Família

“A rede ferroviária, na verdade, ela era uma grande família, eu acredito assim, eu via assim”.(Adriana Oteiro, 2015).
Uma família
não se constitui apenas de laços sanguíneos, mas de afeto, de auxílio, de parceria, e, acima de tudo, de reciprocidade. Entre os ferroviários, um termo recorrente, e carregado de significados, é “família ferroviária”, formada pelos trabalhadores da Estação Férrea, suas esposas, seus filhos e demais parentes. Uma rede onde as barreiras são ultrapassadas e se entrelaçam, tal qual os trilhos dos trens. Casas se abrem para a circulação de crianças. Madrinhas passam a ser tias. Filhos passam a ser primos. Pais passam a ser compadres. Uma família que como tantas outras ainda se reúne em torno de seus álbuns de fotografia antigos.

Fotografia da Estação Férrea de Pelotas, emoldurada. O Sr. Vitório Corrêa hoje mora em outro bairro da cidade, mas a Estação Férrea, enquanto contorno de tantas lembranças da sua juventude, ainda o acompanha no ambiente íntimo da casa. Autoria: ​Daniele Borges (2015)

Porque quando os pais saíam, destacados, pra outro local, eles tinham uma vila de ferroviários com as casinhas, as famílias iam pra lá e as esposas e os filhos. Era todo mundo como se fosse uma grande família. Adriana Oteiro Autoria: ​Ingrid Morais (2015)

“O que a gente tinha de bom era o Clube, né. Natal, Dia das Crianças, Carnaval, a gente fazia baile pras crianças. Trinta de Abril é o dia do ferroviário, e aí sempre tinha festa pros ferroviários, tinha torneio de futebol, era churrasco.” ​Marli Medeiros. Autoria: ​Daniele Borges (2015) Fotografias de álbuns de família.

“O que a gente tinha de bom era o Clube, né. Natal, Dia das Crianças, Carnaval, a gente fazia baile pras crianças. Trinta de Abril é o dia do ferroviário, e aí sempre tinha festa pros ferroviários, tinha torneio de futebol, era churrasco.” Marli Medeiros. Autoria: Daniele Borges (2015) Fotografias de álbuns de família.

A família dos ferroviários, eles eram muito família, sabe, então tudo que se fazia era em família, o marido pegava as mulheres e os filhos e levava. Meu pai jogava futebol ele era do time dos ferroviários então todos os domingos tinha futebol e ele levava toda família a minha mãe, nós, os filhos e os outros amigos também. Maria Laci Moraes Autoria: Ingrid Morais (2015)

Fotografia do acervo pessoal da Sra. Sali Grafulha Corrêa. Registra o seu casamento com o Sr. Glênio Corrêa que foi chefe da Estação. A comemoração aconteceu no pavimento superior da Estação Férrea onde a família morava. “Meu marido mandou pintar toda a Estação para o casamento da nossa filha. Mas o fotógrafo era tão ruim que não fez uma foto com a Estação, foi tudo dentro.” ​Sali Corrêa Autoria: ​Daniele Borges (2015)

Marli Medeiros e Eva Maria Rodrigues folheiam álbuns de família, lembrando momentos na Estação Férrea. Autoria: ​Daniele Borges (2015)

“O que a gente tinha de bom era o Clube, né. Natal, Dia das Crianças, Carnaval, a gente fazia baile pras crianças. Trinta de Abril é o dia do ferroviário, e aí sempre tinha festa pros ferroviários, tinha torneio de futebol, era churrasco.” ​Marli Medeiros. Autoria: ​Daniele Borges (2015) Fotografias de álbuns de família.

“As viagens de trem nem se fala. Coisa mais boa, né. Minha filha tinha dezessete dias e eu já tava dentro do trem. Era inverno, em maio, naquela época que ela nasceu caía gelo. Na Estação eu não sabia se ela tava de cabeça pra baixo ou pra cima, de tanto pano. Uma função... Sinto saudades do barulho que era.” Eva Maria Gonçalves Rodrigues Autoria: Ingrid Morais (2015)

“Eu nasci, me criei, estudei e trabalhei aqui dentro dos trilhos, na ferrovia, faz parte da nossa vida. Meu avô foi ferroviário, meu pai eu, nos criamos, vivemos, comemos na ferrovia”. Marcelo Borba Autoria: Vinicius Kusma (2015)

Fotografia do acervo pessoal da Sra. Sali Grafulha Corrêa. Registra o seu casamento com o Sr. Glênio Corrêa que foi chefe da Estação. A comemoração aconteceu no pavimento superior da Estação Férrea onde a família morava. “Meu marido mandou pintar toda a Estação para o casamento da nossa filha. Mas o fotógrafo era tão ruim que não fez uma foto com a Estação, foi tudo dentro.” ​Sali Corrêa Autoria: ​Daniele Borges (2015)

Marli Medeiros e Eva Maria Rodrigues folheiam álbuns de família, lembrando momentos na Estação Férrea. Autoria: ​Daniele Borges (2015)

Era tudo assim, então nós estávamos tudo em família brincávamos com os outros filhos ferroviários pra nós era tudo família era tudo parente da gente era muito gostoso, era muito bom. Ma ria Laci Moraes Autoria: Daniele Borges (2015)

“Mas é bom. Eu não me vejo numa vida diferente. Esposa de ferroviário. O meu marido já entrou com uma assinatura e saiu com a mesma assinatura na carteira dele”. Marli Medeiros Autoria: Ingrid Morais (2015)

As amigas Marli, Erlice e Eva caminham sobre os trilhos da Estação relembrando o passado compartilhado. O pai tinha plantação lá, tudo nos trilhos, que é onde ele morava, onde ele tinha que fazer a vida dele, né, a nossa vida. A nossa vida que não foi uma vida só, foi da minha família, foi várias pessoas na família e aquilo foi magnífico! É uma coisa maravilhosa, assim tão grande!” Erleci Santhes Esteves de Souza” Autoria: Daniele Borges (2015)

Comments

comments

Publicado em Notícias.