, é um processo complexo para esses cuidadores. Para executar os cuidados o cuidador necessita adquirir novos conhecimentos e habilidades, passando a garantir a execução de tarefas que o doente não é capaz de fazer por si mesmo, bem como higiene pessoal, mobilidade, alimentação. E além dos cuidados com o paciente, os cuidadores têm de continuar a realizar as tarefas diárias que já eram da sua responsabilidade anteriormente: ser mãe, esposa, cozinheira, tentando fazer malabarismos com uma multidão de tarefas, simultaneamente.

Em vista disso, derivam diversas necessidades sendo as mais prevalentes: sobrecarga, tristeza, ansiedade, falta de tempo para si, apoio, depressão, stress e solidão. Esses sentimentos sejam físicos, psíquicos e econômicos necessitam de atenção. É preciso tirar um tempo para respirar, relaxar e descansar. Uma boa noite de sono reduz o estresse, controla o apetite, melhora o humor, ativa a memória e estimula o raciocínio. É preciso sentir-se bem primeiramente para proporcionar de forma tranquila e saudável o bem ao próximo.

É essencial procurar redes de apoio que auxiliem e ajudem a melhorar o bem estar. Em Pelotas temos a Unidade Cuidativa que oportuniza aos cidadãos uma melhora na qualidade de vida. Nela são oferecidas atividades lúdicas, integrativas e complementares que visam aliviar a dor total, física, emocional, social e espiritual. Entre as práticas integrativas e complementares, incluindo arteterapia, plantas medicinais, reiki, meditação e acupuntura. Também atividades de cinema, teatro e música oportunizam pequenas felicidades, ressocialização, resgate de biografias e auto- estima de pacientes e familiares.

Por Cristiane Berwaldt Gowert, Acadêmica de enfermagem UFPEL.