L. C. VINHOLES

Luiz Carlos Lessa Vinholes – ou L. C. Vinholes –, nascido no ano de 1933 em Pelotas (estado do Rio Grande do Sul), é um compositor brasileiro reconhecido como pioneiro da música aleatória no mundo.

Se notabilizou por defender e divulgar a cultura brasileira em outros países, sobretudo no Japão, onde residiu por vários anos. Em 1957, Vinholes foi contemplado com uma bolsa de estudos do Ministério da Educação do Japão. Após os estudos permaneceu no país, onde desenvolveu sua pesquisa sobre música chinesa, coreana e japonesa e proferiu diversas conferências em simpósios e eventos internacionais. Vinholes também atuou na difusão da cultura brasileira no Japão, onde apresentou um programa de rádio sobre a recém-surgida Bossa Nova. O Patrono ainda ocupou os cargos de encarregado do Setor Cultural das Embaixadas Brasileiras e de Adido Cultural em Tóquio e nas embaixadas dos países em que trabalhou como oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. No Japão, promoveu a difusão da música e da poesia concreta brasileira e ainda idealizou e promoveu os processos de reconhecimento das primeiras cidades-irmãs entre o Brasil e o Japão: Pelotas-Suzu (1962) e Porto Alegre-Kanazawa (1967). No Ministério das Relações Exteriores, o compositor desempenhou funções no Paraguai, Canadá e Itália.

L. C. Vinholes e o IBRIT

No início de 1996, o embaixador Guilherme Leite Ribeiro, então cônsul-geral do Brasil em Milão, convidou a Vinholes que, na época, era coordenador da cooperação técnica bilateral da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), para ser Encarregado do Setor Cultural, de Cooperação e Divulgação daquela repartição consular, com a missão de implementar, na capital da Lombardia, o projeto do Instituto Brasil-Itália (IBRIT). Vinholes aceitou o convite na condição de que quando o instituto estivesse funcionando, seria autorizado a retornar à Secretaria de Estado.

Cerca de três anos depois, em 26 de agosto de 1999, o embaixador Leite Ribeiro que fora transferido de Milão para o Escritório Financeiro em Washington, enviou à Secretaria de Estado o Despacho-Telegráfico N°02523, no qual lê-se:

“Tomei conhecimento de que está sendo providenciada a remoção do Ofchan Luiz Carlos Lessa Vinholes do Consulado-Geral em Milão para a Secretaria de Estado.

Não poderia deixar passar esta ocasião sem manifestar meu reconhecimento pelo extraordinário trabalho por ele realizado à frente do Setor Cultural, de Cooperação e Divulgação daquela Repartição. Quando fui designado para chefia-la, vim a saber que o quadro de pessoal havia sido reduzido de um diplomata; imediatamente, então solicitei à Administração que fosse removido, em seu lugar, aquele funcionário que havia servido comigo na ABC, plenamente capacitado a se desempenhar naquela função.

O Ofchan Vinholes correspondeu a todas as minhas expectativas e desejo ressaltar entre outras, a inestimável contribuição prestada para a implantação do projeto de criação do Instituto Brasil-Itália (IBRIT) e sua posterior dinamização. Deve-se a ele todo o trabalho da preparação da documentação necessária, da busca do imóvel apropriado, a seleção do pessoal, o acompanhamento das ações do instituto, a identificação, contato com palestrantes e escolha de temas do seu setor, a organização dos programas de atividades, a preparação de relatórios à Secretaria de Estado e tantas outras tarefas que deram corpo e personalidade ao IBRIT, cuja presença, em Milão e na área da jurisdição consular, se faz cada dia mais conhecida.

Com sua excepcional capacidade de trabalho, experiência profissional, inteligência e integral dedicação ao Serviço Público, de que deu provas à Casa em tantas outras oportunidades, o Ofchan Vinholes foi um colaborador insubstituível e, por conseguinte, merece o elogio que ora lhe faço, que peço seja incluído em seu maço pessoal”.

O professor Mario de Souza Maia, coordenador da Discoteca/LabEt, relata que sua relação com Vinholes se estreitou na década de 1990, quando definiu a obra do compositor como tema para dissertação de mestrado em História pela PUC-RS. Maia inicia sua abordagem sobre a música aleatória em 1951, quando o compositor John Cage, influenciado pelo movimento dadá e por uma filosofia zen, compôs “Music Changes” e “Imaginary Landscape nº4″, usando pela primeira vez o acaso e a indeterminação na música. A “Instrução 61″ (1961), de autoria de Vinholes, obra  reconhecida como a exitosa tentativa pioneira de um brasileiro de viabilizar a criação de música aleatória, se tornou o mote da pesquisa do coordenador da Discoteca, que percebeu a profundidade e as múltiplas facetas do trabalho de Vinholes. A escolha do nome de Luís Carlos Lessa Vinholes como Patrono da Discoteca do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas tem a intenção declarada de contribuir para o reconhecimento público da importância que o compositor representa para o universo da cultura e da música.

O Patrono realizou uma série de doações de itens de seu acervo pessoal para o acervo público da Discoteca, desde a constituição formal do espaço junto ao Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas em 2014. Peças como instrumentos folclóricos oriundos de diversos países, equipamentos de áudio, documentos, fotografias, cartas, programas de atividades culturais, partituras, livros, LP’s, CD’s, artigos de sua autoria, diplomas e comendas recebidos em missões internacionais, arquivos de recortes de jornais e revistas, entre outros itens, conferem ao acervo da Discoteca um caráter único e especial.