III Jornada sobre a Pedagogia Triangular: epistemologias e decolonialidade

A última semana (3) foi marcada pela terceira edição da Jornada sobre a Pedagogia Triangular, realizada no Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Organizado pela equipe do Observatório Global de Patologias Sociais da Faculdade Federal de Pelotas, o evento, que começou na terça (o4) e terminou na sexta-feira (07), reuniu, durante os quatro dias, convidados, docentes, pesquisadores de pós-graduação e demais alunos, que discutiram sobre O Diálogo Intercultural e a Convivência Hospitaleira na Multiplicidade. Sua realização também contou com a parceria da Universidade Católica de Temuco, com a SMED Pelotas e com o Instituto Federal Farroupilha (Campus Santo Ângelo).

A professora Richéle Timm dos Passos da Silva, organizadora do evento, faz uma reflexão sobre a jornada, confira:

‘A III Jornada da Pedagogia Triangular marcou os 20 anos da lei 10.639/2003, trazendo as distintas culturas afro-ibérica e ameríndias para o centro do debate sobre as relações interculturais. Foi um momento de aprendizado que contou com a presença de indígenas, população negra, docentes da rede municipal de Pelotas, acadêmicos e docentes da UFPel.

Ela ainda afirma a importância dos pesquisadores envolvidos no projeto de realizar parceiras dentro e fora da universidade:

‘Contamos também com a participação do prof. Ricardo Salas, da Universidade de Temuco, do Chile, um renomado pesquisador da ética intercultural. Como atividade de extensão, de caráter internacional, ressalta-se que esse evento reafirma o compromisso dos pesquisadores envolvidos no Observatório Global de Patologias Sociais em firmar parcerias intra e extramuros da universidade para refletir sobre a temática das relações entre as distintas culturas, seus modos de vida e seus saberes. Considero que tratar destes assuntos de maneira inter-transdisciplinar, é uma das dimensões de nossa responsabilidade social e política para com as questões étnico-raciais.’

No primeiro dia, tivemos o prazer de receber o Professor Ricardo Salas Astrain, vindo da Faculdade Católica de Temuco (Chile), que fez uma apresentação sobre o tema ‘Pensamento Latino Americano e Interculturalidade’. Abaixo, confira fotos:

À esquerda, o professor Ricardo Salas Astrain. À direita, o professor Jovino Pizzi.

 

No segundo dia de evento, contamos com a presença da Dra. Greici Maia Behling, com o tema ‘Educação Ambiental e Comunidades Quilombolas.’

Dra. Greici Maia Behling palestrando no evento.

 

No terceiro dia foi a vez de recebermos o Chefe Indígena Kaingang, Marcos Salvador. Junto de sua família, ele discursou sobre as dificuldades de manter a sua cultura em tempos modernos. Inclusive, ele nos agraciou com seu trabalho de artesanato que tem grande influencia na expressão da sua arte e grande ajuda na resistência da identidade dos povos Kaingang.

Na imagem em questão, registramos com todos participantes o evento que se deu na quinta feira (06).

O líder Kaingang, Marcos e sua família.

 

E chegando ao nosso encerramento, com o tema ‘Passos dos Negros: Território de História, Saberes e Resistência’, recebemos a presença de Patricia Mathias Morales, Simone Fernandes Mathias e Eliane Cardoso Barcellos.

 

A professora Maribel da Rosa Andrade, que atua na Secretaria da Educação do Município de Pelotas, também organizadora da atual Jornada, nos deu um depoimento sobre o seu balanço dos encontros:

‘Foram quatro dias de reflexões e interações culturais que nos permitiram discutir e refletir sobre nosso papel na sociedade e, o quanto são cruéis algumas das ações humanas frente ao meio ambiente e à vida de grupos de etnias fragilizadas. Também foi possível constatar o entrelaçamento do conhecimento acadêmico com a prática social. Nesse período de tempo, parte da universidade parou para ouvir o pesquisador em educação ambiental e seus importantes e impactantes relatos sobre o seu trabalho de pesquisa na Bahia. Também ouvimos um representante indígena da aldeia Kaingang falar sobre a resistência de seu povo frente a um capitalismo devastador; e, por fim, o árduo trabalho das pessoas negras afro-brasileiras para sobreviverem com dignidade e reconhecimento numa sociedade que ainda não os enxerga como iguais.’

Ainda comentando sobre o evento, a prof. Maribel continua:

‘Foi um evento forte, marcante impactante e que com certeza quem teve essa oportunidade e experiência, não saiu de lá a mesma pessoa. Eu, por exemplo, me senti muito feliz quando uma professora falou que toda universidade deveria estar presente conosco, estar nos ouvindo. E esse é o nosso proposito, que a sociedade no geral possa ouvir esses grupos, esses pedidos de socorro e ajuda e engajamento, que o evento proporcionou a quem estava presente.’

A III Jornada sobre a Pedagogia Triangular foi um sucesso e gostaríamos de agradecer todos os envolvidos, organizadores, colaboradores e participantes. Esperamos promover outros encontros para dar continuidade e fortalecimento dos estudos e pesquisas sobre a triangularidade afro-ibérica e ameríndia. 

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