Uma vista d’olhos sobre o desenvolvimento da linguística no século XX mostra que a ciência da linguagem se constituiu a partir da reflexão proposta por alguns pensadores exponenciais, dentre eles, Ferdinand de Saussure, Roman Jakobson, Émile Benveniste, Mikhail Bakhtin (conjuntamente com outros pensadores do Círculo).
Por certo, encontramos, dentre os pensadores citados, divergências e especificidades teóricas. No entanto, um olhar mais atento às suas obras, buscando considerá-las como um sistema de pensamento, em que não se promova a categorização ou recortes de seus trabalhos, evitando, assim, que se incorra em reducionismos, mostra que suas reflexões não se furtaram a buscar um diálogo interdisciplinar.
É comum que se encontre, em tais pensadores, discussões pertinentes à intersecção entre língua, literatura, tradução, arte, alterações de linguagem. Em Jakobson e Bakhtin, tais discussões são constitutivas de suas obras, em Saussure e Benveniste, conheceram-se esses interesses, em especial, após a publicação dos Anagramas por Jean Starobinski, em 1971, e do Dossiê Baudelaire, por Chloé Laplantine, em 2011, respectivamente.
O desenvolvimento da linguística no século XX, contudo, deu-se a partir de cisões cada vez mais precisas, que, a fim de cumprir com seus propósitos vinculados a uma concepção de cientificidade, operou com recortes, classificações e, por vezes, reduziu o potencial de diálogo e o alcance de obras tão complexas.
Com o objetivo de retomar justamente esse debate de intersecção, de entre-lugar, o grupo denominado “Linguística, literatura e arte”, vinculado ao CNPq, propõe-se como um espaço de interlocução para pesquisadores vinculados às áreas de linguística, de literatura e de arte. O grupo iniciou suas atividades em 2019 e conta, hoje, com pesquisadores de diferentes Instituições de Ensino Superior (IES), tais como UFPEL, UFRGS, PUC, UNISINOS, UEA e UFAC. Fazem parte do grupo professores, doutorandos, mestrandos, alunos de graduação, além de egressos dessas IES.