Paulo Henrique dos Santos Lucon tomou posse da Presidência da Comissão de Ética Pública no dia 12 de março do corrente. Lucon é Mestre, Doutor e Livre Docente pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo (USP).
O presidente da CEP, Luiz Navarro de Britto, transmitiu o cargo ressaltando o sentimento de missão cumprida ao longo dos anos em exercício profissional no colegiado. “Deixo a CEP com tranquilidade, sabendo da seriedade do trabalho desenvolvido, no qual desfrutei da convivência com pessoas profissionais e de envergadura para divulgar os valores éticos na sociedade”, disse.
Os conselheiros são nomeados pelo presidente da República e realizam suas atividades sem remuneração, uma vez que os trabalhos desenvolvidos na Comissão de Ética Pública são considerados prestação de relevante serviço público. O mandato é de três anos, sendo permitida uma única recondução por igual período.
O aforismo de Voltaire, embora escrito há mais de 200 anos, pode estar ainda mais adequado aos dias atuais, porquanto a presente sociedade manifeste, de forma mais acentuada, os três grandes males em decorrência da maior população e, portanto de maiores dificuldades e disputas no acesso ao trabalho.
O indivíduo que trabalha – que exerce qualquer atividade que lhe ocupe física e/ou intelectualmente – recebe recursos financeiros para a própria subsistência e de sua família. Some-se a isto a abstração mental que lhe provê a agradável sensação do dever cumprido, o saudável e prazeroso estado de espírito resultante da consciência de segurança para a subsistência, relaxamento, descanso e alívio das tensões físicas e emocionais.
Outra consequência do preceito de Voltaire diretamente relacionada com a causa e efeito das atitudes humanas refere-se à individual necessidade de um salutar equilíbrio no dualismo físico/mental imanente às necessidades básicas do ser humano: sono/vigília, trabalho/lazer, cansaço/descanso, fome/saciedade…
Assim, a inatividade com sua tendência inercial não se mantém por muito tempo como um estado agradável e prazeroso ao indivíduo. A continuidade resultará em tédio: fastio, aborrecimento, enfado, nojo, desgosto (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). De forma inconsciente – e pelo instinto da autopreservação – o indivíduo buscará algo que lhe promova uma situação de conforto e prazer. É a saudável relação de troca de situações por outras que lhe sejam agradáveis e resultem em benefícios pessoais e equilíbrio social.
Se a inatividade persistir, o estado emocional do indivíduo avançará para um processo de desconforto e desajuste psicossocial, com desvios e distorções nos pensamentos com origem a vícios – inveterada frequência em atitudes imperfeitas, contrárias à moral estabelecida -, condutas que se classificam desde pequenos delitos até situações mais graves, com desastrosas conseqüências nos processos de inteiração social do indivíduo, como a dependência de drogas, incapacidade para o trabalho, total necessidade de outrem para a subsistência, até a marginalização no seu grupo.
Sob o aspecto biológico e psicossocial, a falta de trabalho leva o indivíduo a um estado de insatisfação, desmotivação e frustração. Este estado emocional não é gerador do processo de reciprocidade referente aos estados de gratificação física e emocional conforme Maslow (primeira parte deste trabalho), resultantes da satisfação das necessidades do ser humano.
Voltaire disponibilizou uma alternativa – possivelmente a única – para a prevenção e tratamento do tédio, do vício e da necessidade: o trabalho.
Esta simples, porém tão sábia proposta deve ser objeto de reflexões por parte dos pais (na família), dos educadores (nas escolas e universidades) e dos políticos, como uma resposta para uma sociedade onde se deseja que prevaleçam os valores morais e éticos.
Quem trabalha e, por meio da criatividade e construtivismo, elabora e desenvolve projetos edificantes que fazem parte dos seus ideais de vida, não só para si, mas para a toda a sociedade, naturalmente recebe em contrapartida a realização profissional e pessoal que equilibra a psique humana (Maslow).
Quem trabalha com honestidade não apresenta o tipo de tédio que pode desviar e deturpar pensamentos e atitudes. Quem trabalha não tem motivação para a má conduta ou vícios. Quem trabalha não passa necessidade. Quem trabalha é, acima de tudo, um cidadão digno, respeitado pela família, pelos seus pares, pela sociedade e pelo Estado.
O trabalho com ética, em todas as suas modalidades – remunerado ou não (atividade da dona de casa, da mãe, do educando, do religioso, do filantropo e etc.) -, deve ser objetivo maior do ser humano capaz de executá-lo, até mesmo para incluir, na sociedade, aqueles impossibilitados ou necessitados de cuidados especiais.
*Figura 01. François-Marie Arouet (Paris, 21 de novembro de 1694 — Paris, 30 de maio de 1778), mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio (Wikipédia: a enciclopédia livre).
Segundo Fábio Colletti Barbosa, Presidente do Grupo Santander Brasil e da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), em Palestra sobre Brasil e Ética – Como é importante o que você faz no dia-a-dia (veja o vídeo), em evento promovido pela TEDX São Paulo, afirmou que não é possível irmos bem, indefinidamente, em um país que vai mal, citando, entre outras, a questão da violência das favelas no Rio de Janeiro.
O orador refletiu que “A sociedade…” “… é simplesmente a somatória do que eu faço, do que ela faz, do que ele faz… cada um faz uma coisa, e a somatória disso dá a sociedade que somos no Brasil.
É preciso vencer o falso dilema: “… ou se faz ética ou se faz negócios…” É necessário compatibilizar a ética com os negócios e tornar possível ter sucesso sem transigir.”
O palestrante, informalmente, definiu Ética da seguinte maneira: “… fazer a coisa certa de uma forma que você possa conversar a noite com os seus filhos à mesa da sala de jantar. Se pode conversar, provavelmente o que você fez foi ético, foi transparente.”
Fábio Barbosa citando Ralph Emerson repercutiu: “Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz” e lembrando Mahatma Gandhi finalizou afirmando: “… nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo.”
A reflexão de Ralph Emerson “Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz” remete ao que se poderia chamar de Pedagogia do Exemplo, já repercutida por Paulo Freire, segundo a qual, para educar bem, é necessário fazer uma narrativa coerente para o educando, ou seja, fazer com que haja coerência entre aquilo que falamos e aquilo que fazemos.
Cabe considerar a possibilidade de que todo ato pode ser utilizado como elemento pedagógico para aquele que o observa.
De acordo com o que foi repercutido pelo Prof. Dr. Oscar Luis Vasques Ramos, Presidente da Comissão de Ética da Universidade Federal de Pelotas, a vida humana encontra-se ameaçada pela violência.
Além das vitimações do trânsito e das ocorrências criminais, o abandono de crianças deixadas à sorte das ruas, longe das famílias e das escolas ameaça o futuro desses indivíduos bem como o da própria sociedade pelo comprometimento do ciclo de evolução humana, comprometimento este que realimenta o círculo vicioso da violência e incompreensão.
O Professor Oscar Lembra que deve ser garantido à criança crescer e desenvolver-se sob a proteção da família e do Estado para que se torne um adulto autossuficiente.
Em matéria intitulada “Mais sobre o trabalho infantil” publicada no Jornal Zero Hora, o Professor Oscar relatou o que segue: “… Rezam a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente que viver não é apenas respirar, mas a participação em todos os direitos da cidadania, bem como a proteção contra as agressões, danos físicos, emocionais, sociais…”.
Segundo o Professor Oscar, repercutindo o procurador-chefe substituto do Ministério Público do Trabalho no RS, Dr. Ivan Sérgio Camargo dos Santos, em artigo publicado na Zero Hora de 25 de julho de 2010, deve-se repudiar o trabalho infantil, sobre o que, escreve o eminente procurador: “… Assim, essa mesma criança que trabalhou precocemente não terá, na fase adulta, a escolaridade e qualificação indispensáveis para obter um emprego e manter-se empregada”. “… Os espaços legítimos das crianças são a família e a escola”. Enfatiza ainda o Professor que: “… todas as crianças em suas andanças têm o direito de brincar para poderem contar”.
O Presidente da Comissão de Ética da Universidade Federal de Pelotas, Prof. Dr. Oscar Luís Vasques Ramos, publicou o artigo “Mais sobre o trabalho infantil” no Jornal Zero Hora, edição de 14 de agosto de 2010 | N° 16427.
Oscar Luis Vasques Ramos Professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil Portaria do Gabinete do Reitor Nº 318, de 22 de abril de 2008
A humanidade perdeu, recentemente, um ícone do altruísmo, da ética, da moral e da decência em um trágico designo da natureza que foi o terremoto catastrófico do Haiti que vitimou, dentre milhares de pessoas, Zilda Arns, que como guerreira do humanitarismo, faleceu, dignamente, durante uma de suas batalhas, dentro de uma igreja cercada de sacerdotes.
Zilda Arns (Fonte: Pastoral de Criança)
Zilda Arns Neumann, Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, fundou e atuava como coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A obra de Zilda Arns tinha como objetivo a inclusão social das pessoas menos favorecidas em termos de saúde, alimentação e dignidade humana. Tudo isso, sobre a égide da educação como mola precursora da autonomia dos acolhidos em alcançarem, por si só, esses objetivos de forma auto-sustentável.
O trecho do seu último discurso representa, muito bem, seu idealismo humanitário como pode ser visto a seguir.
Trechos do último discurso de Zilda Arns: “(…) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas.”Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças. Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.” Discurso de Zilda Arns (Haiti, 12 de janeiro de 2010). Veja mais sobre o último discurso.
A Universidade, no seu papel de difusão e fomento da educação, deve inspirar-se na obra de Zilda Arns e manter vivo o espírito de humanitarismo, ética, inclusão, acolhimento e educação como agente multiplicador da obra dessa grandiosa mulher.
Figura 1. Abraham Maslow (1 de Abril de 1908, Nova Iorque – 8 de Junho de 1970, Califórnia), psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia de necessidades de Maslow.
A atual sociedade tem como organização básica a tríade indivíduo, família e trabalho.
Por sua vez, o indivíduo, como razão precípua da ordem social, tem sua vivência, segundo Maslow, regida sob a égide da hierarquia das necessidades do ser humano, onde o trabalho participa como fator de geração e manutenção existencial.
Neste sentido, Maslow classificou as necessidades em graus de importância, descritos em cinco níveis dentro de uma pirâmide, estando o trabalho no segundo nível, superado apenas pelas necessidades vitais básicas (respiração, alimento, sono, etc) na base da Pirâmide de Maslow.
Figura 2. Hierarquia das necessidades de Maslow.
Considerando-se que, na estrutura social, o provimento alimentar (portanto também da subsistência) depende do trabalho, é razoável a conexão deste com as necessidades mais básicas da escala piramidal e, por conseguinte, também com a satisfação das situadas em níveis de menor hierarquia, numa direta relação de interdependência.
Neste sentido, sob uma visão filosófica, mas não tanto, Voltaire, em momentos de cansaço ao final de uma de suas obras, encontra refrigério, em compensação ao seu esforço, ao escrever: “O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade”.
Figura 3. François-Marie Arouet (Paris, 21 de novembro de 1694 — Paris, 30 de maio de 1778), mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio.
Assim, indivíduo, família e trabalho são indissociáveis, sob pena de inviabilidade da tríade.
Nesta linha de pensamento, a fonte de trabalho, como geradora e mantenedora das necessidades, é essencial à célula familiar, uma vez diretamente responsável pela base da cadeia existencial expressa na pirâmide.
Outra característica da sociedade atual é o princípio da autosustentabilidade. O objetivo de cada indivíduo é desenvolver-se e capacitar-se no objeto de manter sua própria existência e a de seus dependentes, enquanto assim constituídos.
Isto posto, o trabalho, quando realizado sob princípios éticos (honestidade, dedicação, zelo, decoro e dignidade) é fonte de manutenção e realização pessoal, familiar e social ao encontrar os preceitos enunciados por Maslow em conexão com o aspecto ético-filosófico sob a ótica de Voltaire.
A especialista em direito digital Gisele Truzzi, do Patricia Peck Pinheiro Advogados, explicou, no Programa Conta Corrente exibido no canal de TV por assinatura GloboNews, que a utilização das ferramentas eletrônicas da Internet como, por exemplo, o e-mail corporativo exige o emprego da “etiqueta digital”.
Segundo a especialista em direito digital, a frequência de gafes, deslizes e inconveniências no envio de e-mails é significativa e pode influenciar na reputação profissional.
Gisele Truzzi orienta o profissional a estar atualizado e atendo às políticas, normas e/ou códigos da sua empresa ou instituição para não violá-los durante a utilização das ferramentas eletrônicas pela Internet evitando, dessa forma, condutas anti-éticas.
Gisele Truzzi citou alguns cuidados ao usar e-mail, internet e celular corporativo, tais como:
=> evitar termos coloquiais preferindo tratamento formal e polido;
=> evitar uso de expressões como “beijos” ao final do texto preferindo “saudações”, “atenciosamente” ou “abraços” finalizando o e-mail de forma correta, polida e objetiva;
=> evitar assuntos pessoais e/ou muito íntimos, que possam gerar algum tipo de constrangimento preferindo tratar de assuntos gerais de modo discreto e bem educado;
=> evitar uso de elogios que possam gerar algum tipo de duplo sentido ou que possam estar relacionados à apresentação física preferindo congratular a pessoa por motivo de êxito em tarefas relacionadas ao trabalho;
=> utilizar e-mail corporativo para assuntos profissionais e e-mail pessoal para assuntos íntimos.
O apresentador do programa Conta Correte da GloboNews, Guto Abranches, repercutiu as reflexões da especialista digital citando que a utilização da internet necessita de bom senso.
Cabe ressaltar que “Bom Senso” é um conceito usado na argumentação que é estritamente ligado às noções de Sabedoria e de Razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes à determinadas realidades, e assim poder fazer bons julgamentos e escolhas.
Segundo a especialista, estar ciente das políticas, normas e/ou códigos da empresa ou instituição contribui para o Bom Senso do Profissional.