O GEPAAR, como grupo de estudo e pesquisa, apoia-se em abordagens teóricas que sustentam a concepção de autorregulação, isto é, uma visão da aprendizagem como resultado de um processo de ensino e de aprendizagem, que tem como objetivo maior fazer com que o aprendiz se autodirecione, exercendo controle sobre suas ações, intencionalmente, provocando iniciativa e agência no fazer. Mais especificamente, a autorregulação diz respeito a capacidade que o estudante tem de aprender a aprender e de se tornar autor do seu percurso formativo, que normalmente é mediado por um professor.
A autorregulação é um construto que tem ganhado destaque nas pesquisas e práticas educacionais a partir da década de 1980. Não existe consenso quanto à definição do construto autorregulação da aprendizagem visto as múltiplas perspectivas teóricas que têm sido utilizadas para abordar o fenômeno, dentre elas, a abordagem cognitivista, fenomenológica, sóciohistórica e sociocognitivista (VEIGA SIMÃO e FRISON, 2013; BOEKAERTS e CORNO, 2005; ZIMMERMAN e SCHUNK, 1989).
Enfatiza-se a visão de Barry Zimmerman, um dos mentores desta teoria. Ele poia seus estudos a corrente teórica sociocognitivista, entendendo que a autorregulação da aprendizagem se desenvolve em um processo cíclico e multidimensional que apresenta três fases principais: planejamento, execução e avaliação. Durante o planejamento o estudante compreende o enunciado da tarefa, avalia a dificuldade de execução, bem como, avalia sua capacidade e/ou habilidades para a performance e escolhe as estratégias que julga serem as melhores para execução da tarefa. Na fase de execução o estudante se põe a realizar a tarefa aplicando as estratégias propostas na fase de planejamento. Após a finalização da tarefa ocorre a fase de avaliação, na qual o indivíduo avalia se obteve os resultados que esperava, atribui causas para os pontos em que falhou e para os quais obteve sucesso e utiliza essas aprendizagens para a execução de novas tarefas, iniciando assim, novamente o ciclo autorregulatório.
Em cada uma das três fases do ciclo autorregulatório, estão envolvidos elementos das dimensões: cognitiva, motivacional, comportamental e contextual. A dimensão cognitiva compreende o estabelecimento de metas, avaliações de conhecimento prévio, de conhecimento metacognitivo, consciência de si (metacognição), seleção de metas cognitivas e metacognitivas para aprendizagem e julgamentos cognitivos e atribuições. A dimensão motivacional envolve crenças de autoeficácia, expectativa e valor da tarefa, interesse pessoal, afetos, emoções, monitoramento da motivação, estratégias para direcionar a motivação, reações afetivas e atribuições. Quanto à dimensão comportamental, ela envolve o planejamento do tempo e de esforço, pedir ajuda, auto-observação do comportamento, persistência frente as dificuldades ou o abandono da tarefa. Por último, a dimensão contextual, que abrange as percepções de tarefa e contexto, bem como, monitoramento, alterações e avaliações das condições e requisitos da tarefa e do contexto (PINTRICH, 2000).
A ARA tem sido utilizada em pesquisas e intervenções em contextos de aprendizagem dos mais variados domínios do conhecimento. Tais intervenções tem demonstrado que ao aprenderem os procedimentos e estratégias da ARA, os estudantes melhoram qualitativamente os seus processos de aprendizagem, tornando-se mais autônomos e proativos e, com isso, aprendem a aprender.