o projeto

Título do Projeto

CAMINHOGRAFIAS URBANAS NOS CONFINS DA AMERICA DO SUL: criando pistas para políticas públicas com povos e comunidades tradicionais que habitam a margem das cidades de Marabá/BR, Pelotas/BR e Comodoro Rivadavia/AR

Palavras-chave

caminhografia urbana, política urbana, teoria urbana, margens, interior da América do Sul, App CaminhoVivo.

Financiamentos

Chamada Pública MCTI/CNPq no 14/2023
Apoio a Projetos Internacionais de Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação

Chamada CNPq/MCTI No 10/2023 – UNIVERSAL Faixa B – Grupos
Consolidados

Edital FAPERGS 07/2021 Programa Pesquisador Gaúcho – PqG

Bolsa de Demanda Social – CAPES

Motivação e Problemática/Questão Central

Focando na importância da cultura dos povos e comunidades tradicionais que habitam diferentes locus na imensidão territorial do Brasil e América do Sul – indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, caboclos, pescadores artesanais – nosso projeto de pesquisa propõe um movimento de conhecimento que virá a iluminar saberes desses povos originários e sociedades tradicionais, que encontram nas margens de corpos hídricos alguma chance de sobrevivência e preservação de suas culturas, em duas cidades de porte médio nos confins da América do Sul: Comodoro Rivadavia/AR, Pelotas/BR e Marabá/BR . Promoveremos uma espécie de descolonização dos saberes do “centro”, das “grandes universidades” e das capitais (​​MARTÍN-BARBERO, 2014). O centro pode ser no interior, nos lugares distantes que abrigam saberes e práticas, os confins (CHSSALLA, 2020).

Nossa hipótese é que, a diversidade e a inclusão permitem ampliar as possibilidades de inovação na gestão territorial e da plena realização do potencial sócio-econômico cultural e ambiental local (FREIRE, 1969/1991). Compreendendo a importância de pensar a cidade como lugar de comunhão sistêmica cultural entre os diferentes agentes que integram o seu meio-ambiente, espaço e sociedade, nosso projeto objetiva buscar re-conhecer e registrar os modos de existência das comunidades tradicionais que habitam as margens de duas cidades de porte médio nos confins do Brasil, Pelotas-RS e Marabá-PA, onde os corpos hídricos são ao mesmo tempo fronteiras e fundamentos; possibilidade de renovação e garantia de sobrevivência. 

Ambas as cidades são distantes dos grandes centros e carentes de ações efetivas de manutenção de sua pluralidade e potencialidades, possíveis campos de estudo para pistas de criação de políticas públicas culturais específicas para suas distintas realidades (DETONI & ROCHA, 2021).

Propõe-se a prática da caminhografia urbana (ROCHA & MACHADO, 2021) pelas cidades de: 

Pelotas, cidade da região sul do Rio Grande do Sul, Brasil, com 328.275 habitantes (IBGE, 2017), nas margens do Canal São Gonçalo e Arroio Pelotas, com presença da comunidade negra desde a primeira atividade econômica (produção do charque), gerando vários impactos no contexto urbano da cidade, durante décadas, sem nenhuma ação pública de reparação da discriminação racial. A cultura negra e ribeirinha, está por toda a parte da cidade, com destaque para regiões demarcadas pelo III Plano Diretor, como sítio charqueador: Centro, São Gonçalo, Areal e Laranjal, na área urbana; e Quilombo Alto do Caixão, na área rural.

Marabá, cidade da região sudeste do Pará,  com 233.669 habitantes (IBGE, 2017), banhada pelos rios Itacaiúnas e Tocantins. A população, especialmente na Velha Marabá e no bairro do Amapá dialogam diretamente com os rios, através da pesca e do transporte de barco. Pretende-se caminhografar as regiões ribeirinhas e indígenas: Velha Marabá/Z30, Cidade Nova/Amapá e São Félix, na área urbana; e a Terra Indígena Mãe Maria na área rural.

Comodoro Rivadavia, Patagônia, Argentina, com 190.362 habitantes, fica a 1837 km da capital argentina, Buenos Aires. Banhada pelo oceano Atlântico, com atividade petrolífera crucial para o desenvolvimento da região, conta com atividades pesqueiras artesanais no porto de Caleta Córdova e em pequenos postos ao longo do litoral. Além disso, há pequenos povoados isolados no meio rural onde as margens dos cursos de água são vitais para a vida. Pretende-se caminhografar as bordas da cidade com o Oceano Atlântico e a na área litoral entre Comodoro Rivadavia e Puerto Visser, onde ficam variados postos de pescadores artesanais fixos ao longo do ano

Através de análises interdisciplinares e assumindo a falta de investigação sobre os modos particulares de práticas de comunidades tradicionais que resistem nas cidades, propomos o caminhografar como instrumento de recuperação de saberes, práticas, formas de gestão e de facilitador de pistas para reconhecimento das características particulares regionais e locais, resgatando a ética da hospitalidade nas cidades, a hospitalidade a qualquer um, às comunidades tradicionais (DERRIDA, 1993) e aos povos originários e, como será possível a combinação dessas capacidades com as novas tecnologias, para potencializar a gestão participativa desses saberes, entre diferentes meios, atores e culturas.

Questionamos: Como as comunidades tradicionais, encontradas em cidades do interior, podem contribuir para a sociobiodiversidade urbana do Brasil e Argentina? Em que medida as políticas públicas afetam esses povos e suas contribuições? Quais pistas podemos criar com eles para novas políticas públicas para a gestão de suas culturas urbanas?