relevância do projeto

Nova possibilidade metodológica e tecnológica

Propõe-se a prática da caminhografia urbana – caminhar e cartografar – como método que possibilita a incursão do corpo pesquisador por esses territórios, que desenvolvam a criação de uma metodologia orgânica fundamentada na pedagogia de acolhimento, reconhecimento e análise sensível dos objetos em estudo. A construção dos saberes se ocorrerão pelas vivências em campo, que possibilitarão registros, diálogos e interações entre os pesquisadores e as comunidades tradicionais. Pretende-se: utilizar plataformas abertas de mídias locativas para o mapeamento colaborativo das comunidades; dialogar com pesquisadores nacionais e internacionais, ONGS, associações comunitárias, órgãos e agentes públicos; organizar seminários presenciais e remotos de debate dos problemas e pistas para novas políticas públicas; publicar em eventos e periódicos nacionais e internacionais os procedimentos e resultados da pesquisa. Para acompanhamento em tempo real e posterior, pretende-se desenvolver o App CaminhoVivo, com o objetivo de utilizar caminhadas como uma forma de coletar dados e insights sobre as necessidades e oportunidades das áreas urbanas e periurbanas, a fim de informar o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e sustentáveis.

Conhecimento gerado do interior para o interior

Comodoro Rivadavia/AR, Pelotas/BR e Marabá/BR, ambas as três cidades são distantes dos grandes centros e carentes de ações efetivas de manutenção de sua pluralidade e potencialidades. Suas localizações geográficas possibilitam a existência de discursos não centralizados, não hegemônicos e contra-colonial, que instiga a criação de uma nova agenda pública para a teoria e prática da democracia cultural do sul ao norte do país. Acredita-se que, reconhecer e registrar a cultura das comunidades tradicionais desses núcleos urbanos, é um modo de agenciar pistas para políticas públicas de preservação e sustentabilidade em nível de meio-ambiente, espaço e sociedade. Assim como, promover o conhecimento e ações sobre os resultados, visibilizando comunidades que estão nas zonas periféricas e em vulnerabilidade.

Visibilidade das comunidades tradicionais em zonas urbanas

Os estudos sobre a produção do espaço urbano que se debruçam sobre as relações entre o velho continente hispano-português e a origem de nossas cidades, necessita de releitura e inclusões. Todos esses povos tradicionais são importantes produtores do espaço das cidades e vêm sendo relegados da nossa construção epistemológica (VIANA, 2008), buscando um descentramento teórico, não mais compreendendo-os como um elemento residual, mas como fundamental na construção das nossas formas espaciais urbanas, arquitetônicas e sociais. Concomitantemente, o Ministério da Cidadania e Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, por meio do Decreto 6.040 de 7 de fevereiro de 2017, institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), criada em um contexto de busca de reconhecimento e preservação de outras formas de organização social por parte do Estado. Na Argentina, as Leis nacionais 23302; 27118; a Constituição Nacional no artigo 75, inciso 22,e no inciso 17: outorgam direitos da terra, do trabalho e da cultura aos povos indígenas e tribais. Na província de Chubut, onde se localiza Comodoro Rivadavia, a Constituição no artigo 34 indica que: reivindica a assistência dos povos indígenas em seu território, garantindo respeito pela sua identidade. Promove medidas apropriadas para preservar e facilitar o desenvolvimento e prática de seus idiomas, assegurando o direito à educação bilíngue e intercultural. É reconhecido em comunidades indígenas existentes na Província: 1. Posse e propriedade comunitária das terras que tradicionalmente ocupam. 2. Propriedade intelectual e produto econômico do conhecimento teórico e prático de suas tradições quando são usados ​​para fins lucrativos.

Potencial de Inovação

Processos
O projeto aposta na criação de pistas para políticas públicas a partir de caminhografias urbanas, realizadas pela academia, comunidades tradicionais e gestores públicos; a partir de caminhadas e cartografias in loco, às margens da água, urbanizadas, ou seja, buscando a inversão e a multiterritorialidade no processo metodológico da pesquisa e ações. Além de ampliar as ações em diferentes escalas: cidade, região e brasileiras; realizando trocas e intercâmbios entre o norte e sul do Brasil, de forma a apreender criticamente as complexidades espaciais, culturais e sociais da contemporaneidade. 

Produtos
São previstos diversos novos produtos oriundos das etapas da pesquisa (1o. ano: EXPERIMENTAR, 2o. ano: CRIAR e 3o. ano: PRODUZIR): website interativo e repositório dos processos da pesquisa; exposição virtual-interativa no Instagram; exposição itinerante-transcultural; material didático-educativo sobre políticas públicas; mapeamentos sociais-locais. Todos desenvolvidos com ferramentas e plataformas livres e com implementação de novas funcionalidades).  O principal produto do processo de pesquisa é o App CaminhoVivo, atuando não apenas na atividade física e na exploração periurbana, mas também permitiria que os cidadãos contribuíssem ativamente para moldar o futuro das áreas periféricas por meio de suas caminhadas e observações.

Serviços
Disponibilização de novos canais de comunicação (on-line e presenciais) para as comunidades tradicionais, presentes no meio urbano se fazerem ouvidas e informadas sobre políticas públicas existentes e propostas no projeto. Implementando um guia virtual dos  patrimônios culturais, ainda pouco conhecidos – comunidades tradicionais – através da adoção tecnologias como a ​​do código QR (o QR Code) como elemento de acesso e socialização das caminhografias. 

Caráter Multi ou Interdisciplinar

A rede organizada conta com pesquisadores com formação multi/interdisciplinar entre as áreas de: arquitetura e urbanismo, artes, antropologia, planejamento urbano e regional, geografia, filosofia e educação. Todos atravessados por membros de ongs, associações, museus, órgãos e agentes públicos, comunidades tradicionais, moradores, etc. Produzindo pistas para políticas públicas urbanas e culturais, nas margens das águas, a partir de novas teorias do urbanismo (área predominante), política urbana, políticas públicas, antropologia urbana, fotografia, geografia urbana, ciências ambientais e cinema (áreas correlatas).

A perspectiva multi, inter e transdisciplinar é um  dos objetivos desse projeto, quando a academia – pesquisadores e universidades – dão dizibilidade para a formação de novas políticas públicas, a partir de origens minorizadas, envolvendo povos tradicionais – ribeirinhos, quilombolas, indígenas, etc –  diretamente com agentes públicos – legislativo e executivo – num caminhografar juntos em caminhadas, conversas, seminários presenciais e remotos e  exposições. 

Além disso, potencializando a experiência, o projeto provoca a aproximação do interior do sul com o interior do norte do Brasil, buscando saberes e práticas nos confins de forma presencial e virtual, possibilitando interações múltiplas.

Impactos Esperados

São esperados impactos:

Na articulação das pistas para novas políticas públicas urbanas e culturais, entre as comunidades, universidades e agentes públicos.

No reconhecimento da caminhografia urbana como metodologia inter/trans/multidisciplinar, capaz de interagir em diferentes escalas e grupos sociais. 

Na preservação e salvaguarda dos saberes das comunidades tradicionais como essenciais na preservação da memória e cultura nacionais/locais.

No desenvolvimento de uma rede de pesquisa nacional que estuda as ocupações nas margens da água,  de cidades do interior do Brasil e Argentina.

Na implementação de uma rede internacional de mapeamento das margens da água urbanizadas, em cidades do interior do Brasil e Argentina.

Na melhoria da qualidade da vida urbana e cultural dos moradores e comunidades tradicionais que vivem nas margens da água, das cidades do interior do Brasil e Argentina.