Presença Negra

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03/set _ 20/out/2022

A exposição ''Presença Negra'' resulta da ''Resistência Artística: lncorporAÇÕES e Cruzas Poéticas”, residência voltada a artistas negras e negros do circuito artístico gaúcho. A atividade foi concebida a partir de uma parceria da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul – Sedac, por meio do MARGS e do RS Criativo, com o Sesc/RS. Visou aproximar artistas de diferentes regiões gaúchas cujas poéticas partem de linguagens também diversas, promovendo diálogos interdisciplinares que podem ser vistos na exposição.

As obras exibidas no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo são um recorte das obras que integraram a exposição ''Presença Negra no MARGS”. A mostra, que ficou em cartaz de 14 de maio a 21 de agosto, consistiu em um profundo exame e revisão crítica sobre as ausências e (in)visibilidades de sujeitos racializados como negros e negras na arte, ao problematizar o reduzido número de artistas cujas obras compõem o Acervo Artístico do principal museu de arte do Rio Grande do Sul. O número estimado de artistas negros/as era de 22, em um universo então de 1.100 artistas que até ali integravam sua coleção. Esse número representava menos de 2% do total do acervo do MARGS.

Observar esses dados é importante pois os acervos e as coleções de um museu de arte designam o que é considerado arte e quais objetos devem ou não fazer parte, definindo quais subjetividades devem ser preservadas, difundidas e acessadas. Assim, acabam por reverenciar alguns artistas em detrimento de outros. Qual a possibilidade de que o trabalho de uma ex-zeladora, mulher negra, habite o acervo de uma instituição artística no Rio Grande do Sul? Quantas exposições mostraram o trabalho de Judith Bacci? Por que sabemos tão pouco sobre ela? Uma mulher preta, ex-zeladora.

Interrogar sobre a existência de artistas negros, em qualquer tempo, é necessariamente assumir os lugares sociais que foram impostos a homens e mulheres negras na história assimétrica e violenta do Brasil, do Rio Grande do Sul. Trabalhar com produções que vêm de mãos e mentes negras é uma posição política que se refere à necessidade de conceber a arte afro-brasileira não como um tema, um estilo ou conteúdos preestabelecidos, e, sim, como a parcela da arte brasileira produzida por sujeitos negros.

curadoria _ Izis Abreu e Amanda Wink Barcelos