Saiba mais sobre a Vitamina A

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A Deficiência de vitamina A (DVA) é a principal causa de cegueira evitável em crianças e aumenta o risco de doença e morte por infecções comuns na infância, como doenças diarreicas e sarampo. Em mulheres grávidas a deficiência pode causar cegueira noturna e aumentar o risco de mortalidade materna.

Essa é considerada uma das mais importantes deficiências nutricionais  dos países em desenvolvimento e é considerada um problema de saúde pública em mais de metade de todos os países, atingindo principalmente crianças pequenas e mulheres grávidas em países de baixa renda, pelo aumento das necessidades dessa vitamina no organismo.

No mundo 19 milhões de mulheres grávidas e 190 milhões de crianças em idade pré-escolar são afetadas pela deficiência de vitamina A. No Brasil, 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres apresentavam níveis inadequados de vitamina A (PNDS 2006).

Mas lembre-se, apesar do número expressivo de mulheres grávidas acometidas por essa deficiência em todo o mundo, mulheres grávidas e em idade fértil não podem ser suplementadas com vitamina A em função de sua teratogenicidade (capacidade de produzir malformações congênitas no feto).

Vitamina A

A vitamina A é um micronutriente  encontrado em fontes de origem animal (Retinol, como leite humano, fígado, gema de ovo e leite) e vegetal (provitamina A) encontrada em vegetais folhosos verdes (como espinafre, couve, beldroega, bertalha e mostarda), vegetais amarelos (como abóbora e cenoura) e frutas amarelo-alaranjadas (como manga, caju, goiaba, mamão e caqui), além de óleos e frutas oleaginosas (buriti, pupunha, dendê e pequi) que são as mais ricas fontes de provitamina A. Um beneficio das provitaminas é a conversão em vitamina A ativa e a ação como potentes antioxidantes.

Deficiência de Vitamina A

A deficiência de Vitamina A tem repercussões que afetam as estruturas epiteliais de diferentes órgãos, sendo os olhos os mais atingidos. Essa vitamina é essencial ao crescimento e desenvolvimento do ser humano. Atua também na manutenção da visão, no funcionamento adequado do sistema imunológico (defesa do organismo contra doenças, em especial as infecciosas), mantém saudáveis as mucosas (cobertura interna do corpo que recobre alguns órgãos como nariz, garganta, boca, olhos, estômago) que também atuam como barreiras de proteção contra infecções.

Estudos mais recentes vêm mostrando que a Vitamina A age como antioxidante (combate os radicais livres que aceleram o envelhecimento e estão associados a algumas doenças). Porém, recomenda-se cautela no uso de vitamina A, uma vez que, em excesso, ela também é prejudicial ao organismo.

O corpo humano não fabrica vitamina A, portanto toda a vitamina que necessitamos deve vir dos alimentos. O corpo pode armazenar vitamina A no fígado, garantindo uma reserva.

A reserva adequada de vitamina A em crianças auxilia na redução em 24% da mortalidade infantil e 28% da mortalidade por diarreia.

Se essa reserva está reduzida e não ingerimos alimentos que contem vitamina A suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais do nosso corpo, ocorre a deficiência. A deficiência de vitamina A pode se manifestar de duas formas:

  • DVA Subclínica: quando as concentrações de vitamina estão baixas, contribuindo para ocorrências de agravos à saúde, como diarreia e morbidades respiratórias. Essa fase pode ser revertida com suplementação com vitamina A, impedindo o avanço da deficiência para a forma clinica.
  • DVA Clinica: definida por problemas no sistema visual, tendo como consequência a diminuição da sensibilidade à luz até cegueira parcial ou total. A xeroftalmia (ressecamento do olho), Mancha de Bitot (aparecimento de pequenas manchas na esclerótica)  e Ulceração de córnea são exemplos de sinais clínicos da DVA. A primeira manifestação funcional é a cegueira noturna (diminuição da capacidade de enxergar em locais de baixa luminosidade) e pode evoluir à cegueira.

Todas as pessoas necessitam de vitamina A, mas alguns grupos populacionais, pelas características da fase da vida em que se encontram, necessitam de atenção especial, como por exemplo crianças em alimentação complementar e nutrizes.

O leite materno fornece a quantidade de vitamina A que as crianças precisam nos seis primeiros meses de vida, quando é oferecido de forma exclusiva, ou seja, quando a criança recebe apenas o leite materno, sem nenhum outro alimento, chá ou água. A partir disso, deve ser feita a introdução de alimentação complementar e, sempre que possível, com frutas e alimentos ricos em vitamina A, que aliados ao leite materno, fornecem a quantidade necessária de vitamina A.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que a dieta materna é fator determinante para a concentração da vitamina A no leite materno, assim, recomenda que as puérperas tenham uma alimentação adequada, com atenção especial à quantidade dessa vitamina.

É importante que o profissional de saúde oriente a família para aumentar o consumo de alimentos que são ricos em vitamina A. Para maior efetividade de atividades de informação, educação e comunicação, elas deverão estar de acordo com os hábitos culturais e regionais da comunidade, utilizando os alimentos regionais fontes de vitamina A.

Medidas importantes de prevenção na deficiência de vitamina A

  1. Promoção do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até os 2 anos de idade ou mais com a introdução dos alimentos complementares em tempo oportuno e de qualidade.
  2. Promoção da alimentação adequada e saudável, assegurando informações para incentivar o consumo de alimentos fontes em vitamina A pela população.
  3. Suplementação profilática periódica e regular das crianças de 6 a 59 meses de idade, com megadoses de vitamina A
  4. Suplementação profilática com megadoses de vitamina A para mulheres no pós parto imediato (puérperas), antes da alta hospitalar.

Obs ao item 4.: No Brasil, a suplementação de puérperas com megadoses de vitamina A teve inicio em 2001, norteada pelas evidencias e orientações da OMS. A suplementação era realizada apenas no pós parto imediato, antes da alta hospitalar, ainda na maternidade, em municípios pertencentes às regiões norte, nordeste e estados de Mato grosso e Minas Gerais. Atualmente, o novo Guideline da OMS (OMS, 2013) informa não existir mais evidências fortes para indicar a administração de suplementação de vitamina A como medida de saúde pública para prevenção da morbimortalidade das mães ou lactentes. Esse assunto será discutido em breve na RedeNutri.

Fonte: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1588